Por Altamiro Borges
Pelo projeto da troika, a Grécia terá que ampliar a jornada
de trabalho dos atuais cinco para seis dias por semana e reduzir as pensões e
aposentadorias. Do contrário, segundo o jornal Valor, o país não receberá a
segunda parcela, de 31 bilhões de euros, para saldar as suas dívidas com os
banqueiros. O próprio jornal, destinado à elite empresarial, afirma que estas
imposições “podem aumentar ainda mais o desemprego no país, que chega a 23,1%
da população economicamente ativa e a quase 55% dos jovens menores de 25 anos”.
A Grécia é atualmente o laboratório das políticas de choque
do capitalismo no enfrentamento à grave crise que atingiu este sistema. Na
semana passada, a famigerada troika – que reúne o FMI, o Banco Central Europeu
e a Comissão Europeia - apresentou um pacote que prega a ampliação da jornada
de trabalho e outras regressões nos direitos trabalhistas. É sempre a mesma
receita: na fase da bonança, o capital aumenta os seus lucros; já na crise, ele
socializa os prejuízos, jogando o seu ônus nas costas dos trabalhadores.
Mas o capital pouco se importa com o destino dos
trabalhadores. Em toda a Europa, o desemprego bate recordes. Em julho passado,
a zona do euro registrou 18 milhões de desempregados, o maior número desde a criação
do bloco em 1999. A taxa de desemprego já é 11,3%. Em julho de 2011, o
percentual era de 10,1%. Desde então, mais de 2 milhões de pessoas perderam
seus postos de trabalho no bloco econômico. As maiores vítimas são os jovens.
Em julho, o índice de desemprego na juventude atingiu 22,6% na zona do euro.
Tamanha humilhação ao povo grego e aos trabalhadores de todas categorias, nos demais países, nunca se viu na história recente da humanidade. Lembrem do que pode surgir do ressentimento coletivo: o nazismo e a guerra. Vivemos na ante-sala de uma revolta popular no velho mundo, abalando o combalido capitalismo.
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