Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:
Na manhã desta sexta (01), uma roda de debates, promovida pela Secretaria de Direitos Humanos e Participação Social de São Paulo, aqui na Campus Party, percorreu a pergunta: como a administração pública pode criar mecanismos de diálogo aberto sobre direitos humanos no município? Calma, a frase é longa, mas a ideia é boa.
Uma quantidade incomodamente grande de paulistanos é homofóbica, machista, racista, preconceituosa. Violenta com pessoas com deficiência. Estúpida com quem não tem carro. Ignorante com quem não acredita em Jeová como seu deus supremo. Independentemente do posicionamento político, até porque idiotice não vê ideologia.
A discussão é longa, mas levantei alguns pontos no debate que compartilho com vocês. Primeiro, a administração municipal deveria criar espaços físicos e virtuais que promovam o contato entre grupos que sofrem preconceito e o restante dos moradores da cidade. Historicamente, mandamos quem foge do padrão “homem/mulher, brancos e cristãos” para guetos. Físicos e virtuais – uma vez que eles estão lateralmente nos locais que concentram audiência da internet. Defendemos que os membros desses guetos façam o que quiserem, desde que longe dos olhos dos “homens de bem”.
Até porque eventos de massa, como a parada do orgulho LGBTT, ainda são vistos por muitos como um grande carnaval e não como um momento de afirmação de identidade e de direitos.
Possibilitar o contato com o outro, com quem pensa de outra forma, com quem é fisicamente diferente, é fundamental para diminuir o preconceito. É um trabalho lento, mas fundamental, principalmente para as novas gerações. Não apenas abrindo espaço para a tolerância, mas indo além, de forma que conviver com a diferença seja um prazer.
Segundo, com a universalização do acesso à internet, o jornalista tradicional vai perdendo seu lugar no altar da comunicação. Nossa função está mudando, dada a quantidade de pessoas que se tornaram produtores de notícias. Como e sob qual ética é outra história, mas a mudança vem para bem. Esses novos produtores de notícias devem ir além de veicular informações sobre ações dos governos ou cobrar a fundamental transparência.
Usar a rede (internet), através do trabalho em rede (coletivo), para reunir informações e processá-las e, através do resultado, fornecer ferramentas para cobrar o poder público e exigir a elaboração ou o cumprimento de políticas públicas. Ou seja, é necessário qualificar a informação que circula na rede e não apenas obter e repassar o que aparece na tela. Investigar e analisar, assumir em uma versão 3.0 o trabalho que, até agora, era praticamente restrito aos jornalistas.
Um exemplo é a busca enlouquecida de internautas e, especificamente, jornalistas em saber quais casas noturnas têm ou não alvará nas grandes cidades brasileiras depois da tragédia em Santa Maria. Como já escrevi aqui, uma lista de alvarás não diz muita coisa, uma vez que o documento não garante que uma casa esteja OK. Há estabelecimentos que estão dentro das regras de segurança, mas não o possuem, e outros que estão fora, mas têm o documento. Há uma máfia municipal nessa área que, claro, não vai aparecer na transparência que o governo municipal quer dar postando alvarás na rede. O cidadão-jornalista pode ajudar indo além, investigando e denunciando os processos viciados.
Por fim, creio que se faz necessário resgatar algumas iniciativas que já foram vivenciadas em São Paulo e em outras cidades do país, como o orçamento participativo, além da reestruturação profunda dos conselhos. Quando tivemos essas experiências por aqui, a internet não era tão presente na vida de tantos como hoje.
A população não quer que a internet sirva apenas para a transparência sobre ações do poder público. Quer que ela possua ferramentas para participar diretamente das tomadas de decisões, seja influenciando no futuro do seu bairro e sua cidade.
Uma quantidade incomodamente grande de paulistanos é homofóbica, machista, racista, preconceituosa. Violenta com pessoas com deficiência. Estúpida com quem não tem carro. Ignorante com quem não acredita em Jeová como seu deus supremo. Independentemente do posicionamento político, até porque idiotice não vê ideologia.
A discussão é longa, mas levantei alguns pontos no debate que compartilho com vocês. Primeiro, a administração municipal deveria criar espaços físicos e virtuais que promovam o contato entre grupos que sofrem preconceito e o restante dos moradores da cidade. Historicamente, mandamos quem foge do padrão “homem/mulher, brancos e cristãos” para guetos. Físicos e virtuais – uma vez que eles estão lateralmente nos locais que concentram audiência da internet. Defendemos que os membros desses guetos façam o que quiserem, desde que longe dos olhos dos “homens de bem”.
Até porque eventos de massa, como a parada do orgulho LGBTT, ainda são vistos por muitos como um grande carnaval e não como um momento de afirmação de identidade e de direitos.
Possibilitar o contato com o outro, com quem pensa de outra forma, com quem é fisicamente diferente, é fundamental para diminuir o preconceito. É um trabalho lento, mas fundamental, principalmente para as novas gerações. Não apenas abrindo espaço para a tolerância, mas indo além, de forma que conviver com a diferença seja um prazer.
Segundo, com a universalização do acesso à internet, o jornalista tradicional vai perdendo seu lugar no altar da comunicação. Nossa função está mudando, dada a quantidade de pessoas que se tornaram produtores de notícias. Como e sob qual ética é outra história, mas a mudança vem para bem. Esses novos produtores de notícias devem ir além de veicular informações sobre ações dos governos ou cobrar a fundamental transparência.
Usar a rede (internet), através do trabalho em rede (coletivo), para reunir informações e processá-las e, através do resultado, fornecer ferramentas para cobrar o poder público e exigir a elaboração ou o cumprimento de políticas públicas. Ou seja, é necessário qualificar a informação que circula na rede e não apenas obter e repassar o que aparece na tela. Investigar e analisar, assumir em uma versão 3.0 o trabalho que, até agora, era praticamente restrito aos jornalistas.
Um exemplo é a busca enlouquecida de internautas e, especificamente, jornalistas em saber quais casas noturnas têm ou não alvará nas grandes cidades brasileiras depois da tragédia em Santa Maria. Como já escrevi aqui, uma lista de alvarás não diz muita coisa, uma vez que o documento não garante que uma casa esteja OK. Há estabelecimentos que estão dentro das regras de segurança, mas não o possuem, e outros que estão fora, mas têm o documento. Há uma máfia municipal nessa área que, claro, não vai aparecer na transparência que o governo municipal quer dar postando alvarás na rede. O cidadão-jornalista pode ajudar indo além, investigando e denunciando os processos viciados.
Por fim, creio que se faz necessário resgatar algumas iniciativas que já foram vivenciadas em São Paulo e em outras cidades do país, como o orçamento participativo, além da reestruturação profunda dos conselhos. Quando tivemos essas experiências por aqui, a internet não era tão presente na vida de tantos como hoje.
A população não quer que a internet sirva apenas para a transparência sobre ações do poder público. Quer que ela possua ferramentas para participar diretamente das tomadas de decisões, seja influenciando no futuro do seu bairro e sua cidade.
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