Editorial do sítio Vermelho:
Com grande pompa, mas sem as ilusões e a euforia que se seguiu à sua primeira eleição, Barack Obama foi empossado neste início de semana para cumprir seu segundo mandato à frente do país que, sendo a maior potência mundial, é também uma força em relativo declínio, num mundo marcado por dilacerantes crises, explosivas contradições, instabilidade e transições acidentadas nos aspectos econômico e geopolítico.
Na praça em frente ao Capitólio, Obama falou para o público interno e o mundo. Uma festa bem coreografada, em que os símbolos são dispostos para transmitir uma imagem charmosa e mensagens amenas, despertar falsas expectativas de democracia, justiça, igualdade, multilateralismo e paz. Mas que não conseguem esconder a essência das coisas.
O discurso de posse foi recheado de platitudes, invocação dos “valores essenciais” da sociedade norte-americana – repetidos à exaustão como se não tivessem já degenerado, há muito tempo, desde que a “América” se transformou numa potência imperialista, agressiva e opressora. Apanágio da liberdade em palavras, na verdade, prisão de povos.
“Cada vez que nos reunimos para inaugurar um mandato presidencial, damos testemunho da força duradoura da nossa Constituição. Afirmamos a promessa de nossa democracia. (...) O que nos torna excepcionais – o que nos faz americanos – é a nossa fidelidade a uma ideia, articulada em uma declaração feita há mais de dois séculos”, disse o presidente reempossado utilizando uma enganosa retórica. Nada mais distante da realidade dos Estados Unidos e do mundo sob seu domínio imperial, do que o impulso democrático e revolucionário de dois séculos atrás.
O mesmo se pode dizer do abismo que separa qualquer outra potência imperialista atual das noções de democracia e justiça, haja vista a França, aliada de Washington, que despeja bombas em países da África e participa com fervor das guerras da Otan.
Em contraste com a retórica de Obama, cada vez que ocorre a investidura de um presidente à testa do poder nos Estados Unidos, os trabalhadores e os povos do mundo sabem tratar-se da posse de um gestor de negócios da grande burguesia monopolista-financeira que os oprime e massacra, e de um funcionário do avassalador complexo militar, avalista em última instância das políticas de imposição do poder imperialista pela força das armas.
Desde a primeira eleição de Barack Obama, em 2008, está em curso uma grande operação midiática voltada para maquiar a imagem do imperialismo norte-americano. Sua natureza, porém, mantém-se inalterável, pois à margem dos discursos que falam em paz, multilateralismo, direito internacional e diálogo, o que prevalece é uma política militarista e belicista, consistente em agredir povos e nações soberanas para saquear suas riquezas, em espalhar pelo mundo bases militares e em reforçar pactos militares e aparatos agressivos, como a Otan e a Quarta Frota.
Obama não deixou de exaltar os feitos de guerra da potência norte-americana, muito embora dissesse que a “segurança duradoura não requer uma guerra perpétua”, somente para manter a diferenciação tática com seu predecessor – que falava em “guerra permanente” – e com os trogloditas do Partido Republicano, cuja visão de liderança está diretamente ligada ao superdimensionamento da ação bélica dos Estados Unidos.
Mas, para de novo referir-nos à essência das coisas e não apenas à forma como são ditas, destaquemos que o discurso de Obama também conteve ameaças de guerra aos povos e alusões ao exercício da liderança do imperialismo norte-americano no mundo. Foi quando o presidente disse que se manterá “vigilante” em relação aos que “nos causariam mal”. Para que não fique dúvida da disposição do presidente, ele declarou com todas as letras: “Vamos defender o nosso povo e os nossos valores através da força das armas e do direito”.
A mensagem sobre a política externa imperial e intervencionista foi transmitida com toda a clareza também quando Obama disse que “a América continuará a ser a âncora de alianças fortes em todos os cantos do globo”, renovou a disposição para “gerenciar crises no exterior” e “apoiar a democracia” em todo o mundo, “porque os nossos interesses e nossa consciência nos obrigam a agir em nome daqueles que anseiam por liberdade”.
Quanto aos problemas domésticos, não são de fácil solução. O país encontra-se em crise econômica e vive uma explosiva crise fiscal. A recuperação econômica e a mitigação dos graves problemas sociais não são realizações factíveis no curto prazo de quatro anos.
O pacto entre democratas e republicanos alcançado no final de 2012 em torno do “abismo fiscal” é precário. O tema voltará à pauta legislativa em semanas. As previsões mais otimistas assinalam que o Tesouro estará de novo vazio no final de março. As razões da crise fiscal nos Estados Unidos não estão em fatores circunstanciais, mas estruturais. Ligam-se com a própria crise econômica e com os colossais gastos militares.
A verdade é que a economia norte-americana está à beira de um colapso porque a única maneira que tem de pagar as importações que a mantêm é pela emissão de mais dívida e impressão de mais dinheiro. O endividamento cada vez maior e a emissão de moeda minam o dólar como moeda de reserva mundial, fenômeno que muitos tentam ocultar, mas que constitui a própria essência dos problemas econômicos e financeiros que os Estados Unidos enfrentam, com devastadores efeitos para a economia e as finanças mundiais.
Por fim, em seu discurso Obama referiu-se aos agudos problemas sociais que afetam a população estadunidense, fazendo menções especiais à grave questão da violência, associada ao tema da posse indiscriminada de armas, os desequilíbrios ambientais, a opressão aos imigrantes, a discriminação aos gays. Os povos de todo o mundo se associam ao povo dos Estados Unidos nas suas lutas para a solução desses graves problemas.
Com grande pompa, mas sem as ilusões e a euforia que se seguiu à sua primeira eleição, Barack Obama foi empossado neste início de semana para cumprir seu segundo mandato à frente do país que, sendo a maior potência mundial, é também uma força em relativo declínio, num mundo marcado por dilacerantes crises, explosivas contradições, instabilidade e transições acidentadas nos aspectos econômico e geopolítico.
Na praça em frente ao Capitólio, Obama falou para o público interno e o mundo. Uma festa bem coreografada, em que os símbolos são dispostos para transmitir uma imagem charmosa e mensagens amenas, despertar falsas expectativas de democracia, justiça, igualdade, multilateralismo e paz. Mas que não conseguem esconder a essência das coisas.
O discurso de posse foi recheado de platitudes, invocação dos “valores essenciais” da sociedade norte-americana – repetidos à exaustão como se não tivessem já degenerado, há muito tempo, desde que a “América” se transformou numa potência imperialista, agressiva e opressora. Apanágio da liberdade em palavras, na verdade, prisão de povos.
“Cada vez que nos reunimos para inaugurar um mandato presidencial, damos testemunho da força duradoura da nossa Constituição. Afirmamos a promessa de nossa democracia. (...) O que nos torna excepcionais – o que nos faz americanos – é a nossa fidelidade a uma ideia, articulada em uma declaração feita há mais de dois séculos”, disse o presidente reempossado utilizando uma enganosa retórica. Nada mais distante da realidade dos Estados Unidos e do mundo sob seu domínio imperial, do que o impulso democrático e revolucionário de dois séculos atrás.
O mesmo se pode dizer do abismo que separa qualquer outra potência imperialista atual das noções de democracia e justiça, haja vista a França, aliada de Washington, que despeja bombas em países da África e participa com fervor das guerras da Otan.
Em contraste com a retórica de Obama, cada vez que ocorre a investidura de um presidente à testa do poder nos Estados Unidos, os trabalhadores e os povos do mundo sabem tratar-se da posse de um gestor de negócios da grande burguesia monopolista-financeira que os oprime e massacra, e de um funcionário do avassalador complexo militar, avalista em última instância das políticas de imposição do poder imperialista pela força das armas.
Desde a primeira eleição de Barack Obama, em 2008, está em curso uma grande operação midiática voltada para maquiar a imagem do imperialismo norte-americano. Sua natureza, porém, mantém-se inalterável, pois à margem dos discursos que falam em paz, multilateralismo, direito internacional e diálogo, o que prevalece é uma política militarista e belicista, consistente em agredir povos e nações soberanas para saquear suas riquezas, em espalhar pelo mundo bases militares e em reforçar pactos militares e aparatos agressivos, como a Otan e a Quarta Frota.
Obama não deixou de exaltar os feitos de guerra da potência norte-americana, muito embora dissesse que a “segurança duradoura não requer uma guerra perpétua”, somente para manter a diferenciação tática com seu predecessor – que falava em “guerra permanente” – e com os trogloditas do Partido Republicano, cuja visão de liderança está diretamente ligada ao superdimensionamento da ação bélica dos Estados Unidos.
Mas, para de novo referir-nos à essência das coisas e não apenas à forma como são ditas, destaquemos que o discurso de Obama também conteve ameaças de guerra aos povos e alusões ao exercício da liderança do imperialismo norte-americano no mundo. Foi quando o presidente disse que se manterá “vigilante” em relação aos que “nos causariam mal”. Para que não fique dúvida da disposição do presidente, ele declarou com todas as letras: “Vamos defender o nosso povo e os nossos valores através da força das armas e do direito”.
A mensagem sobre a política externa imperial e intervencionista foi transmitida com toda a clareza também quando Obama disse que “a América continuará a ser a âncora de alianças fortes em todos os cantos do globo”, renovou a disposição para “gerenciar crises no exterior” e “apoiar a democracia” em todo o mundo, “porque os nossos interesses e nossa consciência nos obrigam a agir em nome daqueles que anseiam por liberdade”.
Quanto aos problemas domésticos, não são de fácil solução. O país encontra-se em crise econômica e vive uma explosiva crise fiscal. A recuperação econômica e a mitigação dos graves problemas sociais não são realizações factíveis no curto prazo de quatro anos.
O pacto entre democratas e republicanos alcançado no final de 2012 em torno do “abismo fiscal” é precário. O tema voltará à pauta legislativa em semanas. As previsões mais otimistas assinalam que o Tesouro estará de novo vazio no final de março. As razões da crise fiscal nos Estados Unidos não estão em fatores circunstanciais, mas estruturais. Ligam-se com a própria crise econômica e com os colossais gastos militares.
A verdade é que a economia norte-americana está à beira de um colapso porque a única maneira que tem de pagar as importações que a mantêm é pela emissão de mais dívida e impressão de mais dinheiro. O endividamento cada vez maior e a emissão de moeda minam o dólar como moeda de reserva mundial, fenômeno que muitos tentam ocultar, mas que constitui a própria essência dos problemas econômicos e financeiros que os Estados Unidos enfrentam, com devastadores efeitos para a economia e as finanças mundiais.
Por fim, em seu discurso Obama referiu-se aos agudos problemas sociais que afetam a população estadunidense, fazendo menções especiais à grave questão da violência, associada ao tema da posse indiscriminada de armas, os desequilíbrios ambientais, a opressão aos imigrantes, a discriminação aos gays. Os povos de todo o mundo se associam ao povo dos Estados Unidos nas suas lutas para a solução desses graves problemas.
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