segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O tempo de TV em 2014

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

O colunista do Estadão, José Roberto de Toledo, lembrou de um fator fundamental para se analisar objetivamente as condições eleitorais dos candidatos a presidência da república em 2014: o tempo de TV.



Segundo a apuração do Estado, Dilma terá 12 minutos e 51 segundos, por bloco de 25 minutos, quase quatro vezes mais que seu principal adversário, Aécio Neves, cujo tempo de propaganda eleitoral deverá ser de apenas 3 minutos e 25 segundos.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por sua vez, contará com somente 1 minuto e 45 segundos; e Marina Silva, 1,11 minuto.

Leia trecho da coluna de Toledo, explicando como os cálculos foram feitos:

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Por ora, eis o que Dilma tem no seu cronômetro, além dos 2 minutos e 49 segundos do PT: 2’26″ do PMDB; 1’19″ do PP; 1’10″ do PR; 44″ do PDT; 38″ do PTB; 27″ do PC do B e do PSC; 15″ do PRB, o tempo de nanicos; e, novidade da próxima eleição, o 1’39″ do PSD. Tudo isso somado aos cerca de 50 segundos a que todo presidenciável deverá ter direito e ela chega a 12’51″ de 25′. É um arco de tempos e forças bem mais poderoso do que o de 2010.

Enquanto isso, Aécio conta com os 1’43″ do PSDB; os 46″ do DEM; os 15″ do PPS; e se tiver, digamos, sorte, com os segundos de alguns nanicos. Não chega a quatro minutos. É insuficiente, mas é melhor do que a situação das “costelas do projeto petista”, como o tucano chamou as candidaturas de Marina e Eduardo Campos.

(…) Se tiver só o PSB a apoiá-lo, o governador de Pernambuco apareceria por apenas 1 minuto e 54 segundos a cada bloco de propaganda na TV. E Marina Silva, mesmo que atraia toda a bancada do PV para a sua rede, não passaria de 1’11″ – ou 11 segundos a menos do que apareceu na campanha de 2010. Campos e Marina estariam à mercê das circunstâncias.


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Neste final de semana, aconteceram algumas movimentações políticas importantes para 2014. Ainda no Estadão, foi publicada uma entrevista com Aécio Neves sobre as eleições de 2014 que produziu o primeiro sinal importante de que uma aliança entre Eduardo Campos e o PSDB era apenas um sonho impossível de Merval Pereira. A declaração de Aécio, de que Campos precisava de “um divã” para decidir se entrará na disputa como aliado ou oposição ao governo, levou o governador a responder que o tucano, ele sim, precisava de dois divãs.

Campos também foi vítima de fogo amigo disparado por Ciro Gomes, em entrevista a uma rádio cearense publicada no site Brasil 247. Mas o incêndio foi logo apagado pela intervenção do vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. De qualquer forma, Ciro não apita muito no PSB e seu estilo metralhadora giratória é manjado no meio político, que portanto já é vacinado contra ele. O irmão de Ciro, o governador do Ceará, tem sido, até o momento, partidário da manutenção da aliança com PT nas eleições de 2014.

A situação de Marina Silva, por sua vez, continua delicada. Ela parece ter convencido muito pouca gente sobre suas intenções. A única manifestação positiva que eu consegui colher na mídia, em vários dias, foi uma crônica de Affonso Romano Sant’anna, comparando as estratégias da verde para se posicionar politicamente a de uma senhora para achar seu cãozinho perdido.

O Globo de hoje dá mais uma paulada em Marina Silva. Novamente, os platinados pressionam a presidenciável a assumir uma candidatura assertivamente de oposição e sinalizar a possibilidade de aliança com o PSDB num segundo turno.

(…) para quem deseja o poder, o adversário a ser batido é o PT. O Rede faria aliança com o PSDB num eventual segundo turno no ano que vem? Em 2010, a ex-senadora não fez e liberou seus eleitores, forma dissimulada de ajudar no avanço de Dilma Rousseff para a vitória.

Enquanto Marina não aceitar essas condições, a mídia não lhe dará o apoio. Resta a saber se a verde cederá à chantagem. Se depender do sucesso das manifestações anti-Lula ou anti-Renan (são a mesma coisa) que aconteceram neste fim-de-semana, este modesto blogueiro aconselha a ex-ministra a não dar muita trela aos jornalões.

As passeatas malograram mais uma vez, mas não deixaram de receber forte repercussão da mídia, que estampou os micro-aglomerados com enorme destaque. O Globo deu quase metade da página 4.




Acredito que entre os cidadãos que protestam há mistura de indignação autêntica contra corrupção, antipetismo reacionário, udenismo, golpismo, leitura ingênua ou passiva da mídia conservadora, e oportunismo partidário. Mas todos esses entendem muito bem que a grande mídia é sua principal aliada. A mídia, por sua vez, continua estimulando sentimentos antipolítica, para fomentar na sociedade o desejo de procurar uma solução que não passe pela política, mas por setores como judiciário, ministério público e imprensa. Antes, aliaram-se aos gorilas de farda, agora flertam com os gorilas de toga.

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