Por Cynara Menezes, na revista CartaCapital:
Um ano e meio após ter deixado o PV, Marina Silva anunciou a criação de um partido para chamar de seu, embora o nome da nova legenda ainda não esteja definido. Rede, um apelo à militância virtual, Eco e EcoBrasil são algumas das alternativas. A plenária de fundação está marcada para sábado 16 em Brasília. O prazo é fundamental para as pretensões eleitorais da ambientalista em 2014. É preciso viabilizá-lo no tempo determinado pela Justiça Eleitoral. O partido de Marina será o 31º do Brasil.
Até agora, cinco deputados federais se comprometeram a integrar a nova sigla, todos insatisfeitos com as atuais legendas: Alfredo Sirkis, do PV do Rio de Janeiro, Domingos Dutra, do PT do Maranhão, o pedetista Reguffe, do Distrito Federal, e os tucanos paulistas Walter Feldman e Ricardo Trípoli. O petista Alessandro Molon, do Rio, e o senador Pedro Taques, do PDT mato-grossense, mantêm conversas com Marina, mas até o momento não aceitaram o convite. O empresário Guilherme Leal, um dos sócios da empresa de cosméticos Natura, candidato a vice-presidente na chapa de Marina em 2010, também vai aderir, assim como a socióloga Maria Alice Setubal, herdeira do Banco Itaú.
Os ideólogos do partido esperam a adesão de 20 congressistas nos próximos meses, quando a estrutura estiver em funcionamento. A lei de fidelidade partidária não será empecilho: em 2011, ao analisar a criação do PSD pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, a Justiça Eleitoral decidiu que a fundação de uma nova sigla serve de justificativa para um parlamentar abandonar o seu partido de origem.
Alguns dos nomes citados na mídia nos últimos dias desmentiram a intenção de pular para a rede de Marina. O senador do PSOL Randolfe Rodrigues negou interesse em mudar de partido, o que já havia deixado claro em entrevista recente a CartaCapital. Rodrigues não considera a ex-ministra uma opção real à esquerda. “Meu caminho é o PSOL. Só sairia se o partido se distanciasse muito do que penso.” Já a ex-senadora Heloísa Helena, atual vereadora em Maceió, uma das fundadoras do PSOL, aderiu.
O senador Cristovam Buarque, do PDT, outro nome especulado, não só desmentiu sua migração para a nova legenda como afirmou a CartaCapital ter desencorajado Marina Silva a fundar um partido. Segundo o parlamentar, a ambientalista o procurou para conversar e ele lhe disse achar “um erro” a criação da sigla. “A Marina deveria ser uma líder suprapartidária, a líder de um movimento social sem vinculação a partidos”, defendeu. “Meu temor é de que ela caia na mesmice se tornando presidente de partido. O PT quando surgiu era novidade e caiu na mesmice. Nenhum partido está prestando, nem o meu. Os partidos já eram.”
O pedetista apresentou à amiga outras razões para desistir da ideia. “Será que é o caminho dela ser candidata a presidente, ter de adaptar seu discurso ao que o eleitor e as pesquisas qualitativas desejam? Candidatura aprisiona. Acho que o Brasil vai perder muito se a Marina não repetir a performance de 2010 e tiver menos votos. Seu capital político vai embora, uma pena.” O que Marina respondeu? “A resposta dela foi boa: que se não o fizesse seria covarde diante do que a história está colocando nas mãos dela neste momento.” Políticos, mesmo os experientes, o que não chega a ser o caso da ex-petista, não estão imunes a equívocos sobre a história e sobre as próprias glórias.
Nos últimos dias, começaram a ser ventiladas possíveis iniciativas do novo partido, que ainda precisa recolher 500 mil assinaturas para existir de fato. No programa, será incluído o veto às doações, durante a campanha, de fabricantes de armas, cigarros, bebidas alcoólicas e agrotóxicos. Estranhamente, inexistem menções a bancos ou empreiteiras, os maiores contribuintes de campanhas no Brasil. E fontes permanentes de escândalos. “É que fabricantes de cigarros, armas etc. são empresas que representam um ‘mal em si’”, explica o deputado Alfredo Sirkis, um dos primeiros a aderir à “Rede”.
Sirkis se diz favorável ao financiamento público de campanha, mas argumenta que, na falta de uma lei a respeito, o partido não terá como recusar contribuições de pessoas jurídicas para ter “o mínimo de competitividade”. “As empreiteiras e bancos não representam um ‘mal em si’, basta que os contratos sejam fiscalizados”, diz o deputado. “Acho ruim que tenha de existir esse tipo de doação, mas ninguém quer mudar. Talvez só 30% dos congressistas hoje. Não mudam porque foram eleitos no atual sistema e não querem quebrar o galho onde estão sentados.”
O novo partido terá, na opinião de Sirkis, de buscar a formação de uma frente para viabilizar a candidatura presidencial de Marina Silva em 2014, ou ela não terá os tão ambicionados minutos a mais no horário gratuito de televisão. Curiosamente, o parlamentar defende a cláusula de barreira para limitar o número de legendas e critica o surgimento de siglas que “servem apenas para políticos aspirarem cargos em eleições”.
Não é exatamente o que faz Marina? “No caso dela é menos um conforto e mais a segurança de não se submeter à direção de um partido pré-existente, como ocorreu com o PV”, diz Sirkis. Em julho de 2011, Marina deixou o Partido Verde, pelo qual havia concorrido à Presidência da República no ano anterior, em razão de desentendimentos com o presidente da sigla, José Luiz Penna, apelidado internamente de “Muamar Penna” por comandar o partido com braço de ferro.
Fato é que Marina deixou o PV por discordar de Penna, assim como havia deixado o PT para se lançar à Presidência. A determinada altura, especulou-se sobre sua migração para o PSOL, mas um detalhe a teria impedido: evangélica da Assembleia de Deus, a ex-ministra é criacionista, tese rejeitada pelo partido de esquerda. Sua companheira na nova aventura, Heloísa Helena, também é evangélica e isso não a impediu de permanecer no PSOL até agora.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em dezembro, Marina Silva aparecia em segundo lugar em todos os cenários, com índices entre 13% e 18%, bem atrás de Dilma Rousseff. A presidenta, segundo a projeção, seria reeleita no primeiro turno (alcançaria entre 53% e 57%). O mais provável, no caso de Marina, é que se trate de recall da última disputa presidencial. Para ir mais longe, a rede da presidenciável terá de ser lançada em mares mais profundos e revoltos da vida política nacional.
Um ano e meio após ter deixado o PV, Marina Silva anunciou a criação de um partido para chamar de seu, embora o nome da nova legenda ainda não esteja definido. Rede, um apelo à militância virtual, Eco e EcoBrasil são algumas das alternativas. A plenária de fundação está marcada para sábado 16 em Brasília. O prazo é fundamental para as pretensões eleitorais da ambientalista em 2014. É preciso viabilizá-lo no tempo determinado pela Justiça Eleitoral. O partido de Marina será o 31º do Brasil.
Até agora, cinco deputados federais se comprometeram a integrar a nova sigla, todos insatisfeitos com as atuais legendas: Alfredo Sirkis, do PV do Rio de Janeiro, Domingos Dutra, do PT do Maranhão, o pedetista Reguffe, do Distrito Federal, e os tucanos paulistas Walter Feldman e Ricardo Trípoli. O petista Alessandro Molon, do Rio, e o senador Pedro Taques, do PDT mato-grossense, mantêm conversas com Marina, mas até o momento não aceitaram o convite. O empresário Guilherme Leal, um dos sócios da empresa de cosméticos Natura, candidato a vice-presidente na chapa de Marina em 2010, também vai aderir, assim como a socióloga Maria Alice Setubal, herdeira do Banco Itaú.
Os ideólogos do partido esperam a adesão de 20 congressistas nos próximos meses, quando a estrutura estiver em funcionamento. A lei de fidelidade partidária não será empecilho: em 2011, ao analisar a criação do PSD pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, a Justiça Eleitoral decidiu que a fundação de uma nova sigla serve de justificativa para um parlamentar abandonar o seu partido de origem.
Alguns dos nomes citados na mídia nos últimos dias desmentiram a intenção de pular para a rede de Marina. O senador do PSOL Randolfe Rodrigues negou interesse em mudar de partido, o que já havia deixado claro em entrevista recente a CartaCapital. Rodrigues não considera a ex-ministra uma opção real à esquerda. “Meu caminho é o PSOL. Só sairia se o partido se distanciasse muito do que penso.” Já a ex-senadora Heloísa Helena, atual vereadora em Maceió, uma das fundadoras do PSOL, aderiu.
O senador Cristovam Buarque, do PDT, outro nome especulado, não só desmentiu sua migração para a nova legenda como afirmou a CartaCapital ter desencorajado Marina Silva a fundar um partido. Segundo o parlamentar, a ambientalista o procurou para conversar e ele lhe disse achar “um erro” a criação da sigla. “A Marina deveria ser uma líder suprapartidária, a líder de um movimento social sem vinculação a partidos”, defendeu. “Meu temor é de que ela caia na mesmice se tornando presidente de partido. O PT quando surgiu era novidade e caiu na mesmice. Nenhum partido está prestando, nem o meu. Os partidos já eram.”
O pedetista apresentou à amiga outras razões para desistir da ideia. “Será que é o caminho dela ser candidata a presidente, ter de adaptar seu discurso ao que o eleitor e as pesquisas qualitativas desejam? Candidatura aprisiona. Acho que o Brasil vai perder muito se a Marina não repetir a performance de 2010 e tiver menos votos. Seu capital político vai embora, uma pena.” O que Marina respondeu? “A resposta dela foi boa: que se não o fizesse seria covarde diante do que a história está colocando nas mãos dela neste momento.” Políticos, mesmo os experientes, o que não chega a ser o caso da ex-petista, não estão imunes a equívocos sobre a história e sobre as próprias glórias.
Nos últimos dias, começaram a ser ventiladas possíveis iniciativas do novo partido, que ainda precisa recolher 500 mil assinaturas para existir de fato. No programa, será incluído o veto às doações, durante a campanha, de fabricantes de armas, cigarros, bebidas alcoólicas e agrotóxicos. Estranhamente, inexistem menções a bancos ou empreiteiras, os maiores contribuintes de campanhas no Brasil. E fontes permanentes de escândalos. “É que fabricantes de cigarros, armas etc. são empresas que representam um ‘mal em si’”, explica o deputado Alfredo Sirkis, um dos primeiros a aderir à “Rede”.
Sirkis se diz favorável ao financiamento público de campanha, mas argumenta que, na falta de uma lei a respeito, o partido não terá como recusar contribuições de pessoas jurídicas para ter “o mínimo de competitividade”. “As empreiteiras e bancos não representam um ‘mal em si’, basta que os contratos sejam fiscalizados”, diz o deputado. “Acho ruim que tenha de existir esse tipo de doação, mas ninguém quer mudar. Talvez só 30% dos congressistas hoje. Não mudam porque foram eleitos no atual sistema e não querem quebrar o galho onde estão sentados.”
O novo partido terá, na opinião de Sirkis, de buscar a formação de uma frente para viabilizar a candidatura presidencial de Marina Silva em 2014, ou ela não terá os tão ambicionados minutos a mais no horário gratuito de televisão. Curiosamente, o parlamentar defende a cláusula de barreira para limitar o número de legendas e critica o surgimento de siglas que “servem apenas para políticos aspirarem cargos em eleições”.
Não é exatamente o que faz Marina? “No caso dela é menos um conforto e mais a segurança de não se submeter à direção de um partido pré-existente, como ocorreu com o PV”, diz Sirkis. Em julho de 2011, Marina deixou o Partido Verde, pelo qual havia concorrido à Presidência da República no ano anterior, em razão de desentendimentos com o presidente da sigla, José Luiz Penna, apelidado internamente de “Muamar Penna” por comandar o partido com braço de ferro.
Fato é que Marina deixou o PV por discordar de Penna, assim como havia deixado o PT para se lançar à Presidência. A determinada altura, especulou-se sobre sua migração para o PSOL, mas um detalhe a teria impedido: evangélica da Assembleia de Deus, a ex-ministra é criacionista, tese rejeitada pelo partido de esquerda. Sua companheira na nova aventura, Heloísa Helena, também é evangélica e isso não a impediu de permanecer no PSOL até agora.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em dezembro, Marina Silva aparecia em segundo lugar em todos os cenários, com índices entre 13% e 18%, bem atrás de Dilma Rousseff. A presidenta, segundo a projeção, seria reeleita no primeiro turno (alcançaria entre 53% e 57%). O mais provável, no caso de Marina, é que se trate de recall da última disputa presidencial. Para ir mais longe, a rede da presidenciável terá de ser lançada em mares mais profundos e revoltos da vida política nacional.
"Marina lança sua Rede"...
ResponderExcluir...alguém está a ouvire um 'plim-plim' ao fundo ou foi puro (e "sustentável") acaso?!!
Márccio Campos
rio de janeiro
p.s. que natura mais pura da blá-blárina...
já não chega este país BBBBB (bola-bunda-bebida-bobagem-bandalheira)...