Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
O Globo estreou o seu novo design com um “especial mensalão”. Seus leitores foram brindados, pela bilionésima vez, com infográficos trazendo as carinhas de todos os acusados, resumos do processo, etc. Na segunda-feira, mais mensalão. E na terça-feira, a página 3 inteira do Globo é dedicada à Simone Vasconcelos, ex-secretária de Marcos Valério. Os repórteres do Globo vasculharam a vida da mulher, divulgando minunciosamente todos os detalhes de sua rotina atual: onde trabalha, em que escritório, nome de sócios, que tipo de trabalho faz, o nome dos clientes, o quanto cada um paga.
Enfim, o mensalão fez o Globo pirar novamente. Nesta terça-feira, três páginas inteiras sobre o “mensalão”. Na Folha, situação parecida, sem esse lado meio infantil do Globo. Merval Pereira, claro, fala de mensalão.
Eu fiquei divagando o que aconteceria se todo esse aparato midiático fosse usado para pressionar o Ministério Público a investigar os desvios detectados no processo de privatização.
O negócio é que o mensalão é uma obsessão da mídia. Ela também estará no banco dos réus. E ela está preocupada sobretudo com uma possível absolvição de José Dirceu e Genoíno, dois intelectuais importantes do Partido dos Trabalhadores, que hoje tem atuação discreta justamente porque aguardam uma decisão definitiva da justiça.
Absolvido, Dirceu voltará à vida política e partidária com muita força. Poderá voltar a presidir o seu partido, assumir um ministério e mesmo sonhar com uma eventual candidatura à presidência da república, em 2018.
O interessante em toda a cobertura da mídia é que ela age como se nada tivesse acontecido de 2005 até hoje. Como se não tivesse havido a prisão de Daniel Dantas, em primeiro lugar, e de Carlos Cachoeira, os dois principais quadros do crime organizado que estavam por trás de muitas das tramóias políticas armadas contra o governo durante aquela crise.
Daniel Dantas foi o principal fiador de Marcos Valério. Através de Dantas, que tinha o controle de algumas das principais empresas do país, Valério tinha acesso a crédito farto nos bancos, que usou para emprestar dinheiro para o PT. Com isso, Valério e Dantas aproximavam-se do poder. Quando Lula cortou as asas de Dantas, porém, iniciando um processo que culminaria com seu afastamento da presidência da Telemar, primeiro, e com sua prisão, mais tarde. o banqueiro se vingou patrocinando esquemas de ataque político ao governo federal, conforme se viu em algumas gravações.
Com Cachoeira, houve situação parecida. Os bicheiro irritou-se com as dificuldades que enfrentava para ter acesso aos esquemas de Brasília e deflagrou uma guerra, usando seu braço armado no Congresso, Demóstenes torres, e na mídia, a Veja. Boa parte dos escândalos do mensalão, inclusive aquele que o inaugurou, o flagra de Maurício Marinho recebendo uma bolada de 2 mil numa sala da sede dos Correios, foi armada pelo bando de Cachoeira e divulgada no pasquim do Civita.
O mensalão virou sim uma espécie de caso Dreyfus, porque o que interessa deixou de ser a verdade. Tornou-se antes uma guerra entre os barões da mídia e o PT. Entretanto, sabe o que é mais curioso? É que o escândalo acabou forçando o PT, a partir de 2005, a dar uma guinada à esquerda, para não perder o apoio popular. Essas dialéticas da política são lindas. A mesma coisa aconteceu em relação ao golpe do Paraguai. As lideranças do Mercosul, indignadas com o golpe branco no Paraguai, mas impotentes diante da astúcia da direita local, que conseguiu fazer tudo “dentro da lei”, deu o troco trazendo a Venezuela para dentro do Mercosul. Ou seja, a esquerda tomou um gol perdendo o Paraguai, mas marcou dois ou três incluindo Chávez no bloco.
Por isso aquele velho ditado ainda vale, e possivelmente valerá também para os setores que olham o mensalão como uma chance de resgatar eleitoralmente a direita: ri melhor quem ri por último.
Que o STF condene ou absolva quem for culpado ou inocente, mas que o faça sem ceder às chantagens da mídia. Que seja rigoroso, enfim, em todos os sentidos.
O Globo estreou o seu novo design com um “especial mensalão”. Seus leitores foram brindados, pela bilionésima vez, com infográficos trazendo as carinhas de todos os acusados, resumos do processo, etc. Na segunda-feira, mais mensalão. E na terça-feira, a página 3 inteira do Globo é dedicada à Simone Vasconcelos, ex-secretária de Marcos Valério. Os repórteres do Globo vasculharam a vida da mulher, divulgando minunciosamente todos os detalhes de sua rotina atual: onde trabalha, em que escritório, nome de sócios, que tipo de trabalho faz, o nome dos clientes, o quanto cada um paga.
Enfim, o mensalão fez o Globo pirar novamente. Nesta terça-feira, três páginas inteiras sobre o “mensalão”. Na Folha, situação parecida, sem esse lado meio infantil do Globo. Merval Pereira, claro, fala de mensalão.
Eu fiquei divagando o que aconteceria se todo esse aparato midiático fosse usado para pressionar o Ministério Público a investigar os desvios detectados no processo de privatização.
O negócio é que o mensalão é uma obsessão da mídia. Ela também estará no banco dos réus. E ela está preocupada sobretudo com uma possível absolvição de José Dirceu e Genoíno, dois intelectuais importantes do Partido dos Trabalhadores, que hoje tem atuação discreta justamente porque aguardam uma decisão definitiva da justiça.
Absolvido, Dirceu voltará à vida política e partidária com muita força. Poderá voltar a presidir o seu partido, assumir um ministério e mesmo sonhar com uma eventual candidatura à presidência da república, em 2018.
O interessante em toda a cobertura da mídia é que ela age como se nada tivesse acontecido de 2005 até hoje. Como se não tivesse havido a prisão de Daniel Dantas, em primeiro lugar, e de Carlos Cachoeira, os dois principais quadros do crime organizado que estavam por trás de muitas das tramóias políticas armadas contra o governo durante aquela crise.
Daniel Dantas foi o principal fiador de Marcos Valério. Através de Dantas, que tinha o controle de algumas das principais empresas do país, Valério tinha acesso a crédito farto nos bancos, que usou para emprestar dinheiro para o PT. Com isso, Valério e Dantas aproximavam-se do poder. Quando Lula cortou as asas de Dantas, porém, iniciando um processo que culminaria com seu afastamento da presidência da Telemar, primeiro, e com sua prisão, mais tarde. o banqueiro se vingou patrocinando esquemas de ataque político ao governo federal, conforme se viu em algumas gravações.
Com Cachoeira, houve situação parecida. Os bicheiro irritou-se com as dificuldades que enfrentava para ter acesso aos esquemas de Brasília e deflagrou uma guerra, usando seu braço armado no Congresso, Demóstenes torres, e na mídia, a Veja. Boa parte dos escândalos do mensalão, inclusive aquele que o inaugurou, o flagra de Maurício Marinho recebendo uma bolada de 2 mil numa sala da sede dos Correios, foi armada pelo bando de Cachoeira e divulgada no pasquim do Civita.
O mensalão virou sim uma espécie de caso Dreyfus, porque o que interessa deixou de ser a verdade. Tornou-se antes uma guerra entre os barões da mídia e o PT. Entretanto, sabe o que é mais curioso? É que o escândalo acabou forçando o PT, a partir de 2005, a dar uma guinada à esquerda, para não perder o apoio popular. Essas dialéticas da política são lindas. A mesma coisa aconteceu em relação ao golpe do Paraguai. As lideranças do Mercosul, indignadas com o golpe branco no Paraguai, mas impotentes diante da astúcia da direita local, que conseguiu fazer tudo “dentro da lei”, deu o troco trazendo a Venezuela para dentro do Mercosul. Ou seja, a esquerda tomou um gol perdendo o Paraguai, mas marcou dois ou três incluindo Chávez no bloco.
Por isso aquele velho ditado ainda vale, e possivelmente valerá também para os setores que olham o mensalão como uma chance de resgatar eleitoralmente a direita: ri melhor quem ri por último.
Que o STF condene ou absolva quem for culpado ou inocente, mas que o faça sem ceder às chantagens da mídia. Que seja rigoroso, enfim, em todos os sentidos.
Perfeita a análise! É por isso que só me refiro à cambada como "direita-burra". Há espaço para partidos e mídias conservadoras/liberais no Brasil. Mas os que sejam sérios neste campo ideológico estão inibidos por esta extrema-direita midiática, golpista e anti-nacional. Quando a direita tem como mentores intelectuais um Olavo de Carvalho, um Rei do Esgoto ou um Merdal Pereira, ou quando sua voz no Congresso é (era) um Demóstenes Torres, e seu candidato presidencial é um Serra, fica difícil.
ResponderExcluirA direita-burra acaba sendo nossa grande aliada, que o diga o Lula...
Eu penso que se o debate é sobre a mídia o mesmo deveria ser conduzido com imparcialidade, sob pena de estar cometendo a mesma atrocidade que se imputa ao "famigerado" e "execrável" "aparato midiático" (adoro como essa palavra caiu no senso comum, reduzindo até a ideia do que seria senso comum).
ResponderExcluirQuem se arvora em fazer Análise Diária da Mídia precisa se imbuir da imparcialidade que aponta faltar nessa mídia (e olha que não sou da mídia e sequer a defendo, como se pode verificar no link abaixo), ou estará apenas dando mais um viés ao já enviesado olhar "MIDIÁTICO" (senso comum: onde o fundo desse poço).
Para se julgar qualquer coisa, pessoa ou instituição é preciso se fazer melhor que a coisa julgada, não usar os mesmos vícios que ora se esteja julgando!
Como percebo e julgo a atitude irresponsável da mídia:
http://amilcarfaria.blogspot.com.br/2012/07/o-poder-e-responsabilidade-da-midia-e.html
Tem TV que não tem direito de transmitir a Olimpíada 2012. Aí, tome mensalão!
ResponderExcluirConcordo com o Antonio Barbosa Filho. Exceto pelo trecho "nossa aliada". Nossa não, cara pálida. A direita burra é aliada dos lulo-dilmistas. Não é aliada de quem não tem representação partidária: nacionalistas, direitistas assumidos, liberais assumidos e conservadores assumidos. Nem da ultraesquerda. Um dia, essa salada indigesta de lulo-dilmismo, demo-tucanismo e PiG Governista burro como a direita burra e tido como golpista será toda superada.
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