Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
É a principal questão que emerge depois de seu pronunciamento, mais incisivo e mais enfático do que o habitual.
Dilma se dirigiu, inicialmente, a todos os brasileiros para anunciar que, a partir de agora, as contas de luz vão ficar 18% mais baratas. Mas depois falou diretamente, sem citá-la, à mídia. “Aqueles que estão sempre do contra vão ficando para trás”, disse ela.
Entre os governos de esquerda ou de centro esquerda da América do Sul, o brasileiro adotou sempre, primeiro com Lula e depois com Dilma, uma posição conciliatória perante adversários bem pouco cavalheirescos.
Pense em você. Se você grita numa discussão e seu oponente silencia, você tende a achar que ele está acuado, intimidado. E na maior parte das vezes você está certo. Então, você grita ainda mais, na crença de que assim vai vencer o confronto.
É mais ou menos o que vem ocorrendo no Brasil.
Em outros países, o cenário é diferente. Chávez, na Venezuela, respondeu sempre no mesmo tom a todos os ataques recebidos dos conservadores interessados em desestabilizá-lo e desmoralizá-lo.
A tevê de Gustavo Cisneros, o Roberto Marinho venezuelano, tratou os seguidores de Chávez de “macacos”. Mas Chávez chamou Cisneros de “mafioso”. Cisneros acabou baixando o tom, posteriormente. Em outro caso, Chávez não renovou a concessão de um barão que tramara sua derrubada num golpe que durou dois dias.
Na Argentina, Cristina Kirchner está em guerra aberta contra o Clárin, um grupo que floresceu, como a Globo, na ditadura militar e acabou se tornando virtualmente monopolista.
É previsível, hoje, que Kirchner vença o duelo – e isso significaria um Clárin bem menor do que é hoje, e moralmente derrubado. Poucos argentinos lamentarão.
No Equador, Rafael Correa se bate também francamente com os barões da mídia. A mídia equatoriana está quase toda na mão de grandes bancos, o que significa que a imprensa “livre” para bater em Correa não é nada livre para investigar o mercado financeiro.
O Brasil destoou dos vizinhos. Um dos maiores símbolos disso foi o comparecimento de Lula ao enterro de Roberto Marinho, a quem dedicou elogios absurdamente descabidos, vista a folha corrida de nosso companheiro jornalista das Organizações Globo.
Dilma ergueu a voz hoje, ainda que ligeiramente.
É uma nova fase? Aguardemos. A tática conciliatória deu no que deu. Passados dez anos, os resultados estão claros. Basta ver, na mídia, o crescimento avassalador do número de colunistas dedicados a dar pauladas todos os dias no governo. São os escaravelhos de que falou Boff, e são ubíquos e blindados. Podem cometer erros horrorosos que nada acontece: Merval enterrou Chávez há muito tempo, Mainardi anunciou Serra na presidência um ano antes das eleições de 2006, Kamel provou no JN que o atentado da bolinha de papel não era o atentado da bolinha de papel: os escaravelhos são o último reduto da impunidade. Não são cobrados sequer pelo fracasso em convencer os leitores a votar de outra forma.
Os dois governos petistas cometeram vários erros, e este Diário já falou disso muitas vezes. Mas o que a grande mídia vem fazendo extrapolou há muito os limites do jornalismo sério.
Não se trata de defender o governo e sim de proteger a dignidade no jogo político.
Para ver “jornalismo crítico” genuíno o brasileiro tem que ler jornais como o NY Times ou o Guardian: eles fiscalizam os governos, cobram, podem ser duros – mas você jamais verá neles qualquer coisa parecida com o que acontece no Brasil. A decência foi transposta faz muito tempo.
O que está por trás da campanha? O retorno a dias em que o BNDES dava empréstimos a amigos em condições privilegiadas, em que o Banco do Brasil trocava dívidas por anúncios – em que o Estado, em suma, era babá do chamado 1%.
Imagine a França em 1789. As empresas de mídia brasileiras estão hoje no papel da nobreza francesa de então, na defesa feroz de vantagens indefensáveis. É um grupo de empresas que louva a competição mas se agarra, feudalisticamente, a práticas anticapitalistas como a reserva de mercado para elas mesmas.
Dilma se cansou de apanhar calada?
Na Roma antiga, Cícero, cansado das tramas de Catilina, perguntou a ele: ‘Até quando você vai abusar da nossa paciência?”
Dilma pareceu a pique de dizer isso.
Estaria a paciência de Dilma chegando ao fim?
É a principal questão que emerge depois de seu pronunciamento, mais incisivo e mais enfático do que o habitual.
Dilma se dirigiu, inicialmente, a todos os brasileiros para anunciar que, a partir de agora, as contas de luz vão ficar 18% mais baratas. Mas depois falou diretamente, sem citá-la, à mídia. “Aqueles que estão sempre do contra vão ficando para trás”, disse ela.
Entre os governos de esquerda ou de centro esquerda da América do Sul, o brasileiro adotou sempre, primeiro com Lula e depois com Dilma, uma posição conciliatória perante adversários bem pouco cavalheirescos.
Pense em você. Se você grita numa discussão e seu oponente silencia, você tende a achar que ele está acuado, intimidado. E na maior parte das vezes você está certo. Então, você grita ainda mais, na crença de que assim vai vencer o confronto.
É mais ou menos o que vem ocorrendo no Brasil.
Em outros países, o cenário é diferente. Chávez, na Venezuela, respondeu sempre no mesmo tom a todos os ataques recebidos dos conservadores interessados em desestabilizá-lo e desmoralizá-lo.
A tevê de Gustavo Cisneros, o Roberto Marinho venezuelano, tratou os seguidores de Chávez de “macacos”. Mas Chávez chamou Cisneros de “mafioso”. Cisneros acabou baixando o tom, posteriormente. Em outro caso, Chávez não renovou a concessão de um barão que tramara sua derrubada num golpe que durou dois dias.
Na Argentina, Cristina Kirchner está em guerra aberta contra o Clárin, um grupo que floresceu, como a Globo, na ditadura militar e acabou se tornando virtualmente monopolista.
É previsível, hoje, que Kirchner vença o duelo – e isso significaria um Clárin bem menor do que é hoje, e moralmente derrubado. Poucos argentinos lamentarão.
No Equador, Rafael Correa se bate também francamente com os barões da mídia. A mídia equatoriana está quase toda na mão de grandes bancos, o que significa que a imprensa “livre” para bater em Correa não é nada livre para investigar o mercado financeiro.
O Brasil destoou dos vizinhos. Um dos maiores símbolos disso foi o comparecimento de Lula ao enterro de Roberto Marinho, a quem dedicou elogios absurdamente descabidos, vista a folha corrida de nosso companheiro jornalista das Organizações Globo.
Dilma ergueu a voz hoje, ainda que ligeiramente.
É uma nova fase? Aguardemos. A tática conciliatória deu no que deu. Passados dez anos, os resultados estão claros. Basta ver, na mídia, o crescimento avassalador do número de colunistas dedicados a dar pauladas todos os dias no governo. São os escaravelhos de que falou Boff, e são ubíquos e blindados. Podem cometer erros horrorosos que nada acontece: Merval enterrou Chávez há muito tempo, Mainardi anunciou Serra na presidência um ano antes das eleições de 2006, Kamel provou no JN que o atentado da bolinha de papel não era o atentado da bolinha de papel: os escaravelhos são o último reduto da impunidade. Não são cobrados sequer pelo fracasso em convencer os leitores a votar de outra forma.
Os dois governos petistas cometeram vários erros, e este Diário já falou disso muitas vezes. Mas o que a grande mídia vem fazendo extrapolou há muito os limites do jornalismo sério.
Não se trata de defender o governo e sim de proteger a dignidade no jogo político.
Para ver “jornalismo crítico” genuíno o brasileiro tem que ler jornais como o NY Times ou o Guardian: eles fiscalizam os governos, cobram, podem ser duros – mas você jamais verá neles qualquer coisa parecida com o que acontece no Brasil. A decência foi transposta faz muito tempo.
O que está por trás da campanha? O retorno a dias em que o BNDES dava empréstimos a amigos em condições privilegiadas, em que o Banco do Brasil trocava dívidas por anúncios – em que o Estado, em suma, era babá do chamado 1%.
Imagine a França em 1789. As empresas de mídia brasileiras estão hoje no papel da nobreza francesa de então, na defesa feroz de vantagens indefensáveis. É um grupo de empresas que louva a competição mas se agarra, feudalisticamente, a práticas anticapitalistas como a reserva de mercado para elas mesmas.
Dilma se cansou de apanhar calada?
Na Roma antiga, Cícero, cansado das tramas de Catilina, perguntou a ele: ‘Até quando você vai abusar da nossa paciência?”
Dilma pareceu a pique de dizer isso.
ResponderExcluir… [Eterna] Oposição ao Brasil, DIREITONA, fascista, terrorista, golpista de meia tigela… Sem proposições sérias, sem projeto de nação… ‘O cheiro dos cavalos ao do povo!’… “Elite estúpida que despreza as próprias ignorâncias”, lembrando um enunciado genérico do eminente pensador humanista e conspícuo escritor uruguaio Eduardo Galeano.
(“… A Burguesia fede!…” Poeta Cazuza)
http://letras.mus.br/cazuza/43858/
BRASIL NAÇÃO
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo
Não acho que a presidenta perdeu a paciência. Apenas deu um chega pra lá nessa galera de urubólogos que anda falando o que quer a respeito de tudo.
ResponderExcluirAliás, deveria fazer isso sempre que esses rola bostas se metem a donos da verdade (a deles, claro).
Já passou da hora de democratizar as comunicações. Na Inglaterra, a lei contra propriedade cruzada de mídia, que já é rigorosa, ficará ainda mais rigorosa com as mudanças a serem feitas neste ano. E o governo brasileiro assiste, calado, às mentiras do PIG, que podem causar até fuga de investimentos.
ResponderExcluirO Mensalão e a ingenuidade do PT
ResponderExcluirO mensalão passou e deixou atrás de si a realidade. O PT pagou o preço, antes dos demais, e pagou caro pelo esgotamento do modelo eleitoral e político brasileiro que não teve coragem nem vontade de mudar no tempo em podia ter feito.
Caixa dois ou compra de votos no varejo para aprovação no congresso seja lá do que for não importa mais. O fato é que em 1997 quando FHC, junto com a tropa de choque do PSDB, comprou no mesmíssimo congresso a emenda da reeleição ficou clara a eficiência do método mensaleiro.
O método foi refinado em Minas Gerais em 1998, na campanha para Governador deste Estado, pelo candidato do PSDB Eduardo Azeredo no que ficou conhecido como Valerioduto Tucano (clique). Evidentemente que o PT sabia. A questão em política não é não saber; é saber e provar. Esse processo se arrasta até hoje sem que nada tenha ainda acontecido com os fundadores da pedagogia mensaleira.
É claro que o Mensalão do PSDB pouco importa a grande mídia que está mais interessada na sua campanha de desgaste do PT e do Lula. Ingênuo foi o PT imaginar que ainda que fizesse um governo conservador e de pacto com todos os grupos de classe do país, que conseguiria aquilo que na Europa os partidos de esquerda conseguiram, cumplicidade das elites para realizar o projeto das elites.
Lá, as elites não se importam que os partidos de esquerda façam aquilo que se esperava que os conservadores fizessem, pouco importa quem faz desde que faça. Aqui, mesmo com o PT fazendo um governo que recebeu elogio de quem antes o próprio PT condenava, não foi o suficiente. As elites, capitaneada pela velha mídia e seus pseudo intelectuais, lideraram um combate sem quartel contra o metalúrgico analfabeto e seu partido.
O que o PT não entendeu é que no Brasil as elites tem um ódio de classe do povo. Ainda que o PT fizesse um governo ipses literes com os interesses das classes dominantes, e em larga medida fez, o fato é que ele não é da elite. As elites no Brasil são preconceituosas e não esperam que o PT faça aquilo que ela espera que apenas os seus façam. Ao contrário de boa parte do mundo no Brasil o dinheiro tem origem de classe. O PT imaginou que pudesse ter uma procuração que o autorizasse a representar quem nunca quis ser representada por ele.
Aqui mora o imenso amadorismo de quem jamais se esperava isso. O PT foi buscar no fundador do Mensalão tucano o background para fazer em seu governo aquilo que deveria ter sido exterminado numa reforma política e eleitoral que pusesse fim ao financiamento privado de campanha. O PT se deixou esquecer que nada em seu governo seria perdoado ainda que uma cópia das piores coisas feitas em governos passados, especialmente do PSDB.
O erro do PT foi ter feito enormes concessões programáticas imaginando que com isso seria entendido; o PT como uma evolução sem rupturas fazendo melhor para as elites aquilo que os filhos da elite, PSDB?, não conseguiram.
Um pedaço da simbologia do PT foi enterrado no mensalão. Cabe saber se o preço pago pelo partido vai redundar numa adstringência geral do sistema político brasileiro. Ou se significará apenas o esgarçamento da esquerda levado a cabo, a toque de caixa, pela velha mídia, eleita pelos setores conservadores como legitima oposição política no país. Luciano Alvarenga
Luciano Alvarenga,
ResponderExcluirQual é a sua?
Vc está aê, a fim de q? O PT tem seus defeitos, sim; defeitos e virtudes, q nenhum outro partido político existente, atá aqui, demonstrou. O PT é um partido vitorioso... Demonstrou q foi possível chegar onde se está, praticando Políticas Desenvolvimentistas, ao meio de total liberdade democrática e ao respaldo de uma ação de uma PF, q ele próprio; isso, com os Poderes Legislativos e Judiciário q se vê.
Minhas lembraças à turminha do PSOL