Por Najla Passos e Vinicius Mansur, no sítio Carta Maior:
Há apenas dois anos, o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi determinante para eleger Dilma Rousseff sua sucessora. Hoje, entretanto, seu capital político tem se revelado insuficiente para deslanchar as candidaturas petistas e dos partidos aliados. Há poucos dias das eleições municipais, o cenário ainda opaco faz com que cientistas políticos ouvidos por Carta Maior divirjam sobre os motivos do fenômeno.
Há quem ressalte o impacto do julgamento do “mensalão” que, há 50 dias, impõe um desgaste continuado à imagem do PT. E quem atribua essa conta à dinâmica própria dos pleitos municipais. O que ninguém questiona é que, apesar da tentativa da revista de maior circulação no país, a Veja, de tentar envolver o ex-presidente com o escândalo em pauta na mais alta corte brasileira, Lula permanece como o político mais influente do país e, consequentemente, um cabo eleitoral disputadíssimo.
“A influência de Lula é positiva, mas não determinante”, avalia o cientista político João Paulo Peixoto, da Universidade de Brasília (UnB). Ele não desdenha a capacidade do ex-presidente de transferir votos para os candidatos que apoia, mas relativiza esses efeitos nas eleições municipais, principalmente com o cenário de desgaste continuado do PT, em função do julgamento do “mensalão”, em curso há 50 dias no Supremo Tribunal Federal (STF).
Para ele, o impacto do julgamento é forte nos grandes centros urbanos, especialmente onde a polarização entre PSDB e PT é acentuada, como em São Paulo, menor nos municípios onde o partido apresenta candidatos muito fracos ou não possui candidaturas próprias, como é o caso do Rio de Janeiro, e bem menos expressivo nas pequenas cidades. “O julgamento já está impactando nas eleições e, se os ministros mantiverem a tendência de condenações, se evidenciará ainda mais, à medida em que os quadros políticos mais expressivos sejam afetados”, comenta.
Cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, Francisco Fonseca também considera que o julgamento do “mensalão” cria um ambiente hostil ao PT nestas eleições. Principalmente, devido à construção midiática do estigma de “maior julgamento da história”. “A mídia é um personagem político ideológico claramente atuante nesse episódio e atua como se isso fosse uma novidade na vida brasileira. Grandes escândalos políticos recentes que abalaram o Brasil, como a Pasta Rosa, o Banestado, o processo de privatização, a emenda de reeleição de Fernando Henrique, todos eles tiveram elementos conclusivos para processos que foram simplesmente desconsiderados”, ressaltou.
Ele minimiza, porém, o impacto da campanha de Veja sobre a capacidade de Lula angariar votos. “A revista não tem credibilidade nenhuma, está envolvida com o Cachoeira, tem capital sul-africano da época do Apartheid, é um panfleto de extrema direita que vive de relações com o governo de São Paulo. É um personagem manjado”, afirma. Fonseca comenta, inclusive, que ele e vários colegas já não dão entrevistas à Veja. “Já me ligaram hoje e eu disse isso: ‘eu não falo com vocês’. Falar o que? O que alguém que quer fazer alguma reflexão séria pode falar com a revista Veja? Ela não tem o que dizer”, comentou.
Para Fonseca, apesar de Lula ainda possuir grande capital político, a transferência de votos não é automática: depende de conjunturas e é bem menos efetiva em eleições municipais -disputadas dois anos após o petista deixar o poder - do que em uma eleição para presidente da República onde ele fez sua sucessora. “Ele pode transferir a sua popularidade para a presidente Dilma, que nunca havia disputado eleição. Mas eleição municipal está eivada de novos elementos, sobretudo locais, além do que, em dois anos, o capital político é reavaliado. O Serra saiu com 45% dos votos quando oponente do Lula (e isso não é pouca coisa), fez o sucessor em São Paulo, mas o capital político dele vem caindo de maneira muito violenta”, explicou.
O professor Fabiano Guilherme Santos, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), corrobora o entendimento que, em eleições municipais, as questões paroquiais são determinantes. “Pesquisas apontam que o ex-presidente Lula simplesmente possui 60% das intenções de voto para a eleição presidencial de 2014. O potencial dele de transferir votos é muito grande, mas a referência fundamental para o eleitor, agora, é a avaliação da gestão de cada prefeitura. Se a gestão é positiva, o candidato terá grandes chances de se reeleger ou eleger um sucessor. Se a avaliação da gestão não é boa, o eleitor procurará o candidato que melhor se identificar como oposição”, explica.
Para ele, os candidatos do PT vão mal onde o partido já administra o município, mas possui avaliação negativa, como é o caso de Recife (PE), ou onde as prefeituras da oposição também são mal avaliadas, mas o partido não consegue apresentar um candidato identificado como a melhor oposição, caso de São Paulo.
Esta última, inclusive, é a única das capitais brasileiras em que ele acredita que o julgamento do “mensalão” poderá causar algum impacto. “O eleitor considera a corrupção um tema importante, mas não o utiliza para diferenciar um partido do outro porque, neste aspecto, considera todos iguais”, esclarece. O professor avalia que São Paulo só é exceção porque o candidato da situação, o tucano José Serra, tem explorado a associação do candidato petista, Fernando Haddad, com o “mensalão” de forma muito agressiva, o que não tem ocorrido nas demais. “Esta estratégia do PSDB de investir em campanha negativa contra o adversário é considerada de alto risco porque tende a aumentar a rejeição do candidato que a utiliza. Por isso, só é usada em último caso, em caso de desespero mesmo”, esclarece.
Há apenas dois anos, o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi determinante para eleger Dilma Rousseff sua sucessora. Hoje, entretanto, seu capital político tem se revelado insuficiente para deslanchar as candidaturas petistas e dos partidos aliados. Há poucos dias das eleições municipais, o cenário ainda opaco faz com que cientistas políticos ouvidos por Carta Maior divirjam sobre os motivos do fenômeno.
Há quem ressalte o impacto do julgamento do “mensalão” que, há 50 dias, impõe um desgaste continuado à imagem do PT. E quem atribua essa conta à dinâmica própria dos pleitos municipais. O que ninguém questiona é que, apesar da tentativa da revista de maior circulação no país, a Veja, de tentar envolver o ex-presidente com o escândalo em pauta na mais alta corte brasileira, Lula permanece como o político mais influente do país e, consequentemente, um cabo eleitoral disputadíssimo.
“A influência de Lula é positiva, mas não determinante”, avalia o cientista político João Paulo Peixoto, da Universidade de Brasília (UnB). Ele não desdenha a capacidade do ex-presidente de transferir votos para os candidatos que apoia, mas relativiza esses efeitos nas eleições municipais, principalmente com o cenário de desgaste continuado do PT, em função do julgamento do “mensalão”, em curso há 50 dias no Supremo Tribunal Federal (STF).
Para ele, o impacto do julgamento é forte nos grandes centros urbanos, especialmente onde a polarização entre PSDB e PT é acentuada, como em São Paulo, menor nos municípios onde o partido apresenta candidatos muito fracos ou não possui candidaturas próprias, como é o caso do Rio de Janeiro, e bem menos expressivo nas pequenas cidades. “O julgamento já está impactando nas eleições e, se os ministros mantiverem a tendência de condenações, se evidenciará ainda mais, à medida em que os quadros políticos mais expressivos sejam afetados”, comenta.
Cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, Francisco Fonseca também considera que o julgamento do “mensalão” cria um ambiente hostil ao PT nestas eleições. Principalmente, devido à construção midiática do estigma de “maior julgamento da história”. “A mídia é um personagem político ideológico claramente atuante nesse episódio e atua como se isso fosse uma novidade na vida brasileira. Grandes escândalos políticos recentes que abalaram o Brasil, como a Pasta Rosa, o Banestado, o processo de privatização, a emenda de reeleição de Fernando Henrique, todos eles tiveram elementos conclusivos para processos que foram simplesmente desconsiderados”, ressaltou.
Ele minimiza, porém, o impacto da campanha de Veja sobre a capacidade de Lula angariar votos. “A revista não tem credibilidade nenhuma, está envolvida com o Cachoeira, tem capital sul-africano da época do Apartheid, é um panfleto de extrema direita que vive de relações com o governo de São Paulo. É um personagem manjado”, afirma. Fonseca comenta, inclusive, que ele e vários colegas já não dão entrevistas à Veja. “Já me ligaram hoje e eu disse isso: ‘eu não falo com vocês’. Falar o que? O que alguém que quer fazer alguma reflexão séria pode falar com a revista Veja? Ela não tem o que dizer”, comentou.
Para Fonseca, apesar de Lula ainda possuir grande capital político, a transferência de votos não é automática: depende de conjunturas e é bem menos efetiva em eleições municipais -disputadas dois anos após o petista deixar o poder - do que em uma eleição para presidente da República onde ele fez sua sucessora. “Ele pode transferir a sua popularidade para a presidente Dilma, que nunca havia disputado eleição. Mas eleição municipal está eivada de novos elementos, sobretudo locais, além do que, em dois anos, o capital político é reavaliado. O Serra saiu com 45% dos votos quando oponente do Lula (e isso não é pouca coisa), fez o sucessor em São Paulo, mas o capital político dele vem caindo de maneira muito violenta”, explicou.
O professor Fabiano Guilherme Santos, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), corrobora o entendimento que, em eleições municipais, as questões paroquiais são determinantes. “Pesquisas apontam que o ex-presidente Lula simplesmente possui 60% das intenções de voto para a eleição presidencial de 2014. O potencial dele de transferir votos é muito grande, mas a referência fundamental para o eleitor, agora, é a avaliação da gestão de cada prefeitura. Se a gestão é positiva, o candidato terá grandes chances de se reeleger ou eleger um sucessor. Se a avaliação da gestão não é boa, o eleitor procurará o candidato que melhor se identificar como oposição”, explica.
Para ele, os candidatos do PT vão mal onde o partido já administra o município, mas possui avaliação negativa, como é o caso de Recife (PE), ou onde as prefeituras da oposição também são mal avaliadas, mas o partido não consegue apresentar um candidato identificado como a melhor oposição, caso de São Paulo.
Esta última, inclusive, é a única das capitais brasileiras em que ele acredita que o julgamento do “mensalão” poderá causar algum impacto. “O eleitor considera a corrupção um tema importante, mas não o utiliza para diferenciar um partido do outro porque, neste aspecto, considera todos iguais”, esclarece. O professor avalia que São Paulo só é exceção porque o candidato da situação, o tucano José Serra, tem explorado a associação do candidato petista, Fernando Haddad, com o “mensalão” de forma muito agressiva, o que não tem ocorrido nas demais. “Esta estratégia do PSDB de investir em campanha negativa contra o adversário é considerada de alto risco porque tende a aumentar a rejeição do candidato que a utiliza. Por isso, só é usada em último caso, em caso de desespero mesmo”, esclarece.
Quem vence eleição no Brasil é o VICE. No caso de Lula, foi José Alencar, pois era um homem de direita e ajudou a buscar para Lula os votos da classe média.
ResponderExcluirNo caso de Dilma foi a mesma coisa. Não foi só Lula quem a elegeu, mas também o Michel Temer que é de direita e é da confiança da classe média.
No entanto em São Paulo faltou um direitista para vice de Haddad. Colocar uma vice comunista com um candidato de esquerda foi uma das maiores burrices de todos os tempos. Faltou para Haddad um vice do tipo de José Alencar e Michel Temer pra convencer a classe média. Sem falar que o Russomano tomou também a classe baixa.
Russomano vai levar os votos dos pobres e dos ricos por causa do VICE, o D'Urso que é de direita e é muito respeitado pela elite e classe média de São Paulo.
PORTANTO, FALTOU UM VICE A HADDAD.