Por Altamiro Borges
O direitista, que era exibido pela mídia ianque como um “líder
ético e defensor da família”, confessou o adultério e o filho que
teve com uma jovem de 24 anos nos anos 1970. A amante é filha de outro senador
republicano. Domenici está com 80 anos e foi eleito várias vezes pelo estado do
Novo México. Em 2009, ele se aposentou. Há dez anos, num famoso discurso no Senado,
o republicano pediu o impeachment de Clinton com o argumento de que o democrata
havia mentido à nação ao esconder o seu caso extraconjugal.
Os discursos moralistas geralmente servem para acobertar as
sujeiras dos políticos imorais. Que o diga Demóstenes Torres, o “mosqueteiro da
ética” da Veja que foi cassado no Senado por suas ligações com o
mafioso Carlinhos Cachoeira. Outro caso grotesco surge agora nos EUA. O ex-senador
republicano Pete Domenici, que pediu o impeachment de Bill Clinton por causa das suas relações amorosas com Monica Lewinsky, assumiu nesta semana que manteve
em segredo um filho fora do casamento por mais de 30 anos.
Ele só não contou, na época, que teve um filho com Michelle
Laxalt, filha do senador e governador Paul Laxalt, um amigo íntimo de Ronald Reagan. O menino, chamado Adam, é hoje um homem de 34 que
trabalha como advogado em Las Vegas. Domenici só confirmou o adultério porque um
tabloide obteve a informação. Em nota, o falso moralista disse estar “profundamente
arrependido de seu comportamento”. Já Michele, hoje uma poderosa lobista em Washington,
disse apenas que o caso foi “um erro de uma noite”.
No imperdível livro “O império contra-ataca”, o
jornalista Argemiro Ferreira dá detalhes sobre as conspirações armadas pela
direita ianque para desgastar o ex-presidente Bill Clinton. As denúncias sobre
suas relações extraconjugais foram decisivas para domesticar o governo
democrata e viabilizar a eleição do terrorista George W. Bush, em novembro de
2000. Ele mostra como parte da mídia ianque, aliada dos republicanos e aos
tele-evangelistas, explorou ao máximo o caso Monica Lewinsky, que veio à tona
em janeiro de 1998.
O tabloide Star, o jornal New York Post e a rede de
televisão Fox, todas do magnata Rupert Murdoch, destruíram a reputação do democrata
e deram generosos espaços aos direitistas, como o senador Pete Domenici. Assim
como no Brasil, o falso moralismo serve a interesses dos mais repugnantes. Com
o tempo, porém, alguns destes pulhas são descobertos. Domenici, no fim da vida;
o demo Demóstenes Torres quando já anunciava sua candidatura presidencial;
outros "paladinos da ética" ainda serão desmascarados!
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