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Em assembleias realizadas ontem à noite em todo o país, os
bancários aprovaram por unanimidade a deflagração de uma greve nacional por tempo
indeterminado a partir da próxima terça-feira. A categoria rejeitou a ridícula
proposta de reajuste salarial apresentada pela Federação Nacional dos Bancos
(Fenaban), que prevê a reposição da inflação e apenas 0,58% de aumento real. Os
bancários exigem 10,25% de reajuste – as perdas inflacionárias do último ano,
mais 5% de aumento real.
Para Emanoel Souza, presidente da Federação dos Bancários da
Bahia e Sergipe (Feeb-Base) e dirigente da CTB, a decretação da greve “é
necessária para desmascarar os banqueiros, que adotaram o discurso de que não é
possível conceder aumento real por conta da redução dos juros imposta pelo
governo federal. Isto é um verdadeiro absurdo, pois a redução dos juros beneficia
a população e não afeta o rendimento dos bancos, cada vez mais bilionário”. Ele
também criticou o desrespeito dos banqueiros nas negociações.
A argumentação de Emanoel Souza é corroborada pela própria
Associação dos Executivos Financeiros (Anefac). Segundo uma notinha publicada
hoje na Folha – a mídia rentista evita dar manchete para este tipo de assunto –,
a queda dos juros não afetou os lucros dos banqueiros. “O estudo da Anefac
revela que entre junho de 2002 e junho de 2012 a média dos juros bancários
desceu de 47% para 31,1% ao ano – queda de 15,9 pontos percentuais. No mesmo
período, o chamado ‘spread’ bancário recuou apenas 3,7 pontos”.
O spread é a diferença entre a taxa de juros que o banco
paga ao poupador para investir seu dinheiro e a taxa cobrada de outro cliente
nos empréstimos. Em outras palavras, é o que os bancos “roubam” dos clientes
para auferir mais lucros. Esta manobra contábil – somada às altas tarifas de
serviços bancários e à redução dos custos operacionais, que inclui arrocho
salarial, demissões e rotatividade no emprego – é que explica o fato das
poderosas instituições financeiras manterem seus lucros inalterados apesar da
queda dos juros.
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