Por Altamiro Borges
Os golpistas do Paraguai, apoiados pela mídia de lá e de cá,
estão desesperados com a possibilidade do Mercosul adotar medidas mais duras em
defesa da democracia na América do Sul. A reunião dos países membros começa na
quinta-feira (28), em Mendoza, na Argentina. Ele discutirá as sanções previstas
nos protocolos deste organismo de integração sul-americana.
Há quatro tipos possíveis de punição: expulsão do bloco; suspensão
sem afetar as relações comerciais; rompimento dos projetos de integração física
e de cooperação; e bloqueio dos financiamentos (como os do BNDES). O Itamaraty
ainda não divulgou qual posição adotará, mas é sabido que a presidente Dilma
Rousseff ficou indignada com o golpe “parlamentar” na nação vizinha.
O Mercosul já deu sinais de que pretende endurecer contra os
golpistas. De cara, ele vetou a participação de Federico Franco, o “presidente”
imposto pelo reacionário parlamento paraguaio. Já Fernando Lugo, o presidente
democraticamente eleito, disse que pretende ir à Mendoza para apresentar a sua
defesa, que foi negada na sua condenação sumária e arbitrária.
A suspensão já surtiu o primeiro efeito. Ontem (25), o
Paraguai foi excluído da negociação, por videoconferência, de um acordo
tarifário entre o Mercosul e a China. Também aumentaram os boatos de que o
bloco poderá aprovar o ingresso da Venezuela, o que era negado exatamente pelo
Senado do Paraguai. Seria uma resposta aos setores contrários à integração
sul-americana.
O que pode isolar ainda mais os golpistas, porém, são as
medidas de caráter econômico. Isto provocaria fraturas na própria elite dominante.
Essa é a única linguagem que os empresários golpistas entendem e temem. Segundo apurou
a Folha, que resolveu defender a “soberania” dos golpistas, as consequências “já
preocupam o setor produtivo” do Paraguai.
“A possibilidade de que as sanções do Mercosul ultrapassem as
punições políticas acendeu um sinal de alerta entre empresários e exportadores
paraguaios. O temor é não só pelo importante mercado em risco, mas também pelo
isolamento comercial do país, sem saída para o mar. ‘O impacto de uma retirada
do Mercosul seria enorme e implicaria na busca de outras vias, outros mercados’,
disse o presidente da Câmara Nacional de Comércio e Serviços do Paraguai,
Beltrán Salin”.
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