Por José Dirceu, em seu blog:
A TV Record foi uma exceção quando tratou do tema de forma explícita, o que já destacamos aqui no blog (veja o programa). A Folha de S.Paulo intercalava longos silêncio com, vez ou outra, um registro do escândalo e das relações deste com a mídia. Ontem e hoje, ela trata diretamente do tema.
Antes a Folha reproduziu trechos de declarações do deputado Paulo Teixeira (SP), ex-líder do PT e membro da CPI, em que ele afirma que jornalistas cooptados pelo esquema Cachoeira deveriam ser ouvidos.
Em sua edição de hoje, o mesmo jornal publica entrevista que lhe foi concedida - e ao portal UOL - na qual o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG) afirma que não há tema proibido a ser investigado pela comissão e que "se houve cooptação e corrupção de alguns atores da mídia, isso deve ser investigado".
Condutas que serviram ao crime organizado têm de ser investigadas
O relator deixa claro a observância de critérios e os cuidados da CPI neste caso, quando afirma à Folha/UOL: "É preciso individualizar condutas. Quer seja entre alguns membros da imprensa, membros do empresariado brasileiro, membros do Congresso Nacional, agentes de governos municipais e estaduais e agentes do governo federal. Essas condutas que, individualizadas, serviram à organização criminosa, têm que ser investigadas por nós."
A gravidade da situação, observem, vem do lugar institucional que a imprensa ocupa na democracia. Não é à toa que a Constituição brasileira protege, por exemplo, o sigilo da fonte dos jornalistas. Isso ocorre porque à imprensa cabe o papel de informar a população sobre o que acontece.
Ela não têm, porém, o direito de utilizar o espaço público e institucional que lhe é garantido por lei para defender interesses escusos, sejam dos proprietários e sócios dos veículos, sejam de grupos criminosos. Sua obrigação é informar da forma mais ampla e isenta possível.
Mídia não pode considerar-se acima e fora da lei
Há veículos de comunicação que gostam de confundir liberdade de imprensa com liberdade de empresa e de transformar essa mesma liberdade no direito de alguns poucos proprietários de veículos e de seus jornalistas mais próximos de fazerem o que bem entendem.
No Brasil existe a mais ampla liberdade de expressão e nós a defendemos. Inclusive, com a perda de vidas de valorosos combatentes como aparece agora no livro Memórias de uma Guerra Suja. Durante toda a minha vida tenho me dedicado à defesa da liberdade de expressão e, portanto, da liberdade de imprensa, que é filha daquela.
Mas esta liberdade não dá à imprensa salvo conduto para publicar mentiras sobre quem quer que seja e muito menos para agir em conluio com o crime, ou para praticar atividades ilegais. Numa democracia de verdade, ninguém pode estar acima da lei. Nem mesmo a mídia, por mais poderosa que seja, por mais imune que se imagine.
Inquérito da PF mostra troca de informações
Concordo portanto com os deputados Paulo Teixeira e Odair Cunha quando destacam que o assunto tem que ser investigado - um tema a ser analisado pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Entre o material já divulgado, principalmente, pelos blogs independentes de veículos de comunicação - e que estão dando de 10 a zero na mídia tradicional - cita-se claramente a troca de informações entre o pessoal do Carlos Cachoeira e reportagem favorável aos jogos eletrônicos no Correio Braziliense, que consta também do relatório do delegado responsável pelo inquérito.
As escutas da Polícia Federal (PF) contabilizam um grande número de telefonemas entre a chefia da sucursal da revista Veja em Brasília e a turma de Cachoeira. Há indícios de que a revista teria negociado a publicação de material de interesse do bicheiro em troca de informações. Quais reportagens ou informações publicadas foram fruto desses acordos?
A CPI definiu os trabalhos e depoentes no seu primeiro mês de existência. O depoimento de Carlinhos Cachoeira está marcado para o próximo dia 15. Os parlamentares da Comissão precisam levantar essa questão da troca de informações e interesses entre a imprensa e as atividades criminosas.
Tem que seguir o exemplo da Grã-Bretanha, país com leis e regulamentação própria sobre a imprensa. Ali, a partir do caso das escutas clandestinas do jornal News of The World, de Rupert Murdoch, a comissão nacional de auto regulação foi desmoralizada e agora se trabalha para uma revisão na legislação.
Há um assunto que ronda a CPI do Congresso sobre Carlinhos Cachoeira que praticamente não aparece na mídia tradicional, embora esteja bombando nas redes sociais: as trocas de informações e favores entre o grupo do empresário e veículos de imprensa, com destaque para a revista Veja. A cortina de silêncio que a mídia mantém sobre o assunto é quebrada raramente.
A TV Record foi uma exceção quando tratou do tema de forma explícita, o que já destacamos aqui no blog (veja o programa). A Folha de S.Paulo intercalava longos silêncio com, vez ou outra, um registro do escândalo e das relações deste com a mídia. Ontem e hoje, ela trata diretamente do tema.
Antes a Folha reproduziu trechos de declarações do deputado Paulo Teixeira (SP), ex-líder do PT e membro da CPI, em que ele afirma que jornalistas cooptados pelo esquema Cachoeira deveriam ser ouvidos.
Em sua edição de hoje, o mesmo jornal publica entrevista que lhe foi concedida - e ao portal UOL - na qual o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG) afirma que não há tema proibido a ser investigado pela comissão e que "se houve cooptação e corrupção de alguns atores da mídia, isso deve ser investigado".
Condutas que serviram ao crime organizado têm de ser investigadas
O relator deixa claro a observância de critérios e os cuidados da CPI neste caso, quando afirma à Folha/UOL: "É preciso individualizar condutas. Quer seja entre alguns membros da imprensa, membros do empresariado brasileiro, membros do Congresso Nacional, agentes de governos municipais e estaduais e agentes do governo federal. Essas condutas que, individualizadas, serviram à organização criminosa, têm que ser investigadas por nós."
A gravidade da situação, observem, vem do lugar institucional que a imprensa ocupa na democracia. Não é à toa que a Constituição brasileira protege, por exemplo, o sigilo da fonte dos jornalistas. Isso ocorre porque à imprensa cabe o papel de informar a população sobre o que acontece.
Ela não têm, porém, o direito de utilizar o espaço público e institucional que lhe é garantido por lei para defender interesses escusos, sejam dos proprietários e sócios dos veículos, sejam de grupos criminosos. Sua obrigação é informar da forma mais ampla e isenta possível.
Mídia não pode considerar-se acima e fora da lei
Há veículos de comunicação que gostam de confundir liberdade de imprensa com liberdade de empresa e de transformar essa mesma liberdade no direito de alguns poucos proprietários de veículos e de seus jornalistas mais próximos de fazerem o que bem entendem.
No Brasil existe a mais ampla liberdade de expressão e nós a defendemos. Inclusive, com a perda de vidas de valorosos combatentes como aparece agora no livro Memórias de uma Guerra Suja. Durante toda a minha vida tenho me dedicado à defesa da liberdade de expressão e, portanto, da liberdade de imprensa, que é filha daquela.
Mas esta liberdade não dá à imprensa salvo conduto para publicar mentiras sobre quem quer que seja e muito menos para agir em conluio com o crime, ou para praticar atividades ilegais. Numa democracia de verdade, ninguém pode estar acima da lei. Nem mesmo a mídia, por mais poderosa que seja, por mais imune que se imagine.
Inquérito da PF mostra troca de informações
Concordo portanto com os deputados Paulo Teixeira e Odair Cunha quando destacam que o assunto tem que ser investigado - um tema a ser analisado pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Entre o material já divulgado, principalmente, pelos blogs independentes de veículos de comunicação - e que estão dando de 10 a zero na mídia tradicional - cita-se claramente a troca de informações entre o pessoal do Carlos Cachoeira e reportagem favorável aos jogos eletrônicos no Correio Braziliense, que consta também do relatório do delegado responsável pelo inquérito.
As escutas da Polícia Federal (PF) contabilizam um grande número de telefonemas entre a chefia da sucursal da revista Veja em Brasília e a turma de Cachoeira. Há indícios de que a revista teria negociado a publicação de material de interesse do bicheiro em troca de informações. Quais reportagens ou informações publicadas foram fruto desses acordos?
A CPI definiu os trabalhos e depoentes no seu primeiro mês de existência. O depoimento de Carlinhos Cachoeira está marcado para o próximo dia 15. Os parlamentares da Comissão precisam levantar essa questão da troca de informações e interesses entre a imprensa e as atividades criminosas.
Tem que seguir o exemplo da Grã-Bretanha, país com leis e regulamentação própria sobre a imprensa. Ali, a partir do caso das escutas clandestinas do jornal News of The World, de Rupert Murdoch, a comissão nacional de auto regulação foi desmoralizada e agora se trabalha para uma revisão na legislação.
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