Por Altamiro Borges
Dois dias após afirmar que as 2 mil demissões anunciadas pela GM em São José dos Campos (SP) seriam "apenas um detalhe", o ministro Guido Mantega parece que mudou de opinião e resolveu endurecer com a poderosa multinacional estadunidense. Segundo a Agência Brasil, "o ministro da Fazenda disse nesta sexta-feira (3) que 'não vai tolerar o descumprimento do acordo de não demissão nos setores beneficiados pela redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]".
Dois dias após afirmar que as 2 mil demissões anunciadas pela GM em São José dos Campos (SP) seriam "apenas um detalhe", o ministro Guido Mantega parece que mudou de opinião e resolveu endurecer com a poderosa multinacional estadunidense. Segundo a Agência Brasil, "o ministro da Fazenda disse nesta sexta-feira (3) que 'não vai tolerar o descumprimento do acordo de não demissão nos setores beneficiados pela redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]".
A bronca do ministro coincidiu com a combativa manifestação dos operários das oito fábricas da GM em São José dos Campos. Ontem, os 7.200 metalúrgicos da empresa cruzaram os braços contra a ameaça do facão. O sindicato da categoria também liderou uma passeata, que paralisou a Rodovia Dutra, em protesto contra a multinacional e a postura servil do governo. O clima de revolta entre os trabalhadores e a aparente mudança de postura do ministro da Fazenda podem alterar os rumos da negociação com a GM, prevista para ocorrer amanhã (4).
Renúncia fiscal e outras benesses
Isto não significa que a multinacional ianque sairá perdendo neste embate. Seguindo a velha tática patronal, a empresa pode ter utilizado a ameaça de demissões para conseguir mais algumas benesses do poder público. No início da semana, o governo havia anunciado que suspenderia a redução do IPI na produção de veículos e na linha branca (fogões, geladeiras, tanquinhos e máquinas de lavar). Agora, diante da ação terrorista das montadoras de automóveis, o Palácio do Planalto já cogita estender o prazo da renúncia fiscal.
Além disso, o governo paulista também anunciou que poderá conceder outros incentivos à General Motors para evitar demissões. Após reunião com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos, o governador Geraldo Alckmin afirmou que "podemos ajudar com o nosso Programa Pró-Veículo, onde nós liberamos o crédito de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] para investimento aqui em São Paulo”. O tucano disse que se aliaria ao governo federal e à GM "na busca de uma solução para o impasse".
Contrapartidas e rígidas punições
Estas concessões, sem normas rígidas de contrapartidas e punições, deixam os trabalhadores e os governos reféns das poderosas multinacionais do setor. Elas continuam obtendo lucros astronômicos no Brasil, boa parte deles remetidos sem qualquer controle para as suas matrizes no exterior. Somente com a redução do IPI, as vendas de veículos subiram 22,04% em julho na comparação com o mesmo mês de 2011. Nos mês passado foram emplacados 351.410 unidades - o maior número registrado desde 1957. Graças à renúncia fiscal, que penaliza toda a sociedade, a produção aumentou e o lucro das multinacionais bateu recordes.
Apesar disso, as multinacionais não vacilam em demitir e fazer chantagens terroristas. Estudo da subseção do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio-Econômicas (Diesse) do Sindicato dos Metalúrgicos de São José Campos mostra que a GM fechou, no período de um ano, 1.189 postos de trabalho no país - isto sem contar as 356 dispensas feitas por meio do Programa de Demissão Voluntária (PDV). A ameaça de demitir mais 2 mil metalúrgicos em São José dos Campos serviu com mais uma chantagem da ambiciosa multinacional.
7 comentários:
Barbaridade! Não é dando mais benefícios às maquiavélicas multinacionais que se vai garantir emprego aos trabalhadores! Os lucros delas são prá lá de exorbitantes! Um assalto ao Brasil! Tomara que o Ministro Mantega não arregle. Quem sabe o governo pode abrir mais postos de trabalho com projetos socias, ao invés de dar redução de IPI. E esse alckmin?! Porque não faz casa, creche, metrô?!! AH! vai se lascar!
Precisamos de uma montadora nacional, que equilibre tanto o mercado de veículos, quanto o mercado de trabalho do setor.
Nessas horas, uma montadora nacional poderia fazer uma expansão e contratar estes trabalhadores, agregando mais experiência e conhecimento, ampliando o faturamento e desarmando as artimanhas das multinacionais.
A nova burguesia, formada pelos governos Lula e Dilma, deve ter capacidade para esses investimentos. Entretanto, ainda dependemos dos burgueses antigos, que só sabem investir em privataria.
Miro,
No mês passado estive em uma concessionária da GM para conhecer um de seus novos lançamentos. Eu tive acesso à um Fax (mostrado por um funcionário)enviado pela fábrica, suspendendo a venda de 6 modêlos pois a produção já estava comprometida até início de Outubro.
Temos mais é que endurecer as negociações mesmo, acho até que seria prudente cancelar a isenção do imposto para quem descumpre o acordo, porque se a moda pega.....
Com ipi ou não, sabe quando vou conseguir ter um carro? Nunca.
Eterna colônia, tem que endurecer as negociações sim, ha se tivéssemos uma indústria automobilística nacional hein,até quando vamos sustentar as mamatas dessa turma.
E como vai ficar isso? Quais seriam
as consequências caso o governo
suspendesse a redução do imposto
para quem não cumprisse o acordo?
Poderiam acontecer mais demissões?
E a médio prazo como ficaram essas
montadoras? Será que a diminuição
das vendas, por terem seus carros
mais caros, seria tão grande?
Como é esse jogo? Eu não entendo
disso, e fico a cismar...
Olá , seu blog é muito bom, e desde já quero dar-lhe os parabéns, meu nome é: António Batalha, e quero deixar-lhe um convite, se quiser fazer parte de meus amigos virtuais no blog Peregrino E Servo ficarei muito radiante. Claro que irei retribuir seguindo também seu blog.Como sou um homem de Deus deixo-lhe a minha bênção. E que Seja feliz você e sua casa.
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