Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Senhoras e senhores: antes de tudo, excluo os falsamente indignados, aqueles que usam o episódio com finalidades meramente políticas.
Dirijo-me apenas aos sinceramente indignados.
Isto posto, queria dizer o seguinte. Indignação é um bem que devemos usar com cálculo e reflexão demorada, para que não o gastemos erradamente. Se desperdiçamos indignação nas causas ruins, ela nos faltará nas boas.
Genoíno, em quem aliás jamais votei, tomou posse amparado na Constituição. Segundo ela, cabe ao Congresso, e apenas a ele, cassar mandatos. Não é atributo do STF, embora os integrantes deste tenham se concedido esse poder.
Genoíno – cujo patrimônio se resume a uma casa no Butantã, em São Paulo – tinha todas as razões para tomar posse, e nenhuma para não tomar.
Sabemos todos as circunstâncias em que ele foi condenado. No calor dos acontecimentos nos foi dada a oportunidade de conhecer o caráter dos juízes que o condenaram.
Luís Fux, por exemplo, foi buscar o apoio de Zé Dirceu para ser nomeado para o STF mesmo sabendo que teria que julgá-lo, num conflito de interesses que passará para a história como um dos piores momentos da justiça nacional.
Senhoras e senhores: caso vocês tenham lido uma só recriminação à conduta de Fux nos editoriais dos grandes jornais brasileiros, me avisem, por favor.
Joaquim Barbosa comandou as condenações, e também sobre ele soubemos o caminho que percorreu até o Supremo. Impôs sua presença a Frei Betto, então influente no governo, porque sabia que Lula procurava um ministro negro – ou por demagogia ou pela causa anti-racismo, não importa.
E depois JB também foi atrás de apoio de poderosos que poderiam ajudá-lo a realizar suas ambições na carreira.
Senhoras e senhores: passo por cima da controvertida Teoria do Domínio dos Fatos, uma gambiarra jurídica que, se bem usada, permite condenações sem provas convencionais. Se mal usada, facilita aberrações.
Também aí, a questão está em aberto. Cada qual que tire suas conclusões, democraticamente. Lembremos apenas que uma mentira repetida mil vezes continua a ser isso, uma mentira.
O que é indiscutível é que foi um julgamento muito mais político do que técnico. Também parece haver consenso em que os holofotes pesaram sobre os juízes, que evidentemente sabiam que só seriam festejados pela mídia se condenassem.
Também está fora de discussão a bravata do juiz Celso Mello ao dar seu voto decisivo contra os réus. Sem nenhuma necessidade, ele afrontou o Congresso.
Senhoras e senhores: quem foi eleito pelo povo foram os parlamentares, e não os juízes do STF.
Diante de tudo isso, restaria a Genoíno outro caminho se não tomar posse?
Se muitos brasileiros questionam o desempenho do Supremo, que dirá ele? Tomar posse – dentro da Constituição – é uma forma de ele manifestar seu inconformismo com o STF.
É um gesto tão aceitável e tão natural como foi o olhar matador que Dilma dirigiu a um Barbosa estranha e unilateralmente sorridente no enterro de Niemeyer.
Senhoras e senhores: volto ao princípio. Indignação é um sentimento que, como tudo, tem limites.
Indignação, para ficarmos num caso recente, cai muito melhor nas circunstâncias em que se deu a morte do rapper DJ Lah.
Sinceramente.
Dirijo-me apenas aos sinceramente indignados.
Isto posto, queria dizer o seguinte. Indignação é um bem que devemos usar com cálculo e reflexão demorada, para que não o gastemos erradamente. Se desperdiçamos indignação nas causas ruins, ela nos faltará nas boas.
Genoíno, em quem aliás jamais votei, tomou posse amparado na Constituição. Segundo ela, cabe ao Congresso, e apenas a ele, cassar mandatos. Não é atributo do STF, embora os integrantes deste tenham se concedido esse poder.
Genoíno – cujo patrimônio se resume a uma casa no Butantã, em São Paulo – tinha todas as razões para tomar posse, e nenhuma para não tomar.
Sabemos todos as circunstâncias em que ele foi condenado. No calor dos acontecimentos nos foi dada a oportunidade de conhecer o caráter dos juízes que o condenaram.
Luís Fux, por exemplo, foi buscar o apoio de Zé Dirceu para ser nomeado para o STF mesmo sabendo que teria que julgá-lo, num conflito de interesses que passará para a história como um dos piores momentos da justiça nacional.
Senhoras e senhores: caso vocês tenham lido uma só recriminação à conduta de Fux nos editoriais dos grandes jornais brasileiros, me avisem, por favor.
Joaquim Barbosa comandou as condenações, e também sobre ele soubemos o caminho que percorreu até o Supremo. Impôs sua presença a Frei Betto, então influente no governo, porque sabia que Lula procurava um ministro negro – ou por demagogia ou pela causa anti-racismo, não importa.
E depois JB também foi atrás de apoio de poderosos que poderiam ajudá-lo a realizar suas ambições na carreira.
Senhoras e senhores: passo por cima da controvertida Teoria do Domínio dos Fatos, uma gambiarra jurídica que, se bem usada, permite condenações sem provas convencionais. Se mal usada, facilita aberrações.
Também aí, a questão está em aberto. Cada qual que tire suas conclusões, democraticamente. Lembremos apenas que uma mentira repetida mil vezes continua a ser isso, uma mentira.
O que é indiscutível é que foi um julgamento muito mais político do que técnico. Também parece haver consenso em que os holofotes pesaram sobre os juízes, que evidentemente sabiam que só seriam festejados pela mídia se condenassem.
Também está fora de discussão a bravata do juiz Celso Mello ao dar seu voto decisivo contra os réus. Sem nenhuma necessidade, ele afrontou o Congresso.
Senhoras e senhores: quem foi eleito pelo povo foram os parlamentares, e não os juízes do STF.
Diante de tudo isso, restaria a Genoíno outro caminho se não tomar posse?
Se muitos brasileiros questionam o desempenho do Supremo, que dirá ele? Tomar posse – dentro da Constituição – é uma forma de ele manifestar seu inconformismo com o STF.
É um gesto tão aceitável e tão natural como foi o olhar matador que Dilma dirigiu a um Barbosa estranha e unilateralmente sorridente no enterro de Niemeyer.
Senhoras e senhores: volto ao princípio. Indignação é um sentimento que, como tudo, tem limites.
Indignação, para ficarmos num caso recente, cai muito melhor nas circunstâncias em que se deu a morte do rapper DJ Lah.
Sinceramente.
Paulo Nogueira
ResponderExcluirMESTRE ANTONIO CANDIDO PARA GENOINO “OS QUE TE CONHECEM NUNCA TIVERAM UM MINUTO DE DÚVIDA”
Em http://mariafro.com/2013/01/08/mestre-antonio-candido-para-genoino-os-que-te-conhecem-nunca-tiveram-um-minuto-de-duvida/comment-page-1/#comment-56640
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... Somente um mestre - e da estatura moral -, a exemplo do eminente Antonio Cândido, poderia traduzir em tão poucas palavras [quase] toda a dimensão do sujeito histórico José Genoino Guimarães Neto (Quixeramobim, Ceará, 3 de maio de 1946)!...
... Muito obrigado, mestre Antonio Cândido: por ensinar-nos mais um pouco acerca da vida deste conspícuo brasileiro...
Somente a estupidez dos beócios justifica as diatribes perpetradas contra o egrégio brasileiro José Genoino!...
(... A verdadeira história do Brasil saberá, um dia, definitivamente, reconhecer os legados destes dois sapientes, honestos e impávidos brasileiros: José Genoino e Antonio Cândido...)
Saudações democráticas, progressistas, civilizatórias, nacionalistas e antigolpistas,
BRASIL NAÇÃO - em homenagem ao José Genoino e ao Antonio Cândido!
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo
"No calor dos acontecimentos nos foi dada a oportunidade de conhecer o caráter dos juízes que o condenaram", "parece haver consenso em que os holofotes pesaram sobre os juízes, que evidentemente sabiam que só seriam festejados pela mídia se condenassem". Pelo critério de sua avaliação o ministro Dias Toffoli deve ter um bom carater e não teria nenhuma preocupação com os holofotes, e no entanto, também condenou o Genoino. Repeito sua posição e se me permite quero deixar aqui o que penso sobre o que aconteceu com Genoíno. Usarei uma parábola. Um pai exemplar, correto em todas as suas atitudes (José Genoíno) cria um filho (PT) que até sua idade adulta, antes de assumir grandes responsabilidades foi um filho que honrou o pai, qdo assumiu uma grande função, foi levado por más companhias e passou a cometer delitos e o pai achava que os delitos não eram graves pois o filho faziam os lucros dos delitos se converterem em ajuda aos menos favorecidos, logo, os fins justificavam os meios. Daí nasce as surpresas de alguns, como um homem honrado pode ser preso simplesmente por apoiar o filho hobin hood. Obrigado se publicar minha singela opinião a respeito destes acontecimentos.
ResponderExcluirE parece que toda a defesa ao Genoíno tem a ver com Justiça, e não com política. Acho que muita gente já acha esse discurso de vítima do PT, enchimento de línguiça. Governista é governista!
ResponderExcluirNão costumo postar comentários, mas a indignação me é mais forte do que o conforto da poltrona.
ResponderExcluirO Brasil não mereceria a covardia de um combatente como Genoino. Bravo!
Esses caras do STF,não valem nada,principalmente esse Barbosa,uma tranqueira.
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