Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
“Costumo dizer que a imprensa brasileira comete excessos com frequência, mas prefiro isso ao silêncio da ditadura.”
A frase é da presidenta Dilma, e foi dita ao jornal espanhol El País, numa reportagem publicada hoje em seu site.
Não é uma frase brilhante esta, definitivamente. Equivale a você dizer, pela obviedade, que é contra o câncer. O silêncio da ditadura é universalmente rejeitado.
Mas por que você deve ficar entre dois extremos? A declaração de Dilma é um esforço diplomático, é certo, mas ela é essencialmente infeliz.
Se ela reconhece “os excessos da mídia”, o que ela pensa fazer para enfrentar o problema, em nome do interesse público? Ou será que ela pretende apenas constatar o caso?
O Diário se bate por uma imprensa livre, vibrante e independente – mas se existem “excessos”, como diz Dilma, eles devem ser encarados, para o bem da sociedade. Admiti-los e não fazer nada tem um nome: omissão. Ou, numa visão um pouco mais severa, covardia.
Considere o que está ocorrendo na Inglaterra. Lá, a opinião pública concluiu que a imprensa estava cometendo “excessos”. Um tabloide de Rupert Murdoch transformara em rotina jornalística o ato criminoso de invadir caixas postais de milhares de pessoas na busca de furos.
Isso não ficou na esfera da constatação. O governo inglês designou uma comissão independente – tanto dos políticos quanto dos donos das empresas jornalísticas — para discutir os limites da mídia. Um juiz chamado Brian Leveson conduz, brilhantemente, os trabalhos. Já escrevi algumas vezes sobre isso.
Leveson tem sabatinado, com firmeza elegante, todos os personagens relevantes para que se forme um consenso sobre o que a mídia pode fazer – e o que não pode. O primeiro-ministro David Cameron já foi interrogado. O poderoso Murdoch, aos 81 anos, também – duas vezes. Foi obrigado, em ambas as sessões, a responder a um implacável questionário, depois de jurar estar dizendo a verdade. Todas as sabatinas comandadas por Leveson podem ser vistas pessoalmente, desde que você consiga assento no tribunal em que são feitas no centro de Londres, ou pela televisão.
Ninguém ousou dizer que a “mídia crítica” estava sendo atacada, ou coisa parecida. Porque há o entendimento de que a mídia existe para servir a sociedade e não se servir dela. Portanto, não está acima dela, sociedade, e muito menos acima da lei.
Todo tipo de excesso deve ser exposto, discutido e combatido, incluídos os da mídia, naturalmente. É um vexame, para ficar num único exemplo, que a Petrobras tenha sido obrigada a processar por calúnia Paulo Francis na justiça americana, e não na brasileira, para que ele fosse instado a provar o que vinha dizendo – que seus diretores tinham conta secreta no exterior. A sorte da Petrobras é que Francis fez as calúnias em solo americano.
Os brasileiros que não têm a oportunidade que a Petrobras teve – ou por falta de dinheiro, ou porque as acusações são feitas no Brasil, cuja justiça é o que é – estão virtualmente indefesos. É bom para um lado, as corporações de mídia, e ruim para o outro lado, a sociedade.
O que o caso inglês mostra é que não basta constatar “excessos”. Há que lidar com eles, com transparência e, também, com coragem.
Apenas dizer que existem “excessos” e nada fazer, como tem sido o caso de Dilma, é uma forma de omissão em que o grande prejudicado é o interesse público.
“Costumo dizer que a imprensa brasileira comete excessos com frequência, mas prefiro isso ao silêncio da ditadura.”
A frase é da presidenta Dilma, e foi dita ao jornal espanhol El País, numa reportagem publicada hoje em seu site.
Não é uma frase brilhante esta, definitivamente. Equivale a você dizer, pela obviedade, que é contra o câncer. O silêncio da ditadura é universalmente rejeitado.
Mas por que você deve ficar entre dois extremos? A declaração de Dilma é um esforço diplomático, é certo, mas ela é essencialmente infeliz.
Se ela reconhece “os excessos da mídia”, o que ela pensa fazer para enfrentar o problema, em nome do interesse público? Ou será que ela pretende apenas constatar o caso?
O Diário se bate por uma imprensa livre, vibrante e independente – mas se existem “excessos”, como diz Dilma, eles devem ser encarados, para o bem da sociedade. Admiti-los e não fazer nada tem um nome: omissão. Ou, numa visão um pouco mais severa, covardia.
Considere o que está ocorrendo na Inglaterra. Lá, a opinião pública concluiu que a imprensa estava cometendo “excessos”. Um tabloide de Rupert Murdoch transformara em rotina jornalística o ato criminoso de invadir caixas postais de milhares de pessoas na busca de furos.
Isso não ficou na esfera da constatação. O governo inglês designou uma comissão independente – tanto dos políticos quanto dos donos das empresas jornalísticas — para discutir os limites da mídia. Um juiz chamado Brian Leveson conduz, brilhantemente, os trabalhos. Já escrevi algumas vezes sobre isso.
Leveson tem sabatinado, com firmeza elegante, todos os personagens relevantes para que se forme um consenso sobre o que a mídia pode fazer – e o que não pode. O primeiro-ministro David Cameron já foi interrogado. O poderoso Murdoch, aos 81 anos, também – duas vezes. Foi obrigado, em ambas as sessões, a responder a um implacável questionário, depois de jurar estar dizendo a verdade. Todas as sabatinas comandadas por Leveson podem ser vistas pessoalmente, desde que você consiga assento no tribunal em que são feitas no centro de Londres, ou pela televisão.
Ninguém ousou dizer que a “mídia crítica” estava sendo atacada, ou coisa parecida. Porque há o entendimento de que a mídia existe para servir a sociedade e não se servir dela. Portanto, não está acima dela, sociedade, e muito menos acima da lei.
Todo tipo de excesso deve ser exposto, discutido e combatido, incluídos os da mídia, naturalmente. É um vexame, para ficar num único exemplo, que a Petrobras tenha sido obrigada a processar por calúnia Paulo Francis na justiça americana, e não na brasileira, para que ele fosse instado a provar o que vinha dizendo – que seus diretores tinham conta secreta no exterior. A sorte da Petrobras é que Francis fez as calúnias em solo americano.
Os brasileiros que não têm a oportunidade que a Petrobras teve – ou por falta de dinheiro, ou porque as acusações são feitas no Brasil, cuja justiça é o que é – estão virtualmente indefesos. É bom para um lado, as corporações de mídia, e ruim para o outro lado, a sociedade.
O que o caso inglês mostra é que não basta constatar “excessos”. Há que lidar com eles, com transparência e, também, com coragem.
Apenas dizer que existem “excessos” e nada fazer, como tem sido o caso de Dilma, é uma forma de omissão em que o grande prejudicado é o interesse público.
Ela só vai acordar quando pisarem no calo dela.
ResponderExcluirPois é... Esse argumento da Dilma não cabe. Ninguém gera a vida tendo que escolher entre a morte e a paralisia imobilizante. Ente o péssimo e o menos mal. Não é assim que o mundo gira.
ResponderExcluirGovernar é fazer ótimas escolhas. Notadamente as que interessam a população.
A Dilma, nesse caso, ainda está com a memória voltada para o regime ditatorial. O Brasil e seu povo vivem outros tempos.
Portanto, o momento é o da democratização da informação e não do monopólio dos barões da mídia.
As vezes penso que Dilma sabe que -com um Roberto Gurgel, como Prevaricador Geral da República; com um STF com um presidente como joaquim barbosa, e com alguns dos seus membros vacilantes, e, desses, alguns até coniventes com golpes de Estado (frases declaradas em público!)- é melhor não "forçar a barra". Parece que ela sabe que eles estão gestando, por enquanto, um "golpe inacabado". Percebe-se que ela vai segurando a democracia no Brasil "com a barriga". Se um aborto está sendo planejado, é melhor ela se precaver, pois todo parto tem hora para ocorrer. É melhor ela assegurar o vigor da Democracia, tomando medidas necessárias. Afinal, o "pré-natal" não dura para sempre.
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ResponderExcluirAUGUSTO NUNES “DOS CIVITAS” POR *CARLOS ALBERTO ALVES MARQUES
Desse miliciano fascista do jornalismo, Ruy Mesquita Filho, do grupo Estadão, e diretor do recentemente finado Jornal da Tarde, diz o seguinte: “Augusto Nunes não tem caráter, é amoral, manipulador de notícias e isso eu provo confrontando o noticiário do Jornal da Tarde e do Estado durante a campanha presidencial de Collor. Ele tentou de todas as formas contratar uma equipe paralela em Brasília para fugir do controle da Agência Estado e com isso fazer todo o tipo de maracutaia. Nunca pôs a mão na massa. Não gosta de trabalhar, só de aparecer. Mais: disse a ele numa reunião com meus primos e meus irmãos, além do Elói Gertel e do Sandro Vaia, que o problema dele não era o que estávamos discutindo naquela hora, mas sim que ele é um desprovido completo de uma coisa que qualquer homem sério tem: caráter. Esse foi o fim do Augusto aqui no Estado”. (in “Nascidos para perder”, de Mylton Severiano, pág.209, editora Insular). Que autoridade moral tem o elemento para cobrar posicionamento de alguém?
NOTA: comentário proferido em http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/85839/Augusto-Nunes-acusa-Folha-de-manipular-informa%C3%A7%C3%B5es.htm
20.11.2012 às 23:19
República desta [infame e indecorosa] DIREITONA OPOSIÇÃO AO BRASIL, fascista eterna, MENTEcapta, aloprada, alienada, histriônica, impunemente terrorista, antinacionalista, golpista de meia-tigela, corrupta… ‘O cheiro dos cavalos ao do povo!’ “‘Ellite’ estúpida que despreza as próprias ignorâncias”, lembrando o enunciado lapidar do eminente, humanista e libertário escritor uruguaio Eduardo Galeano.
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo