Por Altamiro Borges
Ontem (9), o império midiático espanhol, conhecido na
América Latina por seu ódio ao presidente Hugo Chávez, anunciou a demissão de
128 jornalistas. Outros 21 profissionais foram “aposentados”. Na sexta-feira
passada, Juan Luis Cebrián já havia sinalizado que baixaria o facão. Ele disse
que diante da grave crise que atinge a mídia na Espanha – nos últimos anos
foram fechados 57 veículos e demitidos 8 mil jornalistas – não daria mais para “seguir
vivendo tão bem”. Referia-se aos funcionários, não a ele – lógico.
De 12 a 16 de outubro, em São Paulo, os barões da mídia do
continente participam da 68ª Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa.
Muitos jornalistas, por ingenuidade ou má-fé, ainda afirmam que a SIP é um
bastião em defesa da liberdade de expressão e do livre exercício profissional.
Uma rápida pesquisa sobre a sua sinistra história serviria para enterrar tais
ilusões. Também bastaria acompanhar o que ocorre hoje no jornal El País,
presidido por Juan Luis Cebrián, um dos convidados especiais do convescote da
SIP.
Diante da selvageria patronal, os trabalhadores do El País (jornalista
também é trabalhador, apesar de muitos não se imaginarem nesta situação de
classe) aprovaram em assembleia a deflagração de uma greve a partir da próxima
quinta-feira (18). Dos 464 profissionais do jornal, 282 também anunciaram que
não assinarão mais os seus artigos e reportagens. O comitê sindical do El País ainda
denunciou Juan Luis Cebrián por “receber honorários de 13 milhões de euros”, em
2011, enquanto "entrega as nossas cabeças”.
O paparicado presidente do império midiático espanhol
participará no sábado, dia 13, de uma mesa no convescote da máfia da SIP. Ele possivelmente
falará que a liberdade de expressão corre risco na América Latina. Pura
hipocrisia! Como já ensinou Claudio Abramo, a única liberdade de imprensa que
existe nas redações da mídia privada é a do patrão. Pena que muito jornalista
brasileiro ainda não se atentou para esta verdade e – como sempre ironiza Mino
Carta – ainda chame o patrão de companheiro.
Por iniciativa da campanha “Para expressar a liberdade”, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e da
Frente Paulista pela Liberdade de Expressão (Frentex), será feito um ato “político-festivo”
na segunda-feira (15), a partir das 11 horas, em frente ao hotel Renaissance,
que sediará a 68ª Assembleia Geral da SIP. Cebrián até poderia ser homenageado
como inimigo dos jornalistas e da verdadeira liberdade de expressão.
A SIP e a presidenta ingênua: Dilma. Ah, que inveja da Argentina e da Venezuela...
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