Por Altamiro Borges
O discurso antissindical da mídia
O governo Dilma até parece que segue as orientações da mídia
privada para endurecer no trato com os servidores em greve – nas universidades
federais há mais de dois meses; em outras repartições públicas, há um mês. Nesta
semana, o Palácio do Planalto adiou novamente a apresentação de uma proposta de
reajuste salarial para o funcionalismo. Esta postura arrogante irritou ainda mais os cerca
de 10 mil grevistas que realizaram um tenso protesto na Esplanada dos
Ministérios, em Brasília, na quarta-feira (18).
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, responsável
pelas negociações, é uma das mais inflexíveis no trato. “O governo continua
protelando, sem proposta, engessa a discussão e provoca tensionamento”, critica
Pedro Armengol, coordenador do setor público da CUT. Sérgio Ronaldo, dirigente da
Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), também
condena a falta de sensibilidade. “Estamos cansados de participar de reunião
para ouvir a mesma coisa, sem proposta. Isso leva a um conflito”.
Novo protesto das centrais
Na prática, o governo enrola nas negociações e aposta no
esvaziamento da greve. O Palácio do Planalto avalia que a decisão de cortar o
ponto dos grevistas e a ameaça de acionar a Justiça contra a legalidade do
movimento resultarão no retorno ao trabalho. Até agora, porém, a paralisação
tem crescido em vários ministérios e órgãos federais e mantém a força nas
universidades. Como decorrência, aumenta o desgaste político da presidenta
Dilma. Até os tucanos tem se aproveitado oportunisticamente da greve.
Um novo protesto unitário já foi marcado pela CUT, CTB e
Conlutas para 2 de agosto. As centrais não aceitam a desculpa da falta de verba
para atender as reivindicações do funcionalismo. “O governo não negocia e alega
que não há recursos, mas direciona a maior parte do PIB [Produto Interno Bruto]
para os banqueiros, com o pagamento dos juros das dívidas, e para as
indústrias, por meio da isenção de impostos, entre outros benefícios", critica
José Maria de Almeida, dirigente da CSP-Conlutas.
Enquanto se isola entre os servidores, a presidenta Dilma
recebe os aplausos da mídia privada. Em editorial, o Estadão aconselhou o
governo a não “perder o controle da situação”. “Ao exigir do governo aumentos
financeiramente insuportáveis em quaisquer situações, mas especialmente agora,
em razão da notória desaceleração da economia provocada pela crise mundial, os
servidores em greve tentam impor custos adicionais aos contribuintes empregando
a força da paralisação de serviços públicos”.
No mesmo rumo, o jornal O Globo, também em editorial nesta
semana, elogiou a postura firme da presidenta, que “enfrenta as corporações
sindicais atuantes no funcionalismo... Acostumadas às benesses obtidas na
gestão Lula, categorias de servidores querem continuar a avançar sobre o
Orçamento. Não é apenas inapropriada a conjuntura econômica para fazer um
emparedamento sindical do Planalto. Também os números frios das folhas de
salários não o justificam”.
A maldição do superávit primário
Para a famiglia Marinho, as greves no funcionalismo
apresentam reivindicações “irreais” e põem em risco o “equilíbrio fiscal”, já
fragilizado “devido ao choque em várias despesas (Previdências, linhas
assistencialistas) causado pelo grande aumento do salário mínimo... Se o
governo fraquejar diante da pressão sindical, o quadro ficará mais grave”. Ou
seja: mídia e governo atacam as greves contra o arrocho com o único objetivo de
preservar a maldição do superávit primário, a reserva de caixa dos banqueiros.
Não é novidade que a mídia sempre foi contra o Funcionalismo. Como estão radicalmente contra o atual Governo, fica muito difícil definir uma posição sem entregar seus inconfessáveis objetivos. O Governo estará certo em sua luta contra os Servidores, desde que mantenha o 'superavit primário' para o pagamento dos juros da dívida.
ResponderExcluirCaro amigo, desta vez tenho q discordar... alguma coisa vai muito errada nesta greve... só pelo fato do governo dar 47% de aumento e recusarem já indica algo muito estranho... é 1ª vez q vejo um governo dar um aumento tão significativo... e o + estranho é recusarem... lembro-me dos professores pedirem por volta de 15% e governo após governo concedendo muito menos algo como 6% em 12 parcelas e cabava-se a greve por sabiam q nao conseguiriam +... realmente esta td muito estranho....
ResponderExcluirAumento de "até 45%", diz a proposta, uma reposição de anos passados parcelada em MAIS 3 anos, e o maior montande é para os professores de mais de 20 anos de Carreira..., um contingente enorme de 1000 profes. Isso é que é bondade... Mas ôpa! Só os professores fededrais estão em greve? Só vejo bondade da boa nesse governo...
ResponderExcluirCaro anônimo, você está absurdamente mal informado. Aliás, está muito bem informado pela Rede Globo (PIG). O aumento seria de 40%, divididos em 3 anos e para uma minoria de 7% dos Professores. A imensa maioria ficaria entre 15 e 27%, o que nem repõe a inflação acumulada de 2010 (último aumento) até 2015 (fim desse aumento). Além do mais, a proposta deforma uma carreira já bisonha e a torna ainda menos atrativa, com salários para Doutores (6 anos a mais de estudos) menores que graduados em início de carreira no setor privado. Isso significa muito em áreas como Engenharia e Medicina, onde o salário inicial já é muito bom (sem doutorado). Enfim, sugiro procurar informações idôneas, como de um Professor Indignado perto de você. Eu sou um deles.
ResponderExcluirNão sou professora Fico indignada quando vejo a forma como o governo DILMA está tratando essa greve e outras. Mais ainda ao tomar conhecimento de um proposta falaciosa, vendida ao público como a melhor do mundo. E obviamente, a midia que não gosta do funcionalismo, aproveita a deixa e vende a idéia.
ResponderExcluirUm governo que não respeita seus funcionários, não pode ser respeitado.
É de se perguntar: o que estaria, de fato, por trás dessa greve que desestabiliza, desgasta o governo federal? Por que a CUT não se mexeu durante o governo Lula? Por que esperou o próximo governo, para reivindicar, sabendo que reposição salarial de uma vez seria difícil, impossível? Seria porque a CUT andava muito ocupada, posando de partido político? Ou porque a CUT e uma determinada categoria do funcionalismo anda aprontando pra cima do governo Dilma?
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