terça-feira, 15 de janeiro de 2013

GM ameaça demitir 1.500 metalúrgicos

 Foto: Flávio Pereira
Por Altamiro Borges

Na quinta-feira passada, cerca de 4 mil metalúrgicos de São José dos Campos, no interior paulista, realizaram um protesto em frente ao portão da GM. Com a manifestação, o sindicato da categoria deu início à jornada denominada “Janeiro Vermelho”, contra as demissões anunciadas pela multinacional estadunidense. Também houve uma passeata até a sede da prefeitura, na qual os presentes cobraram uma intervenção mais direta do novo prefeito, Carlinhos de Almeida (PT), que derrotou o longo reinado tucano no município.

Uma comissão de trabalhadores foi recebida pelo prefeito petista e também pela presidenta da Câmara Municipal, Amélia Naomi. Na audiência, ela cobrou que Carlinhos de Almeida intervenha junto à montadora, bem como busque ações junto ao governo federal para preservar os postos de trabalho. “Acreditamos que, neste momento, um pronunciamento contundente do prefeito contra os cortes seria um importante apoio político na defesa dos empregos”, afirmou o presidente do sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.

Carlinhos de Almeida expressou preocupação quanto às demissões e disse que vai “procurar mediar as negociações entre a montadora e o sindicato”. O prefeito deve se reunir com a direção da multinacional na próxima semana para discutir o assunto. Também ficou acertada a realização de uma audiência pública na Câmara Municipal para debater a questão dos empregos. A vereadora Amélia Naomi comprometeu-se a convocar representantes do sindicato e da empresa para expor seus argumentos à sociedade.

O clima entre os trabalhadores é de apreensão, mas há também muita disposição para enfrentar a empresa. Em novembro passado, a direção da GM reafirmou sua intenção de fechar o MVA (Montagem de Veículos Automotores, um dos principais setores da fábrica) e, como consequência, demitir mais de 1500 trabalhadores da planta de São José. Em 26 de janeiro se encerra o prazo do acordo firmado entre a empresa e o sindicato, que colocou 940 trabalhadores em lay-off (suspensão temporária do acordo de trabalho).

Este acordo só foi conquistado após intensas mobilizações. Os metalúrgicos deflagraram várias greves e realizaram inúmeros protestos na cidade, inclusive com a ocupação da Rodovia Presidente Dutra. Após a sua assinatura, o sindicato manteve o estado de alerta, com assembleias na fábrica e caravanas a Brasília. Em novembro, também ocorreu o Encontro Internacional dos Trabalhadores da GM, que reuniu operários de cinco países e aprovou um manifesto de apoio à luta dos metalúrgicos da GM de São José.

Os trabalhadores têm exigido uma postura mais contundente da presidente Dilma em defesa dos empregos. Argumentam que o governo já bancou vários subsídios, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), para as montadoras de automóveis e que elas não têm qualquer compromisso com a sociedade. A luta dos metalúrgicos da GM de São José dos Campos exige a ativa solidariedade do conjunto do sindicalismo brasileiro. O sectarismo, uma praga que contagia algumas tendências sindicais, deve ser superado nesta hora!

3 comentários:

  1. A ameaça de demissão me cheira a chantagem da GM para conseguir favores do governo. Eu acredito sinceramente que se a Dilma negasse qualquer ajuda a indústria automobilística "nacional" e, pelo contrário, baixasse o IPI dos autos populares importados, a GM, a Ford, a VW e a Fiat se preocupariam em parar de produzir grandes porcarias e acabariam se mexendo para não acabar com a boquinha que encontram em nosso país para sustentar suas matrizes.

    Marco.

    ResponderExcluir
  2. Caro MIro.

    Dentre os chamados "setores produtivos", que promovem aquecimento e enlouquecimento globais, está a indústria automobilística. Se continuarmos acelerando o crescimento da frota de veículos automotores, o que é favorecido com medidas governamentais que atendem aos interesses dessa indústria e da indústria petroquímica, sem análise de impacto geral sobre a sociedade, o fim da linha (ou melhor, a linha completamente congestionada) está próximo. As políticas públicas têm de atuar no sentido de extinguir esses setores. A redução do IPI para automóveis de uso individual, portanto, está na contra-mão da história, da sociedade, do clima. É um privilégio desnecessário para um setor que se diz "produtivo", mas que em essência é destrutivo e que chantageia governo e sociedade ao colocar os empregos dos "seus" trabalhadores sob a guilhotina, que é sabidamente nocivo para o conjunto da sociedade a médio e longo prazos. É preciso proteger os empregos dos trabalhadores através de programas públicos de treinamento e alocação em outros segmentos (por que não se incentiva a fabricação de painéis solares e geradores eólicos, de ondas e marés em escala?). Ou adota-se esse conjunto de ações interligadas, que requerem decisões firmes por parte do poder público, ou o legado das cidades será o de um verdadeiro inferno (congestionadas pelo excesso de veículos, poluídas pela escalada das emissões, alagadas pelas tempestades severas intensificadas pelo aquecimento global). Convido-os a lerem http://oquevocefariasesoubesse.blogspot.com.br/2013/01/transporte-individual-contra-mao-beco.html

    ResponderExcluir
  3. A GM, uma das montadoras de carroças brasileiras mais incompetentes (pelo menos aqui no Brasil ela só monta carroças), gosta de mamar os lucros proporcionados pela redução de IPI, manda sua grana para sua matriz e no final ainda demite funcionários. Em vez de demitir porquê não fecha logo e some do Brasil? Vai fazer pouquíssima falta. E os demitidos se realocam nas concorrentes.

    ResponderExcluir

Comente: