Editorial do sítio Vermelho:
O espetáculo midiático que tem início hoje em Brasilia tem um objetivo político claro: condenar a era Lula e os avanços democráticos e sociais que ela representa. E, também, desmoralizar o Partido dos Trabalhadores e a esquerda de forma geral.
O cenário é o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) onde tem início, na tarde desta quinta-feira (2) o julgamento do chamado “mensalão”. O processo, apelidado pela mídia conservadora de “maior escândalo da história republicana”, não passa de uma peça publicitária de natureza política cujo objetivo, na época, foi atingir o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva e os principais quadros dirigentes do Partido dos Trabalhadores.
Uma demonstração desse caráter político foi dada pelo grão-cardeal tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando, no transcorrer dos ataques promovidos pela mídia conservadora e pela articulação direitista e neoliberal, ele passou a defender a tese de que se Lula desistisse de disputar a reeleição, em 2006, os ataques poderiam ser atenuados. O dirigente tucano revelava assim o objetivo imediato dos ataques: afastar Lula e a coalizão de esquerda da Presidência da República.
A direita não teve força suficiente para alcançar seu outro objetivo, o impeachment de Lula; afastou-se dele temerosa da reação dos brasileiros que, nas ruas, lutariam contra o golpe de Estado sonhado pela articulação demotucana e da mídia conservadora. Passou a usar, então, a “tática do jagunço”: fazer a vítima sangrar até a morte. Também não deu certo e a resposta dos brasileiros veio nas urnas de 2006 e 2010, derrotando fragorosamente os candidatos da direita e fortalecendo o projeto de mudanças iniciado por Lula em 2003.
A transformação do julgamento do chamado “mensalão” em espetáculo midiático mantém, sete anos depois, este mesmo caráter político de tentativa de desmoralização da esquerda. E também de instrumento da “tática do jagunço”. Só que, agora, diante da grave crise que estiola a direita e os conservadores, com o caráter defensivo de ferir politicamente a esquerda para reduzir seu prestígio popular.
O próprio debate que envolve o julgamento mal encobre seu caráter político. Enquanto o procurador geral da República, que será o acusador, defende a condenação dos réus para atender à “opinião pública” – a mesma tese defendida recentemente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – a imprensa e os setores conservadores agitam a suspeição do ministro José Dias Toffoli, por alegadas ligações – quando advogado – com o Partido dos Trabalhadores, com o presidente Lula e com o ex-ministro José Dirceu, promovido nas páginas da imprensa conservadora a “chefe da quadrilha” do chamado “mensalão”.
Estes mesmos críticos conservadores se calam, entretanto, ante graves acusações contra outro ministro do STF – Gilmar Mendes – e contra o próprio procurador geral Roberto Gurgel, suspeitos de ligações com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, cujas ramificações pelos ambientes de poder e pela mídia conservadora são objeto de uma CPI no Congresso Nacional. São acusações graves que colocam em questão não apenas a necessária isenção, que se pressupõe nos membros do Judiciário, mas indicam – mais grave que isso, no caso deste julgamento – relações políticas com os acusadores do chamado “mensalão”.
O apelo da direita à sensibilidade dos ministros do STF àquilo que chamam de “opinião pública” esbarra, contudo, na verdadeira expectativa dos brasileiros: a de que o STF julgue com base nos fatos e nas provas registradas nos autos do processo. E registrados nos autos do processo e não a partir de clamores midiáticos (o que seria um linchamento). Este é o julgamento técnico, como dizem os juristas. E, aqui, a direita sabe que pode perder. E este é o desafio ante ela pode fracassar: precisa apresentar as provas irrefutáveis das acusações histriônicas feitas pela mídia conservadora, e este é seu problema: estas provas não existem, como assegura um dos ministros mais antigos do STF.
Isto é, o julgamento é de natureza política e não criminal, como alega a direita. Não se refere a questões morais ou éticas mas busca, mais uma vez, alcançar nos tribunais a vitória que os brasileiros negam, nas urnas, à direita e aos conservadores.
Semelhante ao julgamento político ocorrido na França no final do século 19, o famoso Caso Dreyfus, o “maior escândalo de corrupção” da República poderá ficar na história como um momento de derrota do golpismo da direita e como um passo importante na consolidação da democracia brasileira.
O espetáculo midiático que tem início hoje em Brasilia tem um objetivo político claro: condenar a era Lula e os avanços democráticos e sociais que ela representa. E, também, desmoralizar o Partido dos Trabalhadores e a esquerda de forma geral.
O cenário é o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) onde tem início, na tarde desta quinta-feira (2) o julgamento do chamado “mensalão”. O processo, apelidado pela mídia conservadora de “maior escândalo da história republicana”, não passa de uma peça publicitária de natureza política cujo objetivo, na época, foi atingir o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva e os principais quadros dirigentes do Partido dos Trabalhadores.
Uma demonstração desse caráter político foi dada pelo grão-cardeal tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando, no transcorrer dos ataques promovidos pela mídia conservadora e pela articulação direitista e neoliberal, ele passou a defender a tese de que se Lula desistisse de disputar a reeleição, em 2006, os ataques poderiam ser atenuados. O dirigente tucano revelava assim o objetivo imediato dos ataques: afastar Lula e a coalizão de esquerda da Presidência da República.
A direita não teve força suficiente para alcançar seu outro objetivo, o impeachment de Lula; afastou-se dele temerosa da reação dos brasileiros que, nas ruas, lutariam contra o golpe de Estado sonhado pela articulação demotucana e da mídia conservadora. Passou a usar, então, a “tática do jagunço”: fazer a vítima sangrar até a morte. Também não deu certo e a resposta dos brasileiros veio nas urnas de 2006 e 2010, derrotando fragorosamente os candidatos da direita e fortalecendo o projeto de mudanças iniciado por Lula em 2003.
A transformação do julgamento do chamado “mensalão” em espetáculo midiático mantém, sete anos depois, este mesmo caráter político de tentativa de desmoralização da esquerda. E também de instrumento da “tática do jagunço”. Só que, agora, diante da grave crise que estiola a direita e os conservadores, com o caráter defensivo de ferir politicamente a esquerda para reduzir seu prestígio popular.
O próprio debate que envolve o julgamento mal encobre seu caráter político. Enquanto o procurador geral da República, que será o acusador, defende a condenação dos réus para atender à “opinião pública” – a mesma tese defendida recentemente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – a imprensa e os setores conservadores agitam a suspeição do ministro José Dias Toffoli, por alegadas ligações – quando advogado – com o Partido dos Trabalhadores, com o presidente Lula e com o ex-ministro José Dirceu, promovido nas páginas da imprensa conservadora a “chefe da quadrilha” do chamado “mensalão”.
Estes mesmos críticos conservadores se calam, entretanto, ante graves acusações contra outro ministro do STF – Gilmar Mendes – e contra o próprio procurador geral Roberto Gurgel, suspeitos de ligações com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, cujas ramificações pelos ambientes de poder e pela mídia conservadora são objeto de uma CPI no Congresso Nacional. São acusações graves que colocam em questão não apenas a necessária isenção, que se pressupõe nos membros do Judiciário, mas indicam – mais grave que isso, no caso deste julgamento – relações políticas com os acusadores do chamado “mensalão”.
O apelo da direita à sensibilidade dos ministros do STF àquilo que chamam de “opinião pública” esbarra, contudo, na verdadeira expectativa dos brasileiros: a de que o STF julgue com base nos fatos e nas provas registradas nos autos do processo. E registrados nos autos do processo e não a partir de clamores midiáticos (o que seria um linchamento). Este é o julgamento técnico, como dizem os juristas. E, aqui, a direita sabe que pode perder. E este é o desafio ante ela pode fracassar: precisa apresentar as provas irrefutáveis das acusações histriônicas feitas pela mídia conservadora, e este é seu problema: estas provas não existem, como assegura um dos ministros mais antigos do STF.
Isto é, o julgamento é de natureza política e não criminal, como alega a direita. Não se refere a questões morais ou éticas mas busca, mais uma vez, alcançar nos tribunais a vitória que os brasileiros negam, nas urnas, à direita e aos conservadores.
Semelhante ao julgamento político ocorrido na França no final do século 19, o famoso Caso Dreyfus, o “maior escândalo de corrupção” da República poderá ficar na história como um momento de derrota do golpismo da direita e como um passo importante na consolidação da democracia brasileira.
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