Por Altamiro Borges
Finalmente, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
decidiu tomar vergonha na cara e punir as poderosas empresas do setor. Acuada
pelo vendaval de queixas dos clientes, ela resolveu suspender as vendas de
linhas telefônicas da TIM, Oi e Claro em todo o país. A medida vale a partir da
próxima segunda-feira e as empresas terão um prazo de 30 dias para apresentar
planos de melhoria na qualidade dos serviços. A decisão foi considerada “exagerada”
pelas teles, mas agradou milhões de usuários.
A empresa que não cumprir a decisão será multada em R$ 200
mil ao dia. Para voltar a vender seus chips, as três teles, que juntas controlam
70% do mercado, terão que apresentar um plano de ajuste para sanar problemas de
atendimento ao consumidor e de qualidade. É a primeira vez que a Anatel adota
uma medida mais dura contra estas corporações. A mais atingida é a italiana TIM,
proibida de vender seu chip em 18 estados. A decisão fez as ações das três
empresas despencarem na Bolsa de Valores.
A gritaria do “deus mercado”
O caos na telefonia chegou a níveis insustentáveis. O
próprio ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sempre tão conciliador com
as teles, perdeu a paciência. “Estavam nos procurando até na rua para reclamar
dos serviços”, afirmou. “Tem hora que não dá. Não podemos ficar numa posição
completamente indefensável”, alegou. Já o presidente da Anatel, João Rezende, justificou
que “a medida é extrema”, mas era inevitável. Ele criticou a redução dos investimentos
das empresas, a maioria de multinacionais.
Diante da inédita decisão, a gritaria do “deus-mercado” já
começou. Até a embaixada da Itália teria procurado o Itamaraty para reclamar dos
prejuízos da TIM. Já as teles estão em pé de guerra. Elas anunciaram que
tomaram medidas jurídicas para reverter a decisão, que consideram “exagerada” e
“desproporcional”. Neste esforço, as teles contam com a ajudinha de alguns “calunistas”
da mídia, que insinuam que a medida é “demagógica”, “eleitoreira”.
Mídia pregou a privatização do setor
Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa” do PSDB, escreveu: “Depois
de combater os juros altos, usar o Dia do Trabalho para atacar a ‘lógica
perversa’ dos bancos, suspender (via ANS) 268 planos de saúde e 37 operadoras,
agora é a vez de Dilma guerrear com as companhias de telefones celulares... Como
a ‘faxina’ já deu o que tinha de dar, a economia não é nenhuma vitrine e PIB
até virou bobagem, o marqueteiro João Santana deve ter tido uma boa sacada.
Dilma agora é ‘a vingadora dos consumidores'”.
Mesmo criticando as teles, até para não se indispor com
milhões de usuários, a mídia privada vende a ideia de que o governo é o único
culpado pelo caos na telefonia. Ela fez campanha aberta pela privatização do
setor. Alguns impérios midiáticos, em especial a Rede Globo, até nutriram o
sonho de abocanhar pedaços da telefonia – mas foram atropelados pela “jamanta”
das teles. Agora, diante da degradação dos serviços e da revolta dos usuários, eles
culpam o governo e tentam limpar a barra dos seus ricos anunciantes.
Anatel tenta apagar o incêndio
De fato, o governo errou muito no setor. Mas foi ao não ter
tomado medidas mais duras no passado. Como aponta Flávia Lefèvre, da associação
de defesa do consumidor ProTeste, a degradação dos serviços é notória e decorre de dois fatores. “Um deles é a inércia de anos do Ministério das Comunicações
em promover a revisão do marco regulatório das telecomunicações... O outro
fator é a resistência do governo em cumprir o que determina a Lei Geral de
Telecomunicações (LGT), no sentido de que os serviços essenciais devem ser
prestados obrigatoriamente no regime público, mesmo que concomitante com o
regime privado”.
Para ela, as poderosas teles se aproveitaram do vazio
normativo e da omissão da Anatel para degradar os serviços, implantando as suas
infraestruturas “exclusivamente com a lógica do lucro”. Esta visão privatista
aumentou a concentração no setor. “Esses grupos econômicos, que desfrutam de
vantagens como a cobrança abusiva da assinatura básica e de valores
astronômicos pelo uso das redes móveis e que gozam da fiscalização insuficiente
pela agência, são também os que desrespeitam historicamente o consumidor. Depois
de tanto desmando, resta agora à Anatel apagar o incêndio, que poderia ter sido
evitado”.
Antes tarde do que nunca! Espera-se que o governo não recue
mais uma vez diante do poderio das teles e da gritaria da mídia!
Essas empresas jurssicas e ineficientes deveriam ser estatizadas.
ResponderExcluirSeria interessante descobrir quantos empregos as teles terão de gerar para se adequarem às exigências da agência. Se o número for razoável (e acho que é!) a opinião pública ficaria ainda mais satisfeita com a medida o que aumentaria a pressão sobre elas!
ResponderExcluirA Anatel errou em não tomar medidas para controlar a qualidade dos serviços antes. Erraria mais agora, pois está um caos total. Utilizo os serviços de duas das punidas e canso de ligar para reclamar. Um dia cheguei a ligar para reclamar do atendimento do call center. O governo deveria ameaçar de re-estatizar a que continuar com desrespeito ao consumidor.
ResponderExcluirCaro Miro, em 22/22/2012 postei em meu blog este artigo, que pode ser lido na íntegra no endereço:
ResponderExcluirmartinsandrade.wordpress.com.
ANATEL – FECHA OU DEFENDE OS USUÁRIOS
OS ASSALTOS DAS OPERADORAS AOS CLIENTES SEM PROTEÇÃO
A Presidenta Dilma deveria fechar a ANATEL e outras ANA’s, as tais agencias reguladoras.
Nós, brasileiros, somos desrespeitados todos os dias pelas prestadoras de serviços, seja de telefonia, energia, combustíveis, etc., sob as barbas das tais agências, sem que nenhum resultado chegue ao consumidor.
Tomemos como exemplo o que a empresa de telefonia Oi está fazendo com seus usuários...
Leia mais em martinsandrade.wordpress.com
——PROGNÓSTICO SOBRE AS TELES——-
ResponderExcluirÉ com a mais triste e absoluta certeza que eu posso afirmar aqui com todas as letras:
Esta crisa sobre as teles foi armada por elas mesmas. O resultado disso é que elas vão apresentar planos inexequiveis ao governo, e este, infelizmente vai abrir o cofre do BNDES. Lá vão mais uns R$ 20 bilhões para elas mandarem ao exterior, sem fazer uma única melhoria.
O problema pra mim é que as teles são obrigadas a mostrar um plano, mas não necessariamente a cumprí-lo. Aí fica igual ao metrô do Rio que fez um plano de comprar sei lá quantos trens em sei lá quanto tempo e comprou um número inferior em muito mais tempo que o acordado. E ainda por cima, trens fora do padrão e que não poderão funcionar concomitantemente aos que já existem.
ResponderExcluirMinha opinião é que isso tudo acaba em pizza, infelizmente.
O problema pra mim é que as teles são obrigadas a mostrar um plano, mas não necessariamente a cumprí-lo. Aí fica igual ao metrô do Rio que fez um plano de comprar sei lá quantos trens em sei lá quanto tempo e comprou um número inferior em muito mais tempo que o acordado. E ainda por cima, trens fora do padrão e que não poderão funcionar concomitantemente aos que já existem.
ResponderExcluirMinha opinião é que isso tudo acaba em pizza, infelizmente.
A Anatel apenas pegou carona na ação valente e pioneira do Procon do Rio GRande do Sul, devido à forte atuação da OAB/RS, que vem há tempos tentando soluções junto à Anatel, sem êxito.
ResponderExcluirÉ patente que essas agências reguladoras estão todas cooptadas pelo setor privado e prestam um desserviço público. Covardes e inúteis, apenas agem à reboque das atitudes de órgãos que se dão ao respeito, como é o caso do Procon/RS, devido ao clamor público gerado. Já passou da hora de estatizar essa anarquia.