segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Chavismo conquista maioria dos estados

Por Marina Terra, no sítio Opera Mundi:

Com uma vitória ampla do chavismo sobre a oposição nas eleições regionais deste domingo (16/12), o novo mapa político venezuelano favorece o processo revolucionário empreendido pelo presidente Hugo Chávez. Após perder em sete Estados em 2008, o governo ganhou em 20 dos 23, de acordo com o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) do país. A abstenção foi alta, de quase 54%.

 "O mapa da Venezuela está pintado de vermelho", afirmou o Jorge Rodríguez, chefe do comando de campanha do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela). "Pela força do povo, cinco governos que estavam nas mãos da oposição foram resgatados para a gestão de Chávez", completou. O secretário-executivo da aliança opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática), Ramón Guillermo Aveledo, disse que os resultados não são satisfatóriios, "porque perdemos em alguns Estados", mas falou que ficou demonstrado "que esse povo não se deixa ser influenciado, não se dá por vencido, não se rende a ninguém".

Os candidatos do PSUV recuperaram os governos de três importantes Estados: Zulia, o mais rico do país – produz dois terços do petróleo da Venezuela – e maior zona eleitoral; Carabobo, onde está localizada grande parte dos centros industriais do país, principalmente petroquímico e Táchira, localizado na fronteira com a Colômbia e antes conhecido por ter um forte antichavismo. Os outros dois foram Nova Esparta e Monagas.

A oposição conquistou novamente o importante Estado de Miranda, com Henrique Capriles, candidato na eleição presidencial, derrotando por 52,02% o ex-vice-presidente Elias Jaua (47,62%). Em Lara, foi reeleito Henri Falcón (56,23%), dissidente chavista, que duelava contra Luis Reyes Reyes (43,50%), ex-governador e um dos maiores aliados de Chávez. Em Amazonas, o candidato da MUD Liborio Guarulla bateu Nicia Maldonado do PSUV.

“É uma vitória gigantesca para o governo, porque consegue os governos de Estados estratégicos, como Zulia, pelo petróleo, Carabobo, pelas indústrias e Táchira, pelo aspecto da problemática fronteira”, afirmou a Opera Mundi o analista político venezuelano Alberto Aranguibel. "Por sua vez, as conquistas da oposição, principalmente em Miranda, comprovam que a Venezuela não é uma ditadura e sim uma democracia ampla e profunda", completou.

Antes do anúncio, em 8 de dezembro, de que o câncer do presidente havia voltado, o pleito já era visto como crucial pelo chavismo e pela oposição. Se por um lado a oposição desejava manter os Estados onde governava e conquistar outros mais para fazer frente ao presidente, o governo apostava na reconfiguração da geografia eleitoral para impulsionar o projeto político da chamada “Revolução Bolivariana”.

Após a cirurgia de Chávez e a incerteza com relação à sua saúde, o significado dos resultados se tornou ainda mais importante. “O processo em curso na Venezuela não acontece por causa das eleições, mas é corroborado pelo voto”, disse Aranguibel, para quem a conquista da grande maioria dos governos pelo chavismo representa um avanço no projeto chavista.

Abstenção

A eleição foi marcada por uma alta abstenção – o voto não é obrigatório na Venezuela. De acordo com o CNE, é comum que eleições regionais registrem uma menor participação, em comparação com a presidencial. Em 7 de outubro, 84% dos venezuelanos aptos a votar seguiram para as urnas. Além disso, a proximidade com as festas de fim de ano fez com que muitos venezuelanos viajassem e deixassem de votar.

Percebendo a falta de eleitores nos centros de votação, desde cedo as campanhas do governo e da oposição convocaram os eleitores a votar. O chefe do oficialista Comando Carabobo, Jorge Rodríguez, do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), disse acreditar que a participação popular “se imponha” e convidou as pessoas a votar.

O coordenador da campanha da MUD, Antonio Ledezma, afirmou que nessas eleições “não está em jogo somente um governo”, indicando que os resultados podem definir o mapa político venezuelano.

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