terça-feira, 31 de julho de 2012

Correa suspende publicidade na mídia

Por Altamiro Borges

O presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou ontem (30) a suspensão de toda a publicidade oficial na mídia monopolista do país. "Não vamos mais usar o dinheiro do povo equatoriano para beneficiar negócios privados", explicou o mandatário durante uma solenidade. Em junho passado, ele já havia solicitado aos proprietários das emissoras de tevê e rádio e dos jornalões que rejeitassem, voluntariamente, os anúncios do governo. Como não recebeu qualquer resposta, Correa decidiu agora baixar um medida neste sentido.  

Meia dúzia de barões da mídia

A mídia local, a exemplo da brasileira, vive criticando os supostos ataques à liberdade de expressão no país, mas abocanha fartos recursos em publicidade do governo. Agora, ela engolirá do seu próprio veneno. Sem dinheiro público, ironizou Correa, ele terá ainda mais "liberdade" para atacar o governo e promover ações golpistas. A decisão do governo abalou os barões da mídia da nação vizinha. Diego Cornejo, presidente da Associação Equatoriana de Editores de Periódicos, disse que a medida "vai contra a lógica dos negócios".

Para Rafael Correa, a mídia privada poderá agora comprovar se faz jornalismo por razões éticas ou por interesses econômicos e políticos mesquinhos: "Para quê vamos seguir enchendo os bolsos de meia dúzia de famílias quando claramente nos dizem que antepõem os seus negócios ao direito do público de estar bem informado". O secretário nacional de Comunicação, Fernando Alvarado, já foi orientado pelo presidente equatoriano a não enviar mais publicidade oficial para as seis famílias que monopolizam a mídia no país. 

Se a moda pega no Brasil...

A decisão do governo equatoriano deverá gerar uma gritaria infernal dos barões da mídia no mundo inteiro - inclusive no Brasil. Mas os ataques apenas revelarão a incoerência destes impérios. A mídia privada atua como partido de oposição aos governos progressistas e prega abertamente a redução do papel do Estado. No entanto, ela vive mamando nos cofres públicos, via isenções, subsídios e publicidade. Ela usa o dinheiro dos contribuintes para reforçar o seu monopólio, contrapondo-se à verdadeira liberdade de expressão.

Agora, sem anúncios oficiais, ela terá mais dificuldades para exercer a sua ditadura midiática. Se a moda pega na América Latina, muitos veículos monopolistas sofrerão um bocado no falso "livre mercado". No Brasil, por exemplo, alguns veículos e colunistas amestrados serão obrigados a mudar de ramo. Segundo cálculos parciais, somente o governo federal e as estatais desembolsam cerca de R$ 1,5 bilhões ao ano em anúncios publicitários. Já os governos estaduais investem outros R$ 2 bilhões anuais. 

Como ficariam a TV Globo, a Veja e outros veículos partidários do estado mínimo neoliberal sem estes R$ 3,5 bilhões anuais?

8 comentários:

  1. Mas tô desconfiado de que aqui a imprensa não é só alimentada pelas empresas e governos. A CIA investe muito em imprensa pelo mundo. Nada garante que os donos da imprensa no Brasil não sejam laranjas desse pessoal defora. Correa pode tirar recursos da imprensa de lá, mas eles vão receber de algum lugar, nem que seja do Çerra.

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  2. Já tivemos este exemplo internamente. Todo o governo do Requião foi pautado pelo investimento zero em mídia privada. Naturalmente, isso não saiu na mídia.

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  3. Quanto custou a "viagem" da Dilma para Londres? Quase 1 milhão? Vamos usar melhor o $$$ público por aqui também?

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  4. Esse Rafael Corrrêa venceu um golpe de estado; apludiu a entrada da Venezuela e... tchan tchan tchan...acabou com o masoquismo de sutentar os que lhe açoitam dia e noite, noite e dia. Tá certo. O dinheiro em publicidade vai ser usado para Políticas Sociais tão criticadas pelas famiglias midiáticas. Seria maravilhoso se Dilma procedesse dessa forma também. Ser xingada de terrorista; ver a campanha diuturna do PIG para desgastar seu governo... Quem sabe ela pode pegar os R$1,5 bilhões gastos com os barões da mídia e transferí-los para a educação, com o aumento dos salários dos servidores. Taí. Esta é uma bandeira que os servidores em greve deveriam levantar! O dinheiro iria para seus salários! Além do mais eu não gosto de ver o dinheiro do meu imposto ir para essa oligarquia midiática que me dá náusea, e que não posso ver ou ler. É desinformação pura! Um deserviço ao meu País! Basta o que o PSDB de São Paulo dá para Veja, Estadão, FSP e quetais!

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  5. antonio barbosa filho1 de agosto de 2012 às 07:08

    A direitona e o PIG são contra o Estado quando ele não está sob seu domínio. Pior ainda, quando o Estado está a serviço da maioria do povo, aquela massa que a direita odeia e gostaria de ver na senzala.
    O governo brasileiro deveria radicalizar a democratização das verbas publicitárias iniciada por Lula: distribuí-la a milhares de meios comunitários, jornais e rádios do interior do Brasil, blogs e sítios informativos. Assim o PIG poderia provar as delícias do mercado, sem usar as fortunas que tira dos cofres públicos, e com as quais financia golpes, campanhas terroristas, infâmias e todo tipo de ato contra a sociedade democrática.

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  6. Todo governo deveria usar o dinheiro do povo para comunicados importantes; tipo vacinação. Não pode fazer propaganda própria, nem de programas (essa mídia tem que ser espontânea), nem de obras... etc e tal.

    todos os 3 poderes devem seguir exemplo do Governo Correa.

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  7. Primeira observação: concordo com Alberto a respeito da viagem a Londres. Gastou o que gastou e ainda levou uma com a sem-brio Marina.
    Estou cada vez mais fã de Correa. O cara teve coragem de fazer a auditoria da dívida, coisa que aqui é impensável. Lá se apurou uma diminuição da dívida de 30%. Por baixo aqui um percentual desses, já imaginaram o que deixaríamos de pagar de juros que hj. consomem quase 50% do orçamento. Isso não é balela!
    Agora o cara corta a propaganda oficial.
    Esse sim é o CARA. Primeiro enfrenta o financeiro. Depois a mídia, que não diferentemente do mundo todo, reproduz somente o que interessa a uma meia dúzia.
    Fico até com inveja por ver tamanha coragem e aqui sermos tão acanhados, para dizer o melhor.

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