Por Altamiro Borges
Após a publicação da denúncia, o repórter passou a receber
mensagens de seguidores do ex-chefe da Rota com ameaças contra ele e a sua
família. Na semana passada, o caso ficou ainda mais grave. Um sítio ligado a
policiais militares divulgou uma foto de Sérgio Dávila, editor-executivo da
Folha, confundindo-a com a do repórter ameaçado. “Agora que o rosto do André
Caramante é conhecido, torço para que nenhum maluco resolva fazer justiça com as
próprias mãos”, afirma o texto num tom enigmático.
O Portal Imprensa publicou ontem entrevista com o jornalista
André Caramante, da Folha, que há dois meses recebe ameaças por ter escrito uma
matéria sobre o policial Paulo Telhada, ex-comandante da Rota (Ronda Ostensiva
Tobias de Aguiar) e hoje candidato pelo PSDB a vereador na capital paulista. No
texto, publicado em 14 de julho, Caramante denunciou o fato do policial usar seu
perfil pessoal no Facebook para incitar a violência contra supostos bandidos,
rotulados por ele de “vagabundos”.
"De olho nesse defensor de vagabundos"
Para Caramante, este clima de terror “está relacionado à
cobertura da segurança pública de São Paulo na qual atuo há 13 anos.
No mês de junho, o estado passou a enfrentar uma crise quando vários policiais
militares de folga foram assassinados pelo grupo criminoso Primeiro Comando da
Capital (PCC)... Em um determinado momento, resolvemos fazer um texto para
falar sobre a página pessoal do ex-comandante da Rota, Paulo Telhada. Ele
chamava os suspeitos de vagabundos e dizia que eles tinham que morrer mesmo”.
Após a publicação da matéria, afirma Caramante, o policial “fez
uma postagem na página pessoal dele no Facebook e muitas pessoas fizeram eco
naquilo que ele havia falado/escrito e fizeram os mais variados comentários: ‘Ah,
bala nesses vagabundos mesmo e quem defende vagabundo também’. ‘De olho nesse
André Caramante porque ele é defensor de vagabundo’... Depois disso, houve um
monte de comentários na internet, não só no Facebook, dizendo que a Folha encampa
algo contra a Polícia Militar de São Paulo”.
Jornal tucano devia acionar o Serra
André Caramante já recebeu a solidariedade do Sindicato dos
Jornalistas de São Paulo, que enviou ofício ao governo estadual exigindo
providências urgentes contra as ameaças. Ele também afirma contar com o apoio
da direção da Folha e garante que não vai recuar no seu trabalho investigativo.
“Este é um tipo de intimidação que eles tentam fazer para que não cumpramos
nossa função de informar”. Seria o caso da direção da Folha, tão próxima ao
ninho tucano, também acionar a direção do PSDB em São Paulo.
Afinal, o policial Paulo Telhada não é um personagem
qualquer. Coronel reformado da Polícia Militar, ele comandou a temida Rota por
vários anos. Foi nomeado pelo ex-governador José Serra, agora candidato à
prefeitura. Em seu perfil no facebook, ele não esconde suas ideias. Posta
fotos de caveiras com o uniforme da Rota e critica as entidades de direitos
humanos. “Não sou obrigado a gostar de ladrão, o cara que está fora de lei não merece
consideração nenhuma da sociedade”, afirmou recentemente ao portal Terra.
Fidelidade ao candidato do PSDB
Com esta postura truculenta, ele decidiu se candidatar a
vereador pelo PSDB. Seu slogan de campanha é “uma nova Rota na política de São
Paulo”. Ao portal Terra, ele explicou que a sua decisão de ingressar na
política decorreu de um voto de lealdade ao tucano José Serra, que o nomeou
comandante da Rota. “Ética é você apoiar quem te apoia e ajudar quem te ajuda.
Acho o Serra uma pessoa muito preparada para a Prefeitura”, afirmou ao sítio. A
Folha até que poderia procurar o tucano para pedir proteção ao repórter.
Fala sério, se a Folha e o Cerra o apoiam o rato da Rota, claro que não farão nada contra o policial assassino e deve estar cheio de gente querendo uma boquinha na Folha, dúvido.
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