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Em entrevista de quase meia página ao jornal Estadão, Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano, mostrou que anda meio descontrolado. Ele resolveu atacar Eduardo Campos, governador de Pernambuco, presidente do PSB e indefinido candidato às eleições de 2014. Afirmou que a legenda do pernambucano é uma “costela do PT” e insinuou que ele deveria fazer uma “terapia”. De imediato, Eduardo Campos reagiu: “[Aécio] sabe que eu estou muito mais tranquilo do que ele. Se eu preciso de um divã, ele precisa de dois”.
O nervosismo do senador mineiro pode indicar dois problemas. O primeiro é o temor de que a candidatura do dirigente do PSB roube alguns apoios (inclusive no campo financeiro), seduza os aliados mais vacilantes e ainda furte seus votos em certas regiões – principalmente no Nordeste. O segundo, mais grave, é que o lançamento de Eduardo Campos inviabilize de vez a sua candidatura. Aécio Neves sabe que não é consenso nem PSDB. Há resistências da bancada paulista e o vingativo José Serra ainda não desistiu do seu sonho.
Para piorar, o cambaleante presidenciável mineiro tem escancarado a sua fragilidade política. No discurso que fez na semana passada para se contrapor à festança dos dez anos do PT no governo, Aécio Neves não cativou nem sequer a mídia amiga. Como apontou Janio de Freitas, em artigo hoje na Folha, não deu para se aproveitar quase nada do seu “teatrinho mambembe”. O jornalista até criticou as dubiedades de Eduardo Campos, mas foi mais duro com o Aécio Neves. Vale conferir alguns trechos:
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Aécio Neves apoiou sua "denúncia" dos "13 erros" do governo petista na ideia de que "quem governa o Brasil é a lógica da reeleição". Muito bem visto. Com toda a certeza, Dilma Rousseff não governa com a lógica da derrota eleitoral. No que tem o exemplo deixado por todos os políticos. E, em particular, por um certo Aécio Neves no governo de Minas, que chegou até a espalhar no Estado placas de autopromoção em obras devidas ao governo federal. A queixa federal não deu resultado, mas a propaganda do então governador deu.
Desde o ano passado Fernando Henrique Cardoso e Sérgio Guerra, presidente do PSDB, insistiam com Aécio Neves, inclusive publicamente, para assumir o encargo de falar ao país pela oposição. Insistência duplamente justificada, por ser no partido o único possível candidato a presidente e pela oportuna ausência de liderança na oposição. Mas, se os erros e deficiências dos dois governos petistas fossem só os que Aécio Neves encontrou, para afinal lançar a pretendida liderança oposicionista, não haveria mesmo por que fazer oposição.
A crítica de maior alcance produzida por Aécio Neves, como uma síntese de todas, ficou na afirmação de que "tivemos um biênio perdido" (2011-12). Perdido por quem? Não por aqueles milhões que, não tendo emprego antes e não sendo herdeiros, obtiveram trabalho, salário, carteira assinada na redução do desemprego a históricos 4,4%. Também não por aqueles que, dizem os jornais apesar de si mesmos, entraram na classe média. Muito menos pelos resgatados de carências opressoras por programas assistenciais, pelas cotas universitárias, as oportunidades de consumo, e o mais que Aécio Neves sabe. (...)
Aécio Neves e Eduardo Campos não foram suficientes para evitar a atribuição a Lula e Dilma do lançamento da disputa sucessória. Para isso, bastou que Lula brindasse os petistas, na sua festa, com um "vamos reeleger Dilma!". Quem precipitou essa historiada de sucessão foi, de fato, a imprensa, a partir do blablablá de Lula candidato. Na realidade, Aécio Neves enfraqueceu-se muito; Eduardo Campos alimenta o noticiário criado em torno do seu nome, mas ainda não criou fatos que substituam a artificialidade; e Dilma, como sua Minas, está onde sempre esteve. Ou seja: a rigor, por ora nada de novo.
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