quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FHC, Clinton e Blair: trio neoliberal

Por Altamiro Borges

Promovido pelo banco Itaú, ocorreu ontem (28) em São Paulo um seminário que reuniu três ícones do neoliberalismo: o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, o ex-primeiro ministro britânico, Tony Blair, e o ex-presidente FHC. Os três “ex” falaram para um público seleto: cerca de 500 executivos de poderosas multinacionais – “com faturamento acima de US$ 100 milhões anuais”, segundo a revista IstoÉ Dinheiro. Eles trataram de diversos temas e, lógico, deram suas receitas para enfrentar o conturbado cenário mundial.

Pela lógica, os três “ex” nem deveriam ser convidados para falar sobre a crise capitalista internacional e as suas saídas. Afinal, nas suas gestões eles atolaram seus países na recessão, concluindo seus mandatos com recordes de desemprego e miséria – o que explica suas altas taxas de rejeição no eleitorado e suas derrotas nas urnas. O ex-presidente Clinton ainda lançou o império em novas guerras, com o apoio de Tony Blair, o “cachorro sardento”, e de FHC, com a sua política servil do “alinhamento automático” com os EUA.

As contrarreformas do capital

Mas os executivos das poderosas corporações – os badalados CEOs – necessitam de consolo neste momento de graves dificuldades. O capitalismo afunda na crise e eles procuram “fórmulas” para jogar o ônus do desastre nas costas dos trabalhadores. Neste sentido, os conselhos de Clinton, Blair e FHC são pagos a preço de ouro, com o apoio do Itaú. O ex-primeiro ministro britânico até aproveitou sua viagem ao Brasil para fechar contratos de “consultoria de gestão” com os governos do Rio de Janeiro e São Paulo.

Clinton e Blair até elogiaram o governo Dilma – o que não deve ter agradado FHC, em plena campanha eleitoral para salvar a oposição demotucana. “O Brasil tem tido uma história de sucesso e progresso extraordinário”, bajulou o britânico. “Olhando de fora, o Brasil está muito bem. Se tivesse que apostar num país, seria o Brasil”, afirmou Clinton. Mas todos insistiram na defesa de teses neoliberais, as mesmas que afundaram as economias dos EUA e da Europa. O bordão é o da "urgência das reformas" – ou melhor, das contrarreformas neoliberais.

2 comentários:

  1. Miro, não sou apoiante de Clinton nem de nenhum desses senhores.

    Mas há que respeitar os fatos: quando terminou a administração Clinton, em Janeiro de 2001, a taxa de desemprego nos EUA era de 4,2%, o que corresponde a uma economia em pleno emprego. No ano anterior havia sido de 4,0%, a menor desde 1970. (pode verificar em data.bls.gov)

    Portanto não me parece correto dizer que Clinton "atolou o seu país na recessão" ou que ele terminou o seu mandato "com recordes de rejeição e miséria".

    Não tenho dados sobre a taxa de rejeição de Clinton, mas lembro que Al Gore, o candidato por ele apoiado nas urnas, foi o candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2000. A sua não-eleição deveu-se às características do complexo método eleitoral (indireto) utilizado, e não a ter obtido uma votação inferior à do seu oponente. (ver em http://en.wikipedia.org/wiki/United_States_presidential_election,_2000)

    Portanto, é verdade que o candidato apoiado por Clinton foi derrotado, mas com os mesmos resultados ele teria sido o vencedor da eleição em (quase) qualquer outro país do mundo.

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