Por Altamiro Borges
No caso de Hussain Aref, a sua negativa tem pouca consistência. No mês passado, a imprensa revelou que ele adquiriu 106 imóveis nos sete anos em que dirigiu o Aprov. Diante do escândalo, o prefeito Gilberto Kassab, o mesmo que o indicou para o cargo durante a gestão de José Serra, tratou de exonerá-lo de imediato para evitar maiores desgastes. O caso, porém, volta à tona.
Quem mais está metido na sujeira?
Há algo de podre na prefeitura de São Paulo. Em entrevista hoje
à Folha, Daniela Gonzalez, ex-diretora financeira da Brookfield Gestão de
Empreendimento (BGE), afirmou que a multinacional pagou R$ 1,6 milhão em
propinas para liberar obras irregulares nos shoppings Higienópolis e Paulista. A
grana teria sido repassada para Hussain Aref Saab, ex-diretor do setor de
aprovação de prédios da prefeitura (Aprov), e ao vereador Aurélio Miguel (PR). Ouvidos
pela Folha, ambos negaram a grave acusação.
No caso de Hussain Aref, a sua negativa tem pouca consistência. No mês passado, a imprensa revelou que ele adquiriu 106 imóveis nos sete anos em que dirigiu o Aprov. Diante do escândalo, o prefeito Gilberto Kassab, o mesmo que o indicou para o cargo durante a gestão de José Serra, tratou de exonerá-lo de imediato para evitar maiores desgastes. O caso, porém, volta à tona.
Daniela Gonzalez encaminhou as suas denúncias ao Ministério
Público, que já abriu inquérito para apurar o caso. Ela entregou aos promotores
as cópias de notas fiscais e e-mails que comprovariam o pagamento de propina, feito
por duas empresas contratadas pela multinacional: a PAN Serviços de
Administração e a Seron Engenharia e Empreendimentos Imobiliários. As propinas
teriam sido repassadas em estacionamentos de shoppings. “Era uma prática comum”,
disse a ex-diretora à Folha.
Caso sejam comprovadas as graves denúncias, algumas
perguntas serão inevitáveis. O ex-diretor da Aprov era o único envolvido neste esquema
milionário de corrupção? Aref mesmo já disse que a aprovação de obras passava
pela Secretaria de Planejamento. Quem mais, então, recebeu propina? Além dos
106 imóveis adquiridos no período, o que mais o ex-diretor da Aprov abocanhou?
O dinheiro serviu apenas para o enriquecimento individual ou ajudou a irrigar
algum caixa dois de campanha?
E o vereador Aurélio Miguel, do PR – a mesma sigla que acaba
de aprovar aliança com José Serra para as eleições municipais? Ele recebeu
propina? Diante da acusação, o vereador disse que nunca se encontrou com diretores
da BGE e que nunca recebeu “dinheiro sujo”. Para ele, as denúncias seriam uma
represália a sua ação política. Recentemente, Aurélio exigiu a apuração do desvio de recursos na Secretaria Municipal de Habitação. Como se observa,
realmente há algo de podre na prefeitura de São Paulo.
Há algo de podre em qualquer gestão pública - ou não seria aceitável crianças, velhos, mulheres e homens em estado de miséria, de ignorância e abandono nas periferias das cidades, nas áreas rurais, em toda a sociedade. Grandes empresas decidem políticas públicas, compram políticos com financiamentos de campanhas, subornam funcionários de altos escalões enquanto vemos nossos irmãos vagando a esmo, em estado de barbárie, tendo roubados seus direitos básicos por um Estado criminosos, seqüestrado pelos mega-poderes econômicos.
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