sábado, 23 de fevereiro de 2013

Clinton e os falsos moralistas

Por Altamiro Borges

Os discursos moralistas geralmente servem para acobertar as sujeiras dos políticos imorais. Que o diga Demóstenes Torres, o “mosqueteiro da ética” da Veja que foi cassado no Senado por suas ligações com o mafioso Carlinhos Cachoeira. Outro caso grotesco surge agora nos EUA. O ex-senador republicano Pete Domenici, que pediu o impeachment de Bill Clinton por causa das suas relações amorosas com Monica Lewinsky, assumiu nesta semana que manteve em segredo um filho fora do casamento por mais de 30 anos.

O direitista, que era exibido pela mídia ianque como um “líder ético e defensor da família”, confessou o adultério e o filho que teve com uma jovem de 24 anos nos anos 1970. A amante é filha de outro senador republicano. Domenici está com 80 anos e foi eleito várias vezes pelo estado do Novo México. Em 2009, ele se aposentou. Há dez anos, num famoso discurso no Senado, o republicano pediu o impeachment de Clinton com o argumento de que o democrata havia mentido à nação ao esconder o seu caso extraconjugal.

Ele só não contou, na época, que teve um filho com Michelle Laxalt, filha do senador e governador Paul Laxalt, um amigo íntimo de Ronald Reagan. O menino, chamado Adam, é hoje um homem de 34 que trabalha como advogado em Las Vegas. Domenici só confirmou o adultério porque um tabloide obteve a informação. Em nota, o falso moralista disse estar “profundamente arrependido de seu comportamento”. Já Michele, hoje uma poderosa lobista em Washington, disse apenas que o caso foi “um erro de uma noite”.

No imperdível livro “O império contra-ataca”, o jornalista Argemiro Ferreira dá detalhes sobre as conspirações armadas pela direita ianque para desgastar o ex-presidente Bill Clinton. As denúncias sobre suas relações extraconjugais foram decisivas para domesticar o governo democrata e viabilizar a eleição do terrorista George W. Bush, em novembro de 2000. Ele mostra como parte da mídia ianque, aliada dos republicanos e aos tele-evangelistas, explorou ao máximo o caso Monica Lewinsky, que veio à tona em janeiro de 1998.

O tabloide Star, o jornal New York Post e a rede de televisão Fox, todas do magnata Rupert Murdoch, destruíram a reputação do democrata e deram generosos espaços aos direitistas, como o senador Pete Domenici. Assim como no Brasil, o falso moralismo serve a interesses dos mais repugnantes. Com o tempo, porém, alguns destes pulhas são descobertos. Domenici, no fim da vida; o demo Demóstenes Torres quando já anunciava sua candidatura presidencial; outros "paladinos da ética" ainda serão desmascarados!

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