terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A jornada e os sonhos da juventude

Do sítio da UNE:

Sessenta e sete milhões: o que esse número representa? A população civil da União Europeia possui 67 milhões de armas; no Brasil, 67 milhões de pessoas têm acesso a internet; 67 milhões de reais foi o investimento da Petrobras para projetos culturais no ano passado de 2012. Um número que pode representar muito para alguns ou pouca coisa para outros.

Na tarde desse último sábado (23), no Sindicato dos Químicos em São Paulo, 67 milhões foi um número central, o foco de um importante encontro para debater o futuro do Brasil, seus avanços e transformações sociais.

Sessenta e sete milhões é, atualmente, a totalidade de jovens no Brasil, 2/3 da população economicamente ativa, uma parcela decisiva dos brasileiros que será responsável pelos rumos da nação nas próximas décadas. A juventude brasileira esteve representada no encontro, um ato preparatório para a Jornada de Lutas unificada, que será realizada em março e abril, por diversos movimentos.

Mais de duzentas pessoas, jovens vindos de movimentos ligados à educação, juventude, cultura, esporte, trabalho, gênero, questão racial, transporte e direito à terra no Brasil compareceram à reunião. Para a União Nacional dos Estudantes, uma das organizadoras, esse é um momento inédito pois, pela primeira vez, haverá uma coalização de forças juvenis para consolidar as principais bandeiras e reivindicações dos jovens brasileiros.

Para entender a atual situação brasileira no cenário econômico, social, político e cultural e, dessa maneira, tentar sincronizar os desafios da juventude nesses diferentes setores, houve uma grande análise de conjuntura pela parte da manhã. Participaram da discussão Felipe Altenfelder, do coletivo Fora do Eixo; Alfredo Júnior, da Juventude CUT; Raul Amorim, do MST; Daniel Iliescu, presidente da UNE; Manuela Braga, presidente da UBES; Carla Bueno, do movimento Levante Popular da Juventude; e Maria Júlia, da Marcha Mundial das Mulheres.

Unificada nas ruas do Brasil

Houve consonância de que é preciso uma verdadeira mudança nas questões que tangem a juventude e, para isso, é preciso que os movimentos se unifiquem e saiam às ruas reivindicando melhorias estruturais. A conversa foi bastante ampla pois cada debatedor conseguiu expor as dificuldades da área específica da qual representa.

Alfredo Santos Jr, da Juventude da CUT, fez uma grande análise a respeito da conjuntura política atual. “Nós não conseguimos, na correlação de forças da sociedade, nos apropriar dos avanços do governo”, pontuou.

Felipe Altenfelder, do Fora do Eixo, falou de um outro ponto pouco explorado nos movimentos sociais: a importância da construção de narrativas através das tecnologias digitais amplamente acessíveis. “Desse jeito, é possível fazer uma importante disputa simbólica. Temos que nos apropriar de todos os meios”, analisou.

Já Maria Júlia, da Marcha Mundial das Mulheres, trouxe a questão do machismo como um fator importantíssimo a ser considerado na luta de hoje. “Nossa batalha deve sempre conter uma perspectiva feminista”, acrescentou.

Daniel Iliescu, presidente da UNE, fez uma fala agregando todos os movimentos presentes. “Esse é um momento histórico, um marco importante da juventude brasileira. Esse novo tempo é tempo de ampliar a nossa voz. Até quando nos vamos nos conformar? Até quando vamos ficar calados diante de um governo que não tem projeto contra a desnacionalização? A educação é prioridade nos discursos, mas não se reflete no orçamento do país. Um novo caminho trilhado pelas mudanças começou!”, sinalizou.

Mobilizações no mês de março

A parte da tarde foi dedicada aos estados que estão organizando suas respectivas Jornadas de Lutas. Foram planejadas, de forma bastante aprofundada, as manifestações em cada canto do Brasil. Todas as informações a respeito das Jornadas de Lutas estaduais serão divulgadas mais para frente através do site oficial do movimento.

A carta aprovada

Ao fim do encontro, uma carta com a participação de todos os movimentos presentes foi aclamada publicamente. Ela é a tônica para as próximas batalhas que serão travadas.

Leia abaixo:

Unir a Juventude Brasileira: “Se o presente é de luta, o futuro nos pertence”! Che Guevara

As entidades estudantis, as juventudes do movimento social, dos trabalhadores/as, da cidade, do campo, as feministas, as juventudes partidárias, religiosas, LGBT, dos coletivos de cultura e das periferias se unem por um ideal: avançar nas mudanças e conquistar mais direitos para juventude.

É preciso denunciar o extermínio da juventude negra e das periferias a quem o estado só se apresenta através da violência. O mesmo abandono se dá no campo, que alimenta a cidade e segue órfão da Reforma Agrária e dos investimentos necessários à permanência da juventude no campo, de onde é expulsa devido à concentração de terras, à ausência de políticas de convívio com o semiárido. Já na cidade, a juventude encontra a poluição, a precarização no trabalho, a
ausência do direito de organização sindical, os mais baixos salários e o desemprego, fatores ainda mais graves no que diz respeito às jovens trabalhadoras.

Essa é a dura realidade da maioria da População Economicamente Ativa no país, e não as mentiras da imprensa oligopolizada, que foi parceira da ideologia do milagre brasileiro e cúmplice da ditadura, ao encobrir torturas e assassinatos e sendo beneficiária da monopolização ainda vigente. É coerente que ela se oponha à verdade e à justiça, que se cale ante as torturas e ao extermínio dos pobres e negros dos dias de hoje, que busque confundir e dopar a juventude,
envenenando a política, vendendo-nos inutilidades, reproduzindo os valores da violência, da homofobia, do machismo e da intolerância religiosa. mas eles não falam mais sozinhos: estamos aqui pra fazer barulho.

Queremos cidades mais humanas em vez de racismo, violência e intolerância. Queremos as garantias de um estado laico, democrático, inclusivo, que respeite os Direitos Humanos fundamentais, inclusive aos nossos corpos, à liberdade de orientação sexual e à identidade de gênero, num ambiente de liberdade religiosa.

Queremos reformas estruturais que garantam um projeto de desenvolvimento social e que abram caminhos ao socialismo. Lutamos por um desenvolvimento sustentável, solidário, que rompa com os valores do patriarcado, que assegure o direito universal à educação, ao trabalho decente, à liberdade de organização sindical, à terra para quem nela trabalha e o direito à verdade e à justiça para nossos heróis mortos e desaparecidos.

Para enfrentar a crise é preciso incorporar a juventude ao desenvolvimento do país. Incluir o bônus demográfico atual exige uma política econômica soberana que valorize o trabalho, a produção, o investimento e as políticas sociais, e não a especulação. Esse é o melhor cenário para tornar realidade os direitos que queremos aprovados no estatuto da juventude.

Iniciamos aqui uma caminhada de unidade e luta por reformas estruturais que enterrem o neoliberalismo e resguardem a nossa democracia dos retrocessos que pretendem impor os monopólios da mídia, ou golpes institucionais como os que ocorreram no Paraguai e em Honduras.

Desde essa histórica Plenária Nacional, unidos e cheios de esperança, convocamos a juventude a tomar em suas mãos o futuro dos avanços no Brasil, na luta pelas seguintes bandeiras consensualmente construídas:

1. Educação: financiamento público da educação
1.1. 10% PIB para Educação Pública
1.2. 100% dos royalties e 50% do fundo social do Pré-sal para Educação Pública
1.3 2% do PIB para Ciência, Tecnologia e Inovação
1.4 Por uma política permanente de valorização das bolsas de pesquisa
1.5 Democratização do acesso e da permanência na universidade
1.6 Pela expansão e a qualidade da educação do campo
1.7 Cotas raciais e sociais nas universidades estaduais
1.8 Curricularização da extensão universitária
1.9 Regulação e ampliação da qualidade, em especial, do setor privado

2. Trabalho – trabalho decente
2.1 Redução da jornada de trabalho sem redução de salário! 40 horas já!
2.2 Condições dignas de trabalho decente
2.3 Políticas que visem a conciliação entre trabalho, estudos e trabalho doméstico
2.4 Direito de organização sindical no local de trabalho
2.5 Contra a precarização promovida pela terceirização
2.6 Pela igualdade entre homens e mulheres no trabalho e entre negros/as e não negros/as

3. Por avanços na democracia brasileira – Reforma Política
3.1 Pela Reforma política
3.2 Combate às desigualdades sociais e regionais
3.3 Contra a judicialização da politica e a criminalização dos movimentos sociais
3.4 Pela auditoria da Divida Publica
3.5 Contra o avanço do capital estrangeiro na aquisição de terras e na Educação
3.6 Reforma agrária
3.7 Aprovação do Estatuto da Juventude

4. Diretos sociais e humanos: Chega de violência contra a juventude
4.1 Contra o extermínio da juventude negra
4.2 Contra a redução da maioridade penal
4.3 Garantia do direito à Memória, à Verdade e à Justiça e pela punição dos crimes da Ditadura
4.4 Garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, como à autonomia sobre o próprio corpo e o
combate à sua mercantilização, em especial das jovens mulheres
4.5 Pelo fim da violência contra as mulheres
4.6 Pela mobilidade urbana e o direito à cidade
4.7 Pelo direito da juventude à moradia
4.8 Desmilitarização da policia
4.9 Respeito à diversidade sexual, aos nomes sociais e criminalização da homofobia
4.10Apoio à luta indígena e quilombola e das comunidades tradicionais
4.11Contra a internação compulsória e pelo tratamento da dependência química através de uma
política de redução de danos
4.12Pelo direito ao lazer à cultura e ao esporte, inclusive com a promoção de esportes radicais

5. Democratização da comunicação de massas
5.1. Universalização da internet de banda larga no campo e na cidade
5.2 Políticas públicas para grupos e redes de cultura
5.3 Apoio público para os meios de comunicação da imprensa alternativa
5.4. Apoio ao movimento de software livre

Assinam este documento: ABGLT, ANPG; APEOESP; Associação Cultural B; Centro de
Estudos Barão de Itararé; CONAM, CONEM, Consulta Popular; ECOSURFI; Enegrecer;
FEAB; Federação Paulista de Skate; Fora do Eixo; Juventude da CTB; Juventude da CUT;
Juventude do PSB; Juventude do PT; Juventude Pátria Livre; Levante Popular da Juventude;
Marcha Mundial das Mulheres; MST; Nação Hip Hop Brasil; Pastoral da Juventude, PJMP,
REJU; REJUMA; UBES; UBM, UJS; UNE; UPES, Via Campesina.

2 comentários:

  1. porque ninguem fez (ainda) uma camiseta com a estampa do menino vitima, pra vender nos estadios.
    PODia ser gravada :

    KEVIN - no ceu não ha futebol.

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  2. #NÀO NOS REPRESENTAM
    #NÓS POR NÓS MESMOS

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