Por Altamiro Borges
“Em 2010, tivemos crescimento da economia de 7,5%. Já em
2011, o PIB cresceu somente 2,7%”, explica José Silvestre, coordenador de
relações sindicais do Dieese. Neste cenário de retração, os empresários
endureceram nas negociações coletivas, o que estimulou a revolta dos
trabalhadores e os braços cruzados. “Percebemos o mesmo ao comparar as
conjunturas econômicas da última década e dos anos 1990, quando as crises eram
mais graves”, observa José Silvestre.
O Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas
Socioeconômicos (Dieese) divulgou nesta semana um balanço das paralisações dos
trabalhadores em 2011. Segundo o levantamento, foram 544 greves durante todo o
ano passado, o maior número desde 1997 – quando ocorreram 631. Na comparação
com 2010, houve um crescimento de 25%. Na avaliação do Dieese, o aumento das
greves se deve principalmente ao fraco desempenho da economia no ano passado –
do chamado “pibinho”.
No período de 1990 a 1999, durante os governos Collor e FHC,
quando o desemprego, o arrocho e a regressão do trabalho bateram recordes, houve
em média 1.030 paralisações ao ano. Já entre 2000 e o ano passado, a média caiu
para 395. O “pibinho” de 2011 também influenciou negativamente os resultados
das negociações. Caiu o número de reivindicações atendidas integralmente. No
setor privado, o número recuou de 30% para 21,6% entre 2010 e o ano passado. No
setor público, a retração foi de 13,1% para 9,3%.
Ainda segundo o Dieese, os funcionários públicos estaduais
foram os que mais paralisaram suas atividades: 145 greves, 66,6% a mais do que
em 2010 (87). A pesquisa também apontou que as greves duraram mais no setor
público do que no privado. Em 2010, nenhuma paralisação no setor privado
ultrapassou 60 dias. Já no setor público, 10,8% delas ultrapassaram esse
período – 2,7% passaram de 90 dias. Muitos governos estaduais e municipais
tratam com total intransigência as demandas dos servidores públicos, que até
hoje não tiveram regulamentado o seu direito de negociação coletivo.
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