No início do ano, a mídia e os partidos de oposição ao governo Dilma pareceram tentar apelar a uma segunda estratégia no âmbito da guerra que desencadearam a partir, vá lá, do segundo ano do governo Lula (2004).
O desempenho modesto do PIB no ano passado e uma suposta “crise de abastecimento de energia elétrica” que culminaria em “racionamento” se associaram a outros factóides menores, induzindo estrangeiros que não conhecem o Brasil a imaginarem que o país está em ruínas.
Para tanto, matérias recentes de veículos da imprensa escrita britânica como The Economist e Financial Times, baseadas no noticiário da grande mídia tupiniquim sobre a nossa economia – e à revelia dos problemas sociais e econômicos ingleses, que aumentam sem parar –, colaboraram para essa visão absurdamente equivocada sobre o Brasil.
Supostos “especialistas” em economia dos quais Globo, Folha de São Paulo, Estadão e Veja lançam mão toda vez em que tentam convencer o Brasil e o mundo de que nossa economia está sendo mal gerida parecem ter apostado em que teriam sucesso simplesmente descrevendo uma realidade que o povo brasileiro não enxerga e não sente.
O fato é que o Brasil, do ponto de vista de seu povo, vai muito bem, obrigado, como disse o insuspeito colunista de Folha e O Globo Elio Gaspari, que, recentemente, espantou-se com o fato de que o sistema bancário brasileiro absorveu “uma Argentina” em número de novos correntistas.
Esse, porém, é apenas um dos sintomas – talvez o mais tênue – do espantoso êxito de nossas políticas econômica e social. O aumento exponencial dos negócios dos bancos é uma medida oriunda de uma ótica mercantilista da qual a grande imprensa oposicionista brasileira padece.
Os melhores indicadores para o sucesso que os governos do Brasil obtiveram de 2004 para cá no sentido de melhorar as condições de vida no país está expresso justamente em dois indicadores para os quais a direita midiática não dá a menor bola: pobreza e desigualdade.
E, para terminarmos de mensurar esse sucesso, basta comparar a situação social brasileira com a dos países ricos no âmbito de uma crise econômica internacional que vem sendo considerada por dez entre dez analistas econômicos como a maior da história.
Entre janeiro de 2011 e janeiro de 2012, a pobreza no Brasil caiu 7,9% e a desigualdade de renda continua caindo, conforme constatação da pesquisa De Volta ao País do Futuro, da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgada em meados do ano passado.
Segundo o coordenador da pesquisa, Marcelo Neri, a queda dessas chagas sociais ocorre em ritmo três vezes maior do que o sugerido pelas metas do Milênio das Nações Unidas (ONU). “O Brasil está na contramão de sua história pregressa e da de outros países emergentes e desenvolvidos”, asseverou o pesquisador.
De 2003 para cá, já são cerca de 40 milhões de pessoas (como diz Elio Gaspari, “Uma Argentina”) que subiram acima da linha da pobreza, passando a integrar o conjunto da sociedade com acesso ao sistema bancário, ao consumo e à educação.
Em 2012, o Brasil deve ter um dos seus mais baixos índices de desemprego da história, cerca de 5%, o que pode ser considerado, praticamente, como pleno emprego, se levarmos em consideração que a pesquisa do IBGE sobre emprego e renda desconsidera o trabalho informal.
Mas para mensurarmos o quanto o Brasil “Vai muito bem, obrigado”, basta olharmos para o que acontece no coração e pátria do capitalismo, os Estados Unidos, onde a pobreza não para de aumentar, ou mesmo na Europa, onde as condições de vida superam largamente a dos americanos.
A pobreza e a desigualdade de renda vêm crescendo assustadoramente nos Estados Unidos. 47 milhões de americanos, ou 15% da população do país, mergulharam abaixo da linha da pobreza.
Uma das evidências mais impressionantes desse processo é a versão americana das nossas favelas, comunidades formadas por barracas de camping que estão se espalhando como fogo pelos Estados Unidos, sendo vistas em mais de 50 cidades por todo o país.
No século XXI, o número de pobres nos Estados Unidos subiu 47%. Nos últimos quatro anos, aumentou em 60% o número de cidadãos daquele país que recorreram a programas sociais, um dos quais o tão criticado (pela mídia brasileira) Bolsa Família, que passou a ser adotado pelo governo Barack Obama, ainda que de forma meio cosmética…
Na Europa central, o quadro não é tão melhor. A taxa de desemprego na região é de 10,4%, ou 24 milhões de cidadãos da zona do euro. Os jovens são os mais atingidos, respondendo por 22,1% do total de desempregados.
As dívidas dos governos europeus também não param de subir. Na zona do euro, chegam a 87,4% do PIB, enquanto que, no Brasil, os débitos do governo passam um pouco de 30%. E cerca de um quarto dos europeus mergulhou em risco de pobreza, que só faz crescer ano a ano na região.
Um dado impressionante: pesquisa realizada pelo pesquisador britânico Danny Dorlling, da Universidade de Sheffield, mostrou que a desigualdade de renda na Inglaterra voltou ao que era em 1918.
Enquanto isso, entre 2011 e 2012, no Brasil, a distância entre os mais ricos e os mais pobres continuou caindo. O índice de Gini, no período, caiu de 0,53 para 0,51. No início do governo Lula, era de 0,589, após ter ficado praticamente igual ao longo do governo Fernando Henrique Cardoso.
Nesse contexto, os esforços da oposição formal e da informal (mídia) ao governo Dilma para tentarem convencer os brasileiros de que “o país vai muito mal, obrigado”, só podiam dar nisso: tanto o governo quanto sua titular batem seguidos recordes de popularidade.
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