Por Altamiro Borges
Na quinta-feira passada, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) enviou
um e-mail respeitoso criticando um texto de minha autoria publicado neste blog um
dia antes – intitulado “O triste papel de Eduardo Suplicy”. Diante da réplica, enviei-lhe
um e-mail com a minha resposta no domingo, 3 de março. Nesta mesma data, o
senador postou livremente o seu comentário no blog. O debate de ideias, que
inclui a polêmica franca e fraterna, faz parte do jogo democrático. Reproduzo
abaixo a réplica do senador e a minha tréplica:
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Meu caro Altamiro Borges:
Com todo respeito por sua trajetória, quero afirmar que meu
apoio à Yoani Sánchez ao Brasil é inteiramente consistente com a defesa da
democracia e dos direitos humanos ressaltada por você ao longo de toda a minha
vida. É inteiramente compatível com os princípios defendidos pelo Partido dos
Trabalhadores desde o Manifesto da Fundação do PT de 10 de fevereiro de
1980, aprovado por mim como um dos fundadores do partido no Colégio Sion, São
Paulo, em que é expresso:
"O PT lutará por todas as liberdades civis, pelas
franquias que garantem, efetivamente, os direitos dos cidadãos e pela democratização
da sociedade em todos os níveis."
A defesa de liberdade de expressão de Yoani Sánchez também
está de acordo com a manifestação da Presidenta Dilma Rousseff: "Eu
prefiro o ruído da imprensa livre ao silêncio tumular das ditaduras". Eu
creio que as pessoas sensatas do PCdoB também estão de acordo com a Presidenta
Dilma.
O meu apoio à viagem de Yoani Sánchez, graças à nova Lei
Migratória aprovada pelo Governo Cubano, depois de cinco anos de negativa, tem
muito a ver com o sinal tão positivo que foi dado ao Presidente Barack Obama e
ao Congresso Norte Americano - que de há muito diziam querer ver sinais de
maior abertura política - para que deem os passos necessários para que se
encerre o Embargo ou o Bloqueio em relação à Cuba que já dura mais de 50 anos,
para que se feche a Prisão de Guantánamo e inclusive para que seja dada anistia
aos cinco prisioneiros cubanos nos EUA, que são considerados heróis em Cuba,
personagens do livro "Os últimos Soldados da Guerra Fria" de Fernando
Morais. Por sinal, estas são as reivindicações principais dos que tanto
protestaram contra a Yoani Sánchez, sem terem tido a paciência suficiente de
com ela dialogarem de maneira respeitosa e sensata. Preferiram se utilizar da
ofensa e da agressão, inclusive a mim.
Se você ler com atenção as crônicas de Yoani Sánchez sobre o
cotidiano da vida em Cuba, notará que ela se utiliza de uma linguagem simples,
nunca com ofensas a quem quer que seja, descrevendo problemas do dia a dia, as
quais podem ser úteis até para as autoridades cubanas corrigirem os problemas
que ali acontecem. Considero os artigos de Yoani Sánchez muito menos ofensivos
do que os discursos que muitas vezes alguns senadores da oposição fizeram ou
fazem com respeito aos governos Lula e Dilma Rousseff.
Se tivesse tido a disposição de ouvi-la com atenção, e
poderia perfeitamente ter comparecido às inúmeras entrevistas coletivas que ela
deu, teria escutado as respostas às perguntas que fez em seu artigo e
verificado que não são verdadeiras as assertivas de que ela é agente ou
financiada pela CIA e por organizações com propósitos que não sejam os de
defender a liberdade de expressão, de imprensa e de utilização da internet como
hoje acontece no Brasil e em tantos países do mundo, inclusive para divulgar o
seu artigo com ataques a mim que realmente considero injustos.
Reconheço que Cuba deu guarida a tantos perseguidos pela
ditadura militar brasileira e claro que também sou solidário a eles. Também
reconheço os avanços sociais obtidos pela Revolução Cubana. Já visitei Cuba por
quatro vezes, lá fiz palestras, colaborei com trabalhos voluntários de
construção, visitei a Escola Nacional de Medicina, quando conversei com dezenas
de brasileiros, visitei suas lindas praias e fiz palestra sobre a Renda Básica
de Cidadania no Encontro Anual de Economistas de Cuba e do Caribe. Considero
que Cuba terá muito a ganhar na medida em que lá avançar as liberdades
democráticas.
Quero convidar você, a todos os membros do PCdoB, do PCR, da
UJS, e das organizações que realizaram protestos contra Yoani a terem um
diálogo respeitoso e construtivo para que possamos unir forças e transmitir ao
Presidente Barack Obama que aproveite a próxima visita de Yoani Sánchez à
Washington D.C., provavelmente em março, e depois a Nova York, para
efetivamente refletir com ela que é hora de acabar com o Embargo ou Bloqueio.
Fosse vivo hoje Thomas Paine, que em 1776 escreveu em
"Senso Comum" que contrariava o bom senso que uma ilha
dominasse um continente, levando os americanos a proclamarem a sua
independência em 4 de julho daquele ano, ele hoje escreveria que contraria
inteiramente o bom senso que um país continental como os EUA se neguem a ter
relações inteiramente normais com o povo de uma ilha que está a apenas cem
milhas de distância de sua costa.
O abraço,
Senador Eduardo Matarazzo Suplicy
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Prezado Eduardo Suplicy
Desculpe os três dias de demora na resposta. Viajei nestes
dias a trabalho e preferi responder com calma a sua mensagem. Em primeiro
lugar, obrigado pelo envio das suas críticas e pela forma civilizada como as
escreveu. Acho que polêmica não deve ser confundida com pugilato, com grosserias.
Em segundo lugar, respeito suas opiniões - principalmente por conhecer a sua
trajetória. Já participei de inúmeras campanhas por sua eleição, inclusive
procurando convencer os mais resistentes. Em terceiro lugar, discordo totalmente
das suas opiniões.
Conheço o suficiente o que pensa a dissidente cubana Yoani
Sánchez. Sempre acompanho o seu blog e as suas atividades. Ela é uma inimiga
declarada da revolução cubana e prega o retorno do capitalismo à ilha - como já
escreveu várias vezes. Sei também das suas ligações com forças terroristas de
Cuba e do restante do mundo - principalmente dos EUA. Seus contatos constantes
com o Escritório de Interesses dos EUA em Havana já foram desmascarados. O
WikiLeaks inclusive já publicou documentos da diplomacia estadunidense que
comprovam as suas ligações com o poderoso império do norte, que a trata como
prioridade para a chamada "transição" na ilha.
Também conheço de forma razoável a realidade cubana. Estive
na ilha três vezes e inclusive escrevi um livreto, juntamente com o professor
Plínio de Arruda Sampaio e os jornalistas Max Altman e José Reinaldo Carvalho, sobre o bloqueio do império ao país. Sei das dificuldades vividas por
uma ilha cercada de inimigos ferozes. No meu entender, Cuba somente resiste ao
cerco por quatro fatores básicos: as conquistas da revolução, o sentimento
patriótico, anti-imperialista; as diversificadas formas de participação
popular; e a confiança nos seus líderes, principalmente em Fidel Castro. As
restrições existentes no país decorrem deste cerco. Com o fim do bloqueio e da
ingerência terrorista dos EUA, a ilha poderia avançar ainda mais nas conquistas
democráticas. Do contrário, é ingenuidade pensar numa democracia idealizada.
Por fim, já que você me fez algumas sugestões, também faço
outras. Proponho que você dedique o mesmo empenho à libertação do soldado
estadunidense Bradley Manning, preso em condições desumanas nos EUA por revelar
vários documentos sobre as agressões do império; que ajude na campanha de
denúncia contra as ações das potências capitalistas contra Julian Assange,
criador do WikiLeaks; e que, principalmente, use do seu espaço no Senado
Federal, conquistado por todos nós, para criticar as perseguições aos
blogueiros brasileiros efetuadas pelos poderosos meios de comunicação do país.
Na mesma semana da visita de Yoani Sánchez, a Folha ganhou em mais uma
instância da "Justiça" contra o blog irreverente "Falha".
Dias antes, o blogueiro Rodrigo Vianna foi condenado numa ação movida pelo chefão
da TV Globo, Ali Kamel.
Sei que estas batalhas não renderão espaços generosos na
mídia hegemônica - que adora falar em liberdade de expressão, mas que na
verdade defende a liberdade dos monopólios. Mas, penso, elas são justas e
poderiam merecer maior espaço na sua agenda legislativa.
Um grande abraço e seguimos conversando, democrática e
civilizadamente.
Altamiro Borges
Podes crer, bela tréplica. O Suplicy é um cara legal, mas tem aquela coisa do Jardim Europa e, enfim, é o mundo de onde veio, confunde umas coisas, não vê que a blogueira gusana é um personagem fake.
ResponderExcluirate eu senador suplicy que sou uma pessoa simples, que nao tenho o conhecimento do Altamiro Borges, nem chego perto, sei que essa blogueira é agente da CIA, Me responda se puder uma coisa:ELA FICOU HOSPEDADA EM HOTEL 5 ESTRELAS, VIAJOU PARA VARIOS ESTADOS PARA LANÇAR SEU VENENO E QUEM PAGOU A CONTA?por acaso ela nasceu em berço de ouro e o dinheiro dela se multiplica assim sem mais nem menos? Pode ate se multiplicar, pois quem é a favor da feroz politica americana, nada em rios de dolares pagos pela CIA.
ResponderExcluirCom todo respeito ao Sen.Suplicy pelo qual tenho uma grande admiração,mas acho que não foi uma boa ideia cutucar o Miro ainda que com toda sutileza,poderia ter passado sem essa...E agora Senador,como ficamos quanto as questões aqui sabiamente levantadas pelo nosso brilhante jornalista???...aceitamos a velha máxima de dois pesos duas medidas????...faço o que eu mando mas não faça o que eu faço????....ou ponderamos??????
ResponderExcluirMiro, meus cumprimentos. Sua forma de falar me faz cada vez mais acreditar que contra os tanques, nada como as flores. Mas, na qualidade de filiado do Partido dos Trabalhadores, tenho a liberdade necessária para dizer ao Senador Suplicy que ele errou muito em dar guarida a tresloucada que aqui veio para não sei fazer o que (pergunto na rua quem é essa senhora e ela é uma pessoa totalmente desconhecida...) e que o Comitê de Ética do diretório da qual o senador é filiado tem motivos de sobra para inquirir ao Senador responder por suas atitudes, tanto esta com a tresloucada cubana quanto a sua aparição junto com a Dona Marina.
ResponderExcluirParabéns Miro. Você é um gentleman. Quanto ao senador Suplicy...ele "viaja"...vai viajar com a agente da CIA. Que pena ele não ter discernimento para ver o papelão que fez. Fazer o quê?!
ResponderExcluirCaro Miro, na sua passagem frustrada pelo Brasil, foi recebida por alguns direitistas do PSDB/DEM e pelo reacionário Bolsonaro. No's do PT estamos envergonhados da postura do Suplicy, que já deveria sair pelas portas do fundo do Partido. Pra mim, ele se demonstrou um dissimulado. Vai pra Miami com tua afilhada.
ResponderExcluirO caro senador Suplucy, vai me desculpar, mas esta de ciceronear uma agente da CIA, entre as suas digamos, me desculpe, mas vamos assim dizer, várias, TUCANICES, realmente não dá!
ResponderExcluirSanta inocência, Suplicy!
ResponderExcluirA entrevista dela com o Salim Lamrani a respeito de um suposto sequestro, de tão esquisita que é a história com o tal do papelzinho escondido na boca e fotos que nunca apareceram, ficou parecedendo a bolinha de papel do Serra, o Noblat acusando o Dias Toffoli com testemunho em contrário do filho do Sepúlveda, a fita do Valério contra o Lula na Veja que nunca apareceu, etc etc.
Quer coisa mais forte que o americano preocupado com os leaks que colocariam ele a Yoani em situação de grande constrangimento e perigo?
Já votei nesse "senador" aí e até me empenhei em campanha.
ResponderExcluirFelizmente arrependimento não mata...
Suplicy, hoje, é um reles lambe botas covarde que sonha em ser entrevistado pela Veja.
Assumiu definitivamente sua inexpressividade e felonia.
Um cancro a ser extirpado do Senado.
Tem a seu favor, única e exclusivamente, a alegada "honestidade", reconhecida por todos.
A honestidade material talvez seja seu ponto forte, mas a honestidade intelectual, se é que a teve um dia, perdeu-a por completo.
Um biltre.
No nosso mundo político, o brasileiro, já basta de termos políticos com esta injenuidade toda. Gostava muito do Suplicy, mas não há mais espaço para essa inocência toda. O PT deveria, convidar-lhe a sair do partido, infelizmente. Ou isso ou teremos aumentadas as chances de nos ferrarmos fortalecendo os partidos adversários do BRASIL. CHEGA!
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ResponderExcluirÉ! Confundiu educação, gentileza com politica. A liberdade é ampla(USA) e não por interesses! Essa desdentada apoiada pela midia "livre" brasileira.... sim são defensores da "liberdade" Nossa!
santa guadalupe, implicando que o Suplicy já não defendeu blogs na tribuna! E mesmo que não tivesse, isso é uma falacia das grandes: "se você não defende B, C, D, E, F, G, H, I, J e todas as outras causas com maior empenho não pode defender A!"
ResponderExcluirSuplicy, apesar ser como pessoa aquilo que podemos classificar de boa gente, não corresponde as propostas ptistas. No fundo não passa de mais um elitista paulistano.
ResponderExcluirTinha muita admiracäo pelo Senador, que acabou quando ele resolveu passear de bracos dados com a blogueira. Adeus Senador, näo votaremos mais no senhor.
ResponderExcluirCaro Miro. Sou leitor e viciado, no bom sentido, de seu blog. Concordo com sua posição sobre o senador Suplicy. Gostaria, na medida do possível, que você me desse algumas dicas sobre sobre Cuba. Pretendo visitar este pais no final do mês de março. Tipo, o que visitar; quais os lugares mais significativos. Como você foi três vezes, isso significa que você tem conhecimento para compartilhar com seus leitores. Obrigado. Meu nome é Pedro Moacyr Osorio Lemos. Bagé, RS. Email: pmosorio@ibest.com.br
ResponderExcluir'Uma trincheira na luta contra a ditadura'. O subtítulo de seu blog é interessante. Quais ditaduras? A cubana ou a norte-coreana? Se é essa a inteção, Miro, estamos do mesmo lado. Parabéns!
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