Todo mundo agora é candidato a presidente em 2014. Além de Aécio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva, já se fala nos nomes de Fernando Gabeira, Cristovão Buarque e até Fernando Collor, fora os supermanicos de sempre. Os barões da mídia esfregam as mãos. Desesperados, desde já, para evitar que Dilma liquide a fatura no primeiro turno, incensam qualquer candidatura. Mas não escapam do efeito bumerangue. Com a oposição pulverizada, Dilma teria mais de 12 minutos no horário eleitoral, contra 3 de Aécio, em torno de 2 de Eduardo Campos e 1 minuto e pouco de Marina. Parabéns para os "gênios" do antipetismo.
"Gênios" que entraram em pane com o sucesso do ato festivo em homenagem aos 10 anos dos governos do PT. Não foi por outro motivo a reação furiosa dos tucanos e de seus sócios na mídia. Tudo porque Lula, Dilma e o PT ousaram comparar as realizações da era petista com os dois malfadados mandatos de FHC. Essa confrontação de dados revela um verdadeiro massacre das gestões petistas sobre as tucanas, seja qual for o quesito de comparação : geração de emprego, Índice de Gini ( que mede a desigualdade), aumento do salário mínimo e da massa salarial, reservas internacionais, dívida pública, investimento público e corrupção, entre muitos outros.
Aliás, sobre corrupção, Lula foi enfático: "Há duas formas de encarar problemas deste tipo : ou varrendo para debaixo do tapete ou investigando e divulgando tudo. E nunca antes na história deste país foram criados tantos mecanismos de transparência e de combate à corrupção."
Oxalá o evento "O decênio que mudou o Brasil" e os seminários e as caravanas com a presença de Lula representem uma inflexão do PT em direção à retomada de sua vocação militante e mobilizadora, superando o eleitoralismo exacerbado, o republicanismo ingênuo, o excesso de moderação política e a burocratização que vêm paralisando o partido, abrindo caminho para a oposição midiática-judiciária- parlamentar. Isso porque não basta liderar pesquisas eleitorais, vencer eleições e realizar bons governos. Um partido com as características e a história do PT não pode abdicar da disputa pelo imaginário coletivo, pelos corações e mentes das pessoas.
A propósito, a decisão do governo - verbalizada pelo secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cesar Alvarez - de não apoiar o debate sobre um novo marco regulatório das comunicações é, sob todos os aspectos, lamentável. E seria trágico se não fosse cômico o argumento utilizado por Alvarez : " Não haveria clima para o debate num ano pré-eleitoral". Primeiro que ano pré-eleitoral não é ano eleitoral, mas se o governo adota, publicamente, uma tese estapafúrdia como essa, então por que não abriu para consulta pública e enviou para o Congresso o projeto do novo marco regulatório em 2011 ou 2012 ? Fica feio para o governo Dilma tentar mascarar sua falta de coragem política de enfrentar o monopólio midiático com uma retórica que fere a inteligência alheia.
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