Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:
Saiu na CartaCapital – http://www.cartacapital.com.br/ – importante entrevista de Gilberto Carvalho com um balanço dos dez anos de PT no governo.
Trata-se de uma melancólica admissão da impotência dos governos trabalhistas para chegar ao povo, por causa da interdição do PiG.
O PiG trancou o Governo numa sala de tortura.
Não se ouve nada do lado de fora.
Segundo o secretário-geral da Presidência da República, com o tempo, a persistência golpista da minoria vai minar a hegemonia do PT.
O governo fala pouco – diz ele.
Quem manda não ter uma Ley de Medios ?
É possível que a ficha da Dilma tenha caído - foi o que ela demonstrou em rede nacional de tevê, ao desmentir o apagão urubólico: nunca dantes a Presidenta tinha desafiado a Globo.
Basta?
Gilberto Carvalho parece achar que não:
*****
GC: A expressão na comunicação é das minorias, não há expressão do pensamento da maioria. E dramático. Nós não conseguimos produzir um movimento no País que gerasse mobilização, novos valores, nova cultura. E aí, quando digo nós, faço uma distinção. E menos o governo, mais os movimentos sociais. Eu considero um milagre a gente ter ganho o governo, ter conseguido governar, fazer uma reeleição e depois uma eleição da Dilma. É um milagre ante o bombardeio diário que a gente sofre. Esse milagre só ocorreu pela transformação do País. Agora, há um limite. A persistência desses movimentos ideológicos pode fragilizar nossa relação com o povo, a compreensão do nosso projeto e o apoio ao nosso projeto. Por isso reclamo a necessidade de um movimento mais amplo.
CC: Há nos movimentos sociais, no entanto, uma visão de que a mobilização é tarefa do governo. Por que o governo não a cumpre?
GC: O governo cumpre parcialmente. Trabalha, dialoga, as conferências continuam. O estilo pessoal de Dilma é diferente do estilo de Lula, em termos de comunicação, mas a filosofia geral, de chamar à participação, de um modo ou de outro, prosseguiu. Agora, a gente não cumpre em sintonia porque é governo múltiplo com visões bastante diferentes internamente. Nem todo mundo no governo tem essa preocupação. Então, isso dificulta a nossa ação.
(…)
(…)
CC: O que pesa mais para o eleitor quando ele olha o governo: a transformação social ou a tese de que a essência do governo é a corrupção, sustentada no “mensalão”?
GC: O resultado das eleições de 2012 e a continuidade do apoio ao governo detectado nas pesquisas mostram que o eleitor não é tão permeável quanto certos setores da opinião pública sonhariam, à narrativa de que o PT é o inventor da corrupção e o mais corrompido. Mas cabe ter preocupação. Não pegou agora, mas não sei daqui a pouco, com tanta insistência. Me incomoda a gente apanhar tanto e reagir tão pouco. Me incomoda a gente ter a maioria dos meios de comunicação dando essa leitura da realidade e a gente não enfrentar um debate público. Nos falta iniciativa. E quando falo nós, não é só o governo. O governo fala pouco, mas na sociedade me impressiona também a falta de debates, de enfrentamento, por parte de intelectuais, de partidos mais à esquerda, movimentos sociais. Mesmo no Parlamento há um déficit. Não estamos na melhor fase de expressão e debates.
(…)
*****
Em tempo do amigo navegante Nabor:
Saiu na CartaCapital – http://www.cartacapital.com.br/ – importante entrevista de Gilberto Carvalho com um balanço dos dez anos de PT no governo.
Trata-se de uma melancólica admissão da impotência dos governos trabalhistas para chegar ao povo, por causa da interdição do PiG.
O PiG trancou o Governo numa sala de tortura.
Não se ouve nada do lado de fora.
Segundo o secretário-geral da Presidência da República, com o tempo, a persistência golpista da minoria vai minar a hegemonia do PT.
O governo fala pouco – diz ele.
Quem manda não ter uma Ley de Medios ?
É possível que a ficha da Dilma tenha caído - foi o que ela demonstrou em rede nacional de tevê, ao desmentir o apagão urubólico: nunca dantes a Presidenta tinha desafiado a Globo.
Basta?
Gilberto Carvalho parece achar que não:
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GC: A expressão na comunicação é das minorias, não há expressão do pensamento da maioria. E dramático. Nós não conseguimos produzir um movimento no País que gerasse mobilização, novos valores, nova cultura. E aí, quando digo nós, faço uma distinção. E menos o governo, mais os movimentos sociais. Eu considero um milagre a gente ter ganho o governo, ter conseguido governar, fazer uma reeleição e depois uma eleição da Dilma. É um milagre ante o bombardeio diário que a gente sofre. Esse milagre só ocorreu pela transformação do País. Agora, há um limite. A persistência desses movimentos ideológicos pode fragilizar nossa relação com o povo, a compreensão do nosso projeto e o apoio ao nosso projeto. Por isso reclamo a necessidade de um movimento mais amplo.
CC: Há nos movimentos sociais, no entanto, uma visão de que a mobilização é tarefa do governo. Por que o governo não a cumpre?
GC: O governo cumpre parcialmente. Trabalha, dialoga, as conferências continuam. O estilo pessoal de Dilma é diferente do estilo de Lula, em termos de comunicação, mas a filosofia geral, de chamar à participação, de um modo ou de outro, prosseguiu. Agora, a gente não cumpre em sintonia porque é governo múltiplo com visões bastante diferentes internamente. Nem todo mundo no governo tem essa preocupação. Então, isso dificulta a nossa ação.
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CC: Então, sem essa “busca ativa”, que no seu entender cabe primordialmente aos movimentos sociais, o projeto petista está ameaçado?
GC: A palavra “ameaçado” é um pouco forte para o momento. Eu diria que pode estar ameaçado a médio prazo. O cidadão comum é bombardeado. Nós acabamos de ver agora: criou-se um apagão que nunca existiu e isso se transformou numa crise. Se você lê os jornais, o Brasil está na bancarrota, a inflação está disparando. O martelar dessa visão, acompanhada de uma visão ideológica do individualismo, da violência, do consumismo, eu receio que comece, num determinado momento, a minar as bases de um projeto como o nosso. Não acho que se trata de algo iminente, relativa a 2014, conquanto valha a ressalva de que não podemos garantir uma eleição tranquila em 2014. É coisa de médio prazo.
GC: A palavra “ameaçado” é um pouco forte para o momento. Eu diria que pode estar ameaçado a médio prazo. O cidadão comum é bombardeado. Nós acabamos de ver agora: criou-se um apagão que nunca existiu e isso se transformou numa crise. Se você lê os jornais, o Brasil está na bancarrota, a inflação está disparando. O martelar dessa visão, acompanhada de uma visão ideológica do individualismo, da violência, do consumismo, eu receio que comece, num determinado momento, a minar as bases de um projeto como o nosso. Não acho que se trata de algo iminente, relativa a 2014, conquanto valha a ressalva de que não podemos garantir uma eleição tranquila em 2014. É coisa de médio prazo.
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CC: O que pesa mais para o eleitor quando ele olha o governo: a transformação social ou a tese de que a essência do governo é a corrupção, sustentada no “mensalão”?
GC: O resultado das eleições de 2012 e a continuidade do apoio ao governo detectado nas pesquisas mostram que o eleitor não é tão permeável quanto certos setores da opinião pública sonhariam, à narrativa de que o PT é o inventor da corrupção e o mais corrompido. Mas cabe ter preocupação. Não pegou agora, mas não sei daqui a pouco, com tanta insistência. Me incomoda a gente apanhar tanto e reagir tão pouco. Me incomoda a gente ter a maioria dos meios de comunicação dando essa leitura da realidade e a gente não enfrentar um debate público. Nos falta iniciativa. E quando falo nós, não é só o governo. O governo fala pouco, mas na sociedade me impressiona também a falta de debates, de enfrentamento, por parte de intelectuais, de partidos mais à esquerda, movimentos sociais. Mesmo no Parlamento há um déficit. Não estamos na melhor fase de expressão e debates.
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Em tempo do amigo navegante Nabor:
28 de janeiro de 2013
Ley de Medios já, claro, de acordo com a idéia do Franklin Martins:
Qualquer marco regulatório, segundo Franklin, tem que conter:
Ley de Medios já, claro, de acordo com a idéia do Franklin Martins:
Qualquer marco regulatório, segundo Franklin, tem que conter:
1) político não pode ter concessão de rádio-difusão; na verdade, ninguém que tenha foro especial;
2) concessionário não pode vender horário, não pode fazer sub-concessão;
3) concessão não pode ser vendida;
4) Conselho de Comunicação Social tem que funcionar;
5) a rede tem que ser neutra: o dono não pode levar vantagem;
6) o acesso tem que ser universal.
Ao defender que o governo assuma a liderança do debate público e transparente sobre o novo marco, Franklin acredita que há um terreno comum, que reúne todos em torno de uma nessa de negociação: a Constituição.
Todos têm que assumir o compromisso de que nada se fará à revelia da Constituição.
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