sábado, 15 de dezembro de 2012

FHC, Lula, o PT e a “burrice”

Por Altamiro Borges

Nesta semana, o PT sinalizou que reagiria à ofensiva da direita midiática e partidária contra o ex-presidente Lula. O líder da sigla na Câmara Federal, Jilmar Tatto, conseguiu aprovar na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência um “convite” para que o chefão dos tucanos, FHC, preste esclarecimentos sobre a temida “Lista de Furnas” – documento que revela o desvio de recursos da estatal mineira para candidatos do PSDB. Ele também anunciou que o partido investiria na criação da CPI da Privataria Tucana.

A reação, porém, parece que não demorou muito tempo. Hoje, segundo o satisfeito blogueiro da Folha, Josias de Souza, o líder do PT no Senado descartou a iniciativa do seu companheiro de partido. “Em conversa com o blog, Walter Pinheiro (BA) censurou: ‘A comissão traz a inteligência no nome, mas agiu com burrice’. Pinheiro se articula com outros líderes governistas – à frente Renan Calheiros, do PMDB— para ‘repor as coisas nos seus lugares’. Como assim? ‘Esse ato tem que ser revogado’”, relata Josias.

Ausência de estratégia das esquerdas

A informação, se confirmada, evidencia a ausência de uma estratégia para fazer frente à nova investida da oposição demotucana e de sua mídia para desconstruir a imagem do ex-presidente Lula – e, na sequência, para fragilizar o governo de Dilma Rousseff. Enquanto o PSDB, o DEM e o PPS requerem a abertura de investigações contra o líder petista, com base nas denúncias requentadas do publicitário Marcos Valério, as forças de esquerda, em especial o PT, mostram-se acuadas e confusas. Cada um dá tiro para um lado.

Alguns setores pregam que é preciso reagir à altura, desmascarando o falso moralismo udenista da direita. Eles avaliam que está em curso uma onda denuncista para derrotar o projeto político inaugurado por Lula. Ela teve início com o midiático julgamento no STF do “mensalão petista”; prosseguiu com a tentativa de vincular o ex-presidente a Rosemary Noronha, ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo; e agora ganhou novo fôlego com as acusações sem provas do condenado Marcos Valério.

"Birra inconsequente" de quem?

Já outros setores querem evitar o confronto político e defendem a busca da conciliação e da paz universal. “Não podemos permitir que fique a impressão de que a atividade política virou uma birra inconsequente”, teria dito Walter Pinheiro ao blogueiro da Folha. Mas de quem é a “birra inconsequente”? Dos setores que apoiam Lula e Dilma ou das forças de direita que perderam as três últimas eleições presidenciais e não abandonaram as suas táticas agressivas? Afinal, quem está agindo com “burrice”?

A direita midiática e partidária já deixou explícito que não abandonará sua estratégia demolidora, sua “birra inconsequente”. Ela não tem outra saída, é uma questão de vida ou morte. Sem programa e sem nomes fortes – o cambaleante Aécio Neves não convence nem os tucanos –, ela só tem o discurso moralista como arma. Como no passado, a direita mais suja do que pau de galinheiro vai insistir no falso discurso ético. Ela também apostará no quanto pior, melhor – no caos econômico. Mas não tem segurança sobre esta hipótese.

Já as forças de sustentação do governo estão na defensiva. Durante o julgamento do “mensalão”, a visão pragmática, que se exacerba em períodos eleitorais, acabou vingando e a reação à politização do processo foi tímida – para não dizer inexistente. Agora, com o tiroteio deflagrado a partir do caso Rosemary e das acusações do chefe do valerioduto, até se esboçou uma reação. Mas ainda há muita gente que vacila e teme o confronto, que prefere os conchavos de bastidores à politização da sociedade. Lamentável!

6 comentários:

  1. É desalentador. É um desencanto. Esses srs. acham que tudo começa neles e termina neles. Seria o mesmo que os Generais, antes de combater Hitler, fossem falar com o próprio para um "acordinho" de ultima hora. E o povo, a sociedade que esses Generais estavam ali a representar? Que se lixem. Que se virem. A FALTA DE VONTADE DE AGIR EM CAUSA PRÓPRIA E DA SOCIEDADE É CRIME. A COVARDIA TEM VÁRIAS MASCARAS. A SOCIEDADE NÃO ACEITA NENHUMA DELAS. Que esses senhores e senhoras tenham seus nomes incluidos no "LIVRO" DO ESQUECIMENTO. Eles não merecem nada alem do entulho, do escombro, do lixo da história, sobre suas biografias.

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  2. Dá até desânimo defender o PT e o governo.A gente só faz isso por convicção mesmo.

    Até quando setores importantes do partido vão alimentar a ilusão de que é possível conviver de forma civilizada com a oposição,seja a partidária ou midiática?Putz,são dez anos de poder e dez anos de ataques diários do chamado PIG.O que falta para o PT reagir?Mesmo esse esquerdismo prá lá de light do PT atual não é engolido pela casa grande.

    Tomara que o PT recupere o espírito combativo de outrora antes que seja tarde demais.Afinal de contas,2014 já começou.

    Gabriel Braga

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  3. Da mesma forma que pedimos a não judicialização da politica, pedimos que o que cabe ao Congresso fique no Congresso, o que cabe a justiça fique na justiça.
    Eu sinceramente não vejo no que a chamada do FHC vai acrescentar ao julgamento do mensalão mineiro.

    A esperança que o Barbosa fosse isento se acabou e tudo que lá tinha nada mais restou.

    O mensalão mineiro não será julgado, pois já foi desmembrado e as falácias de Joaquim nada mais são que protocolo para se dizer isento.

    O governo FHC foi um dos mais corruptos, ele tirou vantagens da roubalheira só que segundo o codigo penal ele caiu na faixa que não pode ser preso. Tudo bem, ser processado e condenado a uma pena de acordo com sua idade penal é possivel, mas ainda pode alegar que não tinha dominio do fato e o Supremo acatará.

    O ataque ao Lula é nojento, mas o que o congresso fará ao chamar o FHC? Ele será tratado como vitima de petistas com sede de sangue a um homem octogenária levado injustamente ao constrangimento.
    No meio da inquirição, veremos que os lucros serão menores do que se esperava, nem paga a conta de luz.

    Para mim não interessa o constrangimento do FHC, me interessa a injustiça ter como ser reparada. Não estou agora com sede de vingança, e atacar não seria a busca de justiça.

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  4. Lamentável e irritante!
    Sem a politização da sociedade,a qualquer hora, a oposição vai conseguir o que ela quer:derrubar um a um. E quem vai perder com isso? O povo, o Brasil, o mundo.

    Elisa

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  5. Walter Pinheiro antes eu o chamava de companheiro votei te apoiei como deputado em todas as suas eleições lá naquele longiquo interior no semi -árido baiano mas......minha decepção com vc hoje é demais .....onde está sua hombridade ....depois que se elegeu senador virou......um filhote de ACM....desce deste salto e volte a brigar como quando vc começou conosco que não temia-mos e nós continuamos não temendo nada ...a Privataria Tucana os descalabros de Furnas tem de vir a tona ...não ponha o rabo entre as pernas como fez o Gedel...

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  6. Concordo com aqueles que não acreditam nessa falsa questão de "conciliação" com a oposição; faz tanto mal quanto acreditar em cegonha.
    Também concordo com os que sabem que é de pouca eficácia atirar para todos os lados, dispersando energias e aumentando a nebulosidade do ambiente.
    Estou de acordo com os que vêem um alvo muito preciso e que nãopode sair de pauta: o julgamento urgente do mensalão que não é "mineiro" e sim tucano, o pai dos mensalões.
    É aí que enfrentaremos tucanos, PIG e STF. A população entenderá com clareza o que se passa.

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