AFP / Issouf Sanogo |
A França, com apoio dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e de outros países ocidentais, desencadeou uma intervenção militar no Mali em socorro do governo de Bamako, cujas tropas enfrentam "grupos islamitas armados" que controlam o Norte do país.
Na passada quinta-feira, forças rebeldes – uma frente constituída por três formações, a Ansar al-Dine, a al-Qaeda do Magreb Islâmico (Aqmi) e o Movimento pela Unidade e a Jihad na África Ocidental (Mujao) – ocuparam a localidade de Konna e ameaçaram avançar em direção à capital, no Sul, que poderia cair "em poucos dias".
No dia seguinte, o exército regular maliano, apoiado por soldados nigerianos e pela aviação francesa, lançou uma contra-ofensiva a partir de Sévaré, no centro do país, e reconquistou a cidade.
Os franceses levam desde então a cabo operações de intenso bombardeamento de bases, campos de treino, depósitos e outras infra-estruturas dos insurgentes e estão a utilizar aviões de combate e helicópteros deslocados das suas bases militares no Chade e em Burkina Faso.
Os ataques aéreos são a componente "essencial" da intervenção, mas a operação implica forças especiais no terreno para ajudar os aviões a localizar os seus alvos. Paris enviou também tropas de elite para Bamako a fim de garantir a proteção da capital e a segurança dos seis mil franceses que ali vivem.
Em mais uma aventura imperial em África, a França conta, naturalmente, com a ajuda dos seus habituais aliados. Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a Dinamarca e "outros países" não especificados apoiam a intervenção militar com "ajuda logística" em matéria de transporte e telecomunicações.
Vários países da região – Nigéria, Níger, Burkina Faso, Togo e Senegal –, no quadro da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), já enviaram ou vão enviar para o Mali um total de mais de dois mil soldados. Por seu turno, a Argélia autorizou os aviões envolvidos na operação a utilizar "sem limitações" o seu espaço aéreo e decidiu encerrar a fronteira com o Mali.
Em Bruxelas, a NATO aplaudiu o rápido envio de tropas francesas para o Mali e, em Nova Iorque, o Conselho de Segurança, reunido na segunda-feira a pedido de Paris, mostrou "compreensão" pela ação militar ocidental naquele país africano.
O ministro francês da defesa, Jean-Yves Le Drian, justificou a intervenção como uma resposta a um pedido de ajuda apresentado pelo presidente interino maliano, Dioncounda Traoré. O objetivo do governo de François Hollande seria "a luta implacável contra o terrorismo" e evitar a implantação de um "estado terrorista" no Mali, cujo território desértico do Norte passou a ser controlado, desde princípios do ano passado, primeiro por um movimento independentista tuaregue e depois por grupos fundamentalistas islâmicos.
Os franceses – que estão a encontrar uma resistência tenaz dos rebeldes, para quem a agressão militar ocidental "abriu as portas do Inferno" – explicam que não vão permanecer no Mali «para sempre» e que as suas tropas deverão ser substituídas por uma força africana que garanta a integridade territorial do país, a reconciliação nacional e a aplicação das resoluções das Nações Unidas.
Operação fracassada na Somália
No outro lado de África, na Somália, ao mesmo tempo que iniciava a intervenção no Mali, a França conheceu um dos seus maiores fracassos militares dos últimos anos.
No sábado, um comando de forças especiais tentou sem êxito libertar, na zona de Bulo Marer, um agente secreto francês sequestrado em 2009, em Mogadíscio, por uma milícia somali. Os Estados Unidos, que mantêm uma base militar no estratégico Corno de África (no Djibuti), prestaram «ajuda técnica limitada» a esta operação na região.
Apesar dos importantes meios navais, aéreos e terrestres envolvidos, os atacantes foram repelidos "depois de violentos combates". As duas partes registaram baixas (dois franceses e 17 somalis) e o refém permanece nas mãos dos islamitas, que agora ameaçam julgá-lo e prometem retaliações com "consequências amargas" para a França.
Esta operação fracassada na Somália e a intervenção militar no Mali, ambas a pretexto de combate ao "terrorismo islâmico", levaram o presidente Hollande a ordenar o reforço da segurança em França com receio de atentados.
Nada de novo, pois. O imperialismo continua a evidenciar a sua natureza criminosa também em África, instigando golpes de Estado, promovendo revoltas ou intervindo militarmente, sempre com o propósito de perpetuar a exploração das riquezas do continente e a dominação dos seus povos.
Isso tudo porque o presidente francês é socialista. Pior, mtos acreditaram e continuam acreditando que Hollande é diferente de Sarkô.
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