sexta-feira, 15 de março de 2013

As Malvinas são argentinas

Ilustração do sítio: http://www.malvinense.com.ar
Editorial do sítio Vermelho:

O chamado referendo de dois dias encerrado nesta segunda-feira (12) entre os ocupantes britânicos das Ilhas Malvinas, parte inalienável do território argentino usurpada pelos colonialistas do Reino Unido, provocou a justa reação das autoridades do país irmão.

De maneira risível os imperialistas britânicos exibiram o resultado de 99,8% dos votos favoráveis à manutenção da ocupação como uma vitória nacional. A embaixadora argentina Alicia Castro reagiu em termos firmes, dizendo que foi uma manobra midiática e lembrou que foi um referendo organizado por britânicos para britânicos, com a finalidade de que digam que o território tem que ser britânico.

O Poder Legislativo do país também reagiu e em sessão especial rechaçou o referendo, cujo objetivo foi definir o status político das ilhas Malvinas, Georgias do Sul, Sanduíche do Sul e seus espaços marítimos circundantes como de soberania britânica, sob a máscara da “autodeterminação” dos habitantes ilhéus. O ânimo dos legisladores foi denunciar a armadilha que esconde a aparência da chamada participação popular no caso de uma população implantada, sob a envoltura de uma jogada publicitária que nada tem a ver com a verdadeira autodeterminação nem com o direito internacional.

Por seu turno, a presidenta Cristina Fernández de Kirchner qualificou a consulta realizada por Londres como “um tipo de paródia”.

Simultaneamente firme e irônica, a mandatária comparou os organizadores do chamado referendo a “um grupo de okupas” (invasores), decidindo sobre se continua ocupando um edificio. Ela lembrou ainda o respaldo internacional à posição argentina, inclusive na Organização das Nações Unidas (ONU), onde há um amplo consenso em torno da demanda argentina de abrir negociações.

Diplomática, a presidenta reiterou a vocação do país para o diálogo e o cumprimento das resoluções das Nações Unidas, o único caminho para alcançar uma solução que contemple o interesse dos que vivem nas Malvinas.

A rigor, o referendo nas Malvinas não significou coisa alguma. Não altera a essência da disputa pela soberania, muito menos denega os inquestionáveis direitos da Argentina. Observe-se que até os imperialistas norte-americanos, principais aliados dos imperialistas britânicos, mesmo reconhecendo os “direitos” destes últimos, admitem a existência do conflito e que isto é uma questão a ser resolvida.

Esta disputa é antiga e tem sua origem no ano de 1833, quando a Coroa britânica, colonialista, que na altura tinha a Armada mais poderosa do mundo e se jactava que no seu império o sol jamais se punha, usurpou e ocupou pela força as ilhas, violando a integridade territorial da Argentina.

Ao brandir o resultado de uma consulta artificial como expressão da autodeterminação da população local, os colonialistas britânicos visam a perpetuar a ocupação de uma parte do território argentino, criar um fato consumado para descumprir as resoluções – um total de 40! – das Nações Unidas, que instam a Argentina e o Reino Unido a dialogar a respeito da disputa pela soberania sobre as ilhas.

Distorcem e fabricam fatos porque sabem que o diálogo e as negociações sob a égide da ONU evidenciarão a quem assiste a razão.

Como pano de fundo para a atitude britânica está outra evidência: a importância das Ilhas Malvinas, pelos recursos que possuem e por sua localização estratégica.

É preciso pôr em evidência e combater seus intentos de caráter militarista numa região estratégica do Atlântico Sul. Na base de Mount Pleasant, há mais de 1.500 efetivos das forças armadas britânicas, uma estrutura militar da Otan, equipamentos de última geração tecnológica e até mesmo armamentos nucleares.

Por fim, é preciso assinalar que a ocupação das Ilhas Malvinas pela Grã-Bretanha equivale a 12 outros casos de colonialismo no mundo, em pleno século 21, um anacronismo e uma pendência que as Nações Unidas deveriam com urgência resolver em definitivo, nos marcos do direito internacional, combatendo a tendência imperialista que o fenômeno representa.

A presidenta Cristina Fernández de Kirchner e o povo irmão estão cobertos de razão. As Malvinas são argentinas.

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