quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A outra tese do mensalão

Por Paulo Salvador, na Rede Brasil Atual:

A leitura do recém-lançado livro A Outra Tese do Mensalão, da Editora Manifesto, é como respirar ar puro em tempos soturnos de tanta pressão da mídia conservadora sobre o julgamento do mensalão. De autoria de Antônio Carlos Queiroz, Lia Imanishi Rodrigues e Raimundo Rodrigues Pereira, o livro pretende ser uma revisão do caso.


Como é explicado na apresentação, "este livro pretende ser uma espécia de revisão da história do mensalão, o grande escândalo político do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva". Com 159 páginas, o trabalho traz a republicação de quatro artigos. Os dois primeiros, "Com a faca no pescoço. Ou sem a faca?" e "Sete anos de escândalo", ambos de fevereiro deste ano, publicados na revista mensal Retrato do Brasil, o terceiro, "o PT no seu labirinto", de setembro de 2005, no início do escândalo, da semanal Carta Capital e o quarto, "a saga de Carlos Ramos", de junho último, também da Retrato.

O livro organiza e reconta a história, dá uma visão panorâmica das disputas eleitorais, escândalos, corrupção e caixa dois desde as primeiras eleições diretas, em 1989, vencida pelo depois cassado Fernando Collor de Mello, entra no financiamento de campanhas dos tucanos, passa pela CPI do Banestado e os paraisos fiscais, reconta os vaivéns de Roberto Jefferson, disseca a relação das agências de publicidade, bancos, dívidas, acordos partidários, pagamentos com caixa 2 e finaliza com a CPI do Cachoeira. Como são reportagens, os textos primam pelo gosto da boa leitura.

São relembradas passagens esquecidas do consumo diário dos jornais e se aponta a atuação da mídia conservadora, que se transformou em partido diante da fragilidade e das derrotas da coligação PSDB/DEM. Depois de lido, se transforma num manual para ser consultado, como, por exemplo, o que eram os adiantamentos de verba publicitária ou o comportamento do publicitário Duda Mendonça. É possível comparar também os montantes envolvidos em cada escândalo e quanto os partidos receberam de doações oficiais nas campanhas.

Do começo ao fim, o livro faz o embate entre as duas duas teses postas no julgamento, a de compra de votos e partidos com dinheiro público no tachado "o maior escândalo do primeiro mandato do governo Lula" ou o uso de empréstimos que irrigaram um caixa 2 para pagamento de dívidas eleitorais nas alianças partidárias que levaram à vitória de Lula, em 2002.

Lançado em 2 de julho, em processo de distribuição para bancas e livrarias, o livro pode ser adquirido por R$ 25 pelo site www.oretratodobrasil.com.br ou pelo telefone 031 3281-4431.

Um comentário:

  1. Aqui no sul do Maranhão, em Sambaíba, há anos existe uma TV na praça da matriz. Corri para lá para ver, in loco, a reação do povo diante do "julgamento do século". O que vi foi a indiferença diante do tema exibido à exaustão pelos belos e belas da Globo.

    Depois que o JN gastou um longo tempo sobre o tema, reservou uns poucos segundos para o Cachoeira, o que foi uma pena pois, a par da ausência de notícias sobre a rede criminosa, percebi de cara o interesse das pessoas pelo assunto. O JN não falou quase nada sobre este tema, nenhuma palavra sobre a convocação de Gurgel, Civita e Policarpo.

    Como se explica que um caso tão grave como o Cachoeira não mereça a devida atenção da Globo? Não é por outro motivo que, nestes poucos dias o show do mensalão já desperta sono até nos ministros, imagina só aguentar isso por 30 dias.

    As Olimpiadas de Londres tem despertado interesse dos sul maranhenses. Em termos de mídia, os jovens estão ligados no facebook via celular, não exatamente acompanhando o mensalão mas a disputa eleitoral local, o PT não apresentou candidatos por aqui, o que me dá a impressão de que o partido preferiu investir em grandes municípios, em São Luis está concorrendo, talvez em Imperatriz, em Balsas não não vi nenhum sinal, pode ser que essa ausência tenha a ver com 2014.

    Por aqui há muita compra de votos, os candidatos gastam horrores para se manter no páreo, o que coloca fora da disputa candidatos e partidos de esquerda. Que o "mensalão" sirva ao menos para por fim no financiamento privado de campanhas eleitorais, o que duvidododo que acontença, pois a mídia e PSDB não querem, imagina só abrir mão do caixa 2. Enfim, uma hipocrisia só o show do mensalão.

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