Por Artênius Daniel, no sítio da União Nacional dos Estudantes (UNE):
Certamente não é fácil ser ministro da Fazenda. Ainda mais em um país como o Brasil de 2012, a sexta economia do planeta, em meio a uma grave crise econômica internacional que coloca em cheque o modelo financeiro e social imposto, há décadas, pelos chamados “países desenvolvidos” ao resto do mundo.
Indubitavelmente o ministro Guido Mantega deve ter muito trabalho, talvez perca algumas noites de sono, beba muito café ou ande um pouco estressado. Entretanto, nada justifica a tragédia verbal que deixou escapar, há uma semana, ao afirmar vergonhosamente que os investimentos na Educação brasileira quebrarão o país. Sim, isso mesmo. Reagindo de forma lamentável à aprovação dos 10% do PIB para o setor, pela Câmara dos Deputados no último dia 26 de junho, Mantega disse o seguinte:
“Passar para 10% de maneira intempestiva põe em risco as contas públicas. Isso vai quebrar o Estado brasileiro”.
Na epistemologia popular, quem fala demais dá bom dia a cavalo. Foi o caso. A repercussão frente à declaração não poderia ser diferente. Movimentos sociais, estudantes, professores e a sociedade em geral, que conhecem bem a realidade da educação pública no país, reagiram em tom uníssono. Na opinião de todos, além de ser, obviamente, infeliz e impopular, a tolice dita pelo ministro é também equivocada.
“Desde o início desse governo o movimento social brasileiro vem apresentando, contundentemente, suas críticas, seus olhares sobre a política econômica do país, considerando inclusive a crise internacional que se coloca. Sabemos que o único investimento seguro é o investimento direto nas pessoas, o investimento social, nos direitos básicos como a Educação, ainda mais em um país como o Brasil, com injustiças sociais absurdas e históricas a serem corrigidas”, afirma o presidente da UNE, Daniel Iliescu.
Segundo Iliescu, os movimentos sociais vem protestando há mais de um ano contra a política de juros altos, superávit primário e, principalmente, cortes em setores como a saúde e educação. “10% do PIB para a educação brasileira quebra muita coisa sim. Quebra paradigmas falidos e conservadores sobre a economia, quebra o ciclo de descaso com a escola pública, com seus professores e alunos, quebra a síndrome de covardia do Estado brasileiro em fazer o que ele mais precisa: justiça social”, protesta.
Em entrevista ao site da UNE, o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação Daniel Cara disse que o ministro foi “irresponsável” e que a declaração é “decepcionante”. Assim como o presidente da UNE, apontou as inconsistências da fala ministerial: “Aprovamos 10% do PIB para a educação pública, ou seja , um investimento direto em dezenas de milhões de brasileiros que não podem pagar pela educação. Dessa forma, o PNE com 10% é, na verdade, o mais sério projeto de redistribuição de renda do país”, afirma, justificando o fato de os 10% serem, na verdade, a grande solução também econômica para o Brasil.
Daniel Cara acredita que, em meio aos trâmites para a aprovação definitiva do PNE e dos 10%, a fala do ministro apareça como um gesto de terrorismo. “Esse governo e o governo anterior foram eleitos pelo povo justamente com a idéia de que a esperança iria vencer o medo. Porém, agora o ministro investe em criar o medo, tentando dizer que mais educação é algo perigoso para o futuro do Brasil”, opina.
Brigando com Carminha
Uma simples pesquisa pelo termo “Guido Mantega” no twitter comprova que a popularidade do ministro, no ranking nacional, não deve estar em uma posição muito distante da de Carminha da novela “Avenida Brasil”, a vilã mais comentada do Brasil no momento. Entre os milhões de internautas que repudiam a declaração anti-educação, estão formadores de opinião dos mais diversos, como o apresentador de TV Marcelo Tas, o músico Tico Santa Cruz, o deputado federal Chico Alencar (PSOL), o senador Cristóvam Buarque (PDT) e mais outros inúmeros, famosos ou anônimos.
Em caráter mais oficial, a Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE) rebateu o ministro por meio de um documento sólido, sob o título “10% do PIB para a Educação é compromisso com o país”. Durante o texto, a CNTE explica didaticamente a importância dos investimentos no setor para a economia brasileira e, principalmente, para a vida da população.
“O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demonstrou que para cada R$ 1,00 investido na educação, obtém-se um retorno de R$ 1,85 – sendo este o maior entre todas as políticas públicas sociais e econômicas com impacto no Produto Interno Bruto.”, diz um trecho da carta.
Leia aqui a íntegra do documento da CNTE
Em texto semelhante, que rebate com qualidade, números e argumentos de sobra as boçalidades ditas contra os 10% para a Educação, o colunista Vladmir Safatle, da CartaCapital, demonstra que esse investimento é decisivo e fundamental para o futuro do país. De quebra, dá uma aulinha a Mantega incluindo uma nova variável econômica no cálculo sobre a questão: o indesejado investimento crescente das famílias na educação privada.
“Há duas maneiras de aumentar a capacidade de compra dos salários: aumento direto de renda ou eliminação de custos. Nesse último quesito, os custos familiares com educação privada são decisivos. A criação de um verdadeiro sistema público de educação seria o maior aumento direto de salário que teríamos”, elucida.
Leia aqui na íntegra o artigo de Vladimir Safatle.
Segundo o presidente da UNE, mesmo se houver opiniões e declarações contrárias, o movimento a favor dos 10% irá somente aumentar: “Queremos acreditar que tenha sido somente uma infelicidade do ministro, um momento de pouca lucidez de sua parte. Porém, mesmo que haja a verdadeira oposição a essa pauta, o movimento estudantil irá ampliar a sua mobilização, vamos ocupar as ruas, as universidades, os gabinetes em Brasília, as redes sociais e todos os espaços. O Brasil não pode recuar”, promete.
Certamente não é fácil ser ministro da Fazenda. Ainda mais em um país como o Brasil de 2012, a sexta economia do planeta, em meio a uma grave crise econômica internacional que coloca em cheque o modelo financeiro e social imposto, há décadas, pelos chamados “países desenvolvidos” ao resto do mundo.
Indubitavelmente o ministro Guido Mantega deve ter muito trabalho, talvez perca algumas noites de sono, beba muito café ou ande um pouco estressado. Entretanto, nada justifica a tragédia verbal que deixou escapar, há uma semana, ao afirmar vergonhosamente que os investimentos na Educação brasileira quebrarão o país. Sim, isso mesmo. Reagindo de forma lamentável à aprovação dos 10% do PIB para o setor, pela Câmara dos Deputados no último dia 26 de junho, Mantega disse o seguinte:
“Passar para 10% de maneira intempestiva põe em risco as contas públicas. Isso vai quebrar o Estado brasileiro”.
Na epistemologia popular, quem fala demais dá bom dia a cavalo. Foi o caso. A repercussão frente à declaração não poderia ser diferente. Movimentos sociais, estudantes, professores e a sociedade em geral, que conhecem bem a realidade da educação pública no país, reagiram em tom uníssono. Na opinião de todos, além de ser, obviamente, infeliz e impopular, a tolice dita pelo ministro é também equivocada.
“Desde o início desse governo o movimento social brasileiro vem apresentando, contundentemente, suas críticas, seus olhares sobre a política econômica do país, considerando inclusive a crise internacional que se coloca. Sabemos que o único investimento seguro é o investimento direto nas pessoas, o investimento social, nos direitos básicos como a Educação, ainda mais em um país como o Brasil, com injustiças sociais absurdas e históricas a serem corrigidas”, afirma o presidente da UNE, Daniel Iliescu.
Segundo Iliescu, os movimentos sociais vem protestando há mais de um ano contra a política de juros altos, superávit primário e, principalmente, cortes em setores como a saúde e educação. “10% do PIB para a educação brasileira quebra muita coisa sim. Quebra paradigmas falidos e conservadores sobre a economia, quebra o ciclo de descaso com a escola pública, com seus professores e alunos, quebra a síndrome de covardia do Estado brasileiro em fazer o que ele mais precisa: justiça social”, protesta.
Em entrevista ao site da UNE, o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação Daniel Cara disse que o ministro foi “irresponsável” e que a declaração é “decepcionante”. Assim como o presidente da UNE, apontou as inconsistências da fala ministerial: “Aprovamos 10% do PIB para a educação pública, ou seja , um investimento direto em dezenas de milhões de brasileiros que não podem pagar pela educação. Dessa forma, o PNE com 10% é, na verdade, o mais sério projeto de redistribuição de renda do país”, afirma, justificando o fato de os 10% serem, na verdade, a grande solução também econômica para o Brasil.
Daniel Cara acredita que, em meio aos trâmites para a aprovação definitiva do PNE e dos 10%, a fala do ministro apareça como um gesto de terrorismo. “Esse governo e o governo anterior foram eleitos pelo povo justamente com a idéia de que a esperança iria vencer o medo. Porém, agora o ministro investe em criar o medo, tentando dizer que mais educação é algo perigoso para o futuro do Brasil”, opina.
Brigando com Carminha
Uma simples pesquisa pelo termo “Guido Mantega” no twitter comprova que a popularidade do ministro, no ranking nacional, não deve estar em uma posição muito distante da de Carminha da novela “Avenida Brasil”, a vilã mais comentada do Brasil no momento. Entre os milhões de internautas que repudiam a declaração anti-educação, estão formadores de opinião dos mais diversos, como o apresentador de TV Marcelo Tas, o músico Tico Santa Cruz, o deputado federal Chico Alencar (PSOL), o senador Cristóvam Buarque (PDT) e mais outros inúmeros, famosos ou anônimos.
Em caráter mais oficial, a Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE) rebateu o ministro por meio de um documento sólido, sob o título “10% do PIB para a Educação é compromisso com o país”. Durante o texto, a CNTE explica didaticamente a importância dos investimentos no setor para a economia brasileira e, principalmente, para a vida da população.
“O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demonstrou que para cada R$ 1,00 investido na educação, obtém-se um retorno de R$ 1,85 – sendo este o maior entre todas as políticas públicas sociais e econômicas com impacto no Produto Interno Bruto.”, diz um trecho da carta.
Leia aqui a íntegra do documento da CNTE
Em texto semelhante, que rebate com qualidade, números e argumentos de sobra as boçalidades ditas contra os 10% para a Educação, o colunista Vladmir Safatle, da CartaCapital, demonstra que esse investimento é decisivo e fundamental para o futuro do país. De quebra, dá uma aulinha a Mantega incluindo uma nova variável econômica no cálculo sobre a questão: o indesejado investimento crescente das famílias na educação privada.
“Há duas maneiras de aumentar a capacidade de compra dos salários: aumento direto de renda ou eliminação de custos. Nesse último quesito, os custos familiares com educação privada são decisivos. A criação de um verdadeiro sistema público de educação seria o maior aumento direto de salário que teríamos”, elucida.
Leia aqui na íntegra o artigo de Vladimir Safatle.
Segundo o presidente da UNE, mesmo se houver opiniões e declarações contrárias, o movimento a favor dos 10% irá somente aumentar: “Queremos acreditar que tenha sido somente uma infelicidade do ministro, um momento de pouca lucidez de sua parte. Porém, mesmo que haja a verdadeira oposição a essa pauta, o movimento estudantil irá ampliar a sua mobilização, vamos ocupar as ruas, as universidades, os gabinetes em Brasília, as redes sociais e todos os espaços. O Brasil não pode recuar”, promete.
É lamentável que tais declarações partam do um ministro de uma pasta que tem como finalidade administrar os resultados financeiros da maior empresa pública, social e ecônimica, patrimônio de toda a nação brasileira, que é o nosso querido BRASIL. Os slogans: "BRASIL UM PAÍS DE TODOS" e "PAIS RICO É PAÍS SEM POBREZA" tem tudo a ver... Mas sem educação e sem Reforma Agrária de qualidade e valorização dos servidores públicos federais é tudo falácia!...
ResponderExcluirEu concordo que os investimentos em educação realmente tenham de melhorar e muito. Porém, tem funcionário público que não merece o que ganha! Conheço muita gente que faz concurso só para não trabalhar e ganhar estabilidade. O Brasileiro tem mudar por dentro e entender que o outro Brasileiro que está atras do balcão que ele atende é tão Brasileiro quento ele e que seu salário quem paga somos todos nós. Os Salários precisam melhorar, mas o Funcionalismo público precisa melhorar muuuuuuuuiitttttto também!
ResponderExcluirA capacidade (des) humana de dizer sandices é mesmo infinita. Dizer que alocar 10% do PIB (que ainda seria pouco dado o benefício visivelmente gritante) para a educação iria 'quebrar' o BR é o mesmo que dizer que respirar oxigênio ao invés de CO2 pode matar por asfixia!
ResponderExcluirAté se pode entender que um Ministro da Fazenda tenha posições contraditórias em relação ao que acha que DEVERIA ser feito e o que pensa que PODERIA ser feito!
Exemplo disso é a lucidez com que Delfim Neto tem escrito em contraste com a falta de lucidez com que teria agido enquanto Ministro.
Mas dizer tal alogia, e mais ainda, dizer por acreditar nela, é uma profunda demonstração de despreparo, desconhecimento ou de má-fé.
E é de se acreditar mais nessa última, já que todos sabem que governo algum tem interesse real que sobressaia ao medo absoluto de investir em educação, porque as pessoas sem EDUCAÇÃO são dominadas e conduzidas ao invés de condutoras do seu próprio governo.
http://amilcarfaria.blogspot.com.br/