Por Luis Nassif, em seu blog:
O Brasil pode ter avançado em muitos pontos, mas a discussão sobre política monetária e fiscal ainda é um fast-food, de uma irracionalidade a toda prova.
Desde meados dos anos 90, amarrou-se a política a um conjunto de bordões ideológicos, em geral ecoados por analistas da mídia, sem nenhuma relação com o mundo real.
Sucessivos governos, Ministros da Fazenda, presidentes de Banco Central continuam presos a esse mantra e a paradigmas que já foram amplamente desmentidos pelos fatos.
*****
Tome-se a atual direção do Banco Central.
De 2011 para cá conseguiu feito extraordinário, que foi baixar a taxa Selic de 12,5% para 7,5%, bancando a aposta com o mercado e vencendo. No início da empreitada, era considerado temeridade baixar em meio ponto a taxa Selic. Baixou-se em 5 pontos e o mundo não se acabou.
Para chegar aí, no entanto, o BC curvou-se a uma linguagem esotérica, fundada muito mais na fé cega do que na faca amolada da razão.
*****
A Selic é considerada a taxa básica da economia, a partir da qual todas as demais taxas se formam. Os teóricos acreditam que mexendo no início da cadeia dos juros, o efeito se propagará até a ponta, chegando no consumidor. E, pela queda da demanda, desestimulando os reajustes de preços.
*****
Tem-se uma economia em que os consumidores pagam taxas de juros (depois de toda queda) de 4% ao mês ou 60% ao ano; pequenas e médias empresas (depois de toda queda) pagam taxas mínimas de 2% ao mês (na média, deve ser mais), ou 27% ao ano; e grandes empresas tomam empréstimos no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que é inferior à Selic e não é influenciada por seus movimentos.
Suponha um aumento de 0,5 ponto na Selic. Trata-se de taxa anual. Em termos mensais equivale a 0,04% (!).
Se esse aumento for integralmente repassado para os juros do consumidor, em lugar de taxas de 4% ao mês, ele pagará taxas de 4,04%. Em um financiamento de R$ 1.000,00 por 12 meses, a prestação do consumidor subirá de R$ 106,55 para R$ 106,80; a da pequena e média empresa de R$ 94,55 para R$ 94,79. A da grande empresa não sofrerá mudança.
Qualquer ser racional olhará esses números e constatará que a alta da Selic não terá nenhuma influência sobre decisões de consumo.
*****
O BC não sabe disso? Evidente que sabe. Basta um técnico versado em matemática financeira para matar a charada em dois tempos.
No entanto, tem-se uma discussão sem nexo entre analistas de mercado (loucos para romper a trajetória de queda da Selic) e o próprio BC, em torno da necessidade de aumento ou não os juros em função da alta da inflação.
Se quiser conter a demanda, bastará ao BC aumentar o imposto sobre operações financeiras, reduzir prazos de financiamento, exigir entradas maiores. O efeito será na veia. Mas fica-se discutindo o inócuo, uma taxa cujo único efeito é arrasar com os recursos orçamentários desviados para pagamento de juros.
*****
Hoje em dia, mudou a lógica dos verdadeiros formadores de opinião no mercado. A discussão em torno da Selic envolve apenas economistas de segunda mão, cuja única competência é discutir Selic; e jornalistas que repetem o que ouvem de suas fontes.
Não é sério.
Desde meados dos anos 90, amarrou-se a política a um conjunto de bordões ideológicos, em geral ecoados por analistas da mídia, sem nenhuma relação com o mundo real.
Sucessivos governos, Ministros da Fazenda, presidentes de Banco Central continuam presos a esse mantra e a paradigmas que já foram amplamente desmentidos pelos fatos.
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Tome-se a atual direção do Banco Central.
De 2011 para cá conseguiu feito extraordinário, que foi baixar a taxa Selic de 12,5% para 7,5%, bancando a aposta com o mercado e vencendo. No início da empreitada, era considerado temeridade baixar em meio ponto a taxa Selic. Baixou-se em 5 pontos e o mundo não se acabou.
Para chegar aí, no entanto, o BC curvou-se a uma linguagem esotérica, fundada muito mais na fé cega do que na faca amolada da razão.
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A Selic é considerada a taxa básica da economia, a partir da qual todas as demais taxas se formam. Os teóricos acreditam que mexendo no início da cadeia dos juros, o efeito se propagará até a ponta, chegando no consumidor. E, pela queda da demanda, desestimulando os reajustes de preços.
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Tem-se uma economia em que os consumidores pagam taxas de juros (depois de toda queda) de 4% ao mês ou 60% ao ano; pequenas e médias empresas (depois de toda queda) pagam taxas mínimas de 2% ao mês (na média, deve ser mais), ou 27% ao ano; e grandes empresas tomam empréstimos no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que é inferior à Selic e não é influenciada por seus movimentos.
Suponha um aumento de 0,5 ponto na Selic. Trata-se de taxa anual. Em termos mensais equivale a 0,04% (!).
Se esse aumento for integralmente repassado para os juros do consumidor, em lugar de taxas de 4% ao mês, ele pagará taxas de 4,04%. Em um financiamento de R$ 1.000,00 por 12 meses, a prestação do consumidor subirá de R$ 106,55 para R$ 106,80; a da pequena e média empresa de R$ 94,55 para R$ 94,79. A da grande empresa não sofrerá mudança.
Qualquer ser racional olhará esses números e constatará que a alta da Selic não terá nenhuma influência sobre decisões de consumo.
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O BC não sabe disso? Evidente que sabe. Basta um técnico versado em matemática financeira para matar a charada em dois tempos.
No entanto, tem-se uma discussão sem nexo entre analistas de mercado (loucos para romper a trajetória de queda da Selic) e o próprio BC, em torno da necessidade de aumento ou não os juros em função da alta da inflação.
Se quiser conter a demanda, bastará ao BC aumentar o imposto sobre operações financeiras, reduzir prazos de financiamento, exigir entradas maiores. O efeito será na veia. Mas fica-se discutindo o inócuo, uma taxa cujo único efeito é arrasar com os recursos orçamentários desviados para pagamento de juros.
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Hoje em dia, mudou a lógica dos verdadeiros formadores de opinião no mercado. A discussão em torno da Selic envolve apenas economistas de segunda mão, cuja única competência é discutir Selic; e jornalistas que repetem o que ouvem de suas fontes.
Não é sério.
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