Por Altamiro Borges
Editorial direitista da Folha
O jornal ABC Color, o principal veículo da direita oligárquica
do Paraguai, está encantado com os tucanos brasileiros. O artigo do presidente
nacional do PSDB, Sérgio Guerra, defendendo o golpe na nação vizinha e
criticando o Mercosul por suspender o país do bloco regional, virou destaque na
edição do diário paraguaio – que também publicou as opiniões de outras
lideranças tucanas.
O blog Amigos do presidente Lula, sempre atento, foi o primeiro
a registrar a troca de gentilezas entre os golpistas do Paraguai e do Brasil. Para
José Augusto, editor do blog, o destaque dado pelo PIG paraguaio às besteiras
de Sérgio Guerra confirma que “o PSDB se consolida como um partido arcaico e
reacionário, legítimo representante das velhas oligarquias políticas do século
passado”.
Tucanos e calunistas contrabandeados
Os golpistas do país vizinho até poderiam contrabandear
alguns tucanos para assessorá-los na montagem do governo autoritário. Não foi
apenas o desgastado Sérgio Guerra que manifestou efusivo apoio ao golpe. O
senador Álvaro Dias e o amargurado Arthur Virgílio também publicaram textos
afirmando que a deposição do presidente Fernando Lugo foi “democrática e
constitucional”.
Além de contrabandear vários tucanos, os golpistas do
Paraguai poderiam ainda contratar alguns editorialistas e colunistas da mídia
brasileira. Nos últimos dias, eles fizeram de tudo para justificar o
injustificável. Até mereciam um carguinho no governo fantoche. Reinaldo
Azevedo, Augusto Nunes, Elio Gaspari e outros dariam excelentes assessores de imprensa
dos golpistas.
Outra sugestão para os donos do ABC Color: não deixem de reproduzir
o editorial da Folha de hoje. É um primor na defesa marota do golpe. Ele chega
a comparar os tiranetes do Paraguai com o governo popular, eleito e reeleito, do presidente Hugo
Chávez. “O rigor empregado contra a pressa do impeachment paraguaio é
desmentido pela complacência perante a escalada autoritária na Venezuela”.
Para a famiglia Frias, que tem longa experiência em golpes –
apoiou abertamente o bancado no Brasil –, a suspensão do Paraguai do Mercosul
foi uma “punição excessiva”. Já a aprovação do ingresso da Venezuela, há muita referendada pelo Senado brasileiro, seria um grave perigo que reforça “as crendices econômicas
da esquerda mais rudimentar, hostil ao empreendimento privado”.
A Folha, como o restante da mídia corporativa, é uma firme
defensora do “deus-mercado”. Caso ele esteja ameaçado, dane-se a democracia e os
ritos normais da Justiça! Como afirma Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa”
do PSDB, “os quase quatro anos do ex-bispo Lugo foram um parêntesis, quase uma
ilusão. O jogo bruto da política não comporta ilusões nem iludidos”.
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