sábado, 16 de março de 2013

O lobby midiático pela alta dos juros

http://pigimprensagolpista.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges

As políticas de “austeridade” neoliberal desintegram a Europa, com recordes de desemprego, suicídios e outros dramas sociais, mas a mídia rentista não desiste da sua cruzada pela retomada da alta dos juros no Brasil. Nos últimos dias, os jornalões e emissoras de tevê intensificaram o lobby para pressionar o Banco Central a elevar a taxa básica de juros, a Selic. Os chamados “analistas de mercado” – nome fictício dos porta-vozes dos agiotas financeiros – foram escalados para bombardear a sociedade num coro uníssono e repetitivo.

Na TV Globo, maior adoradora do “deus-mercado” e dos dogmas neoliberais, Carlos Alberto Sardenberg e Miriam Leitão insistem que não há outra saída. O primeiro chegou a afirmar no Jornal da Globo que a alta dos juros vai gerar desemprego e conter o aumento dos salários, mas que é o “único” remédio para evitar uma iminente explosão inflacionária. Para ele, as recentes medidas adotadas pelo governo, como a redução das contas de luz e a desoneração da cesta básica, são apenas “quebra galho” que não domam a inflação.

Nos jornalões, o clima terrorista é o mesmo. O editorial econômico do Estadão de quinta-feira (14) festejou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que “dá sinais de que prepara o aumento da Selic”. Para o jornal da famiglia Mesquita, que está falido e hoje é refém dos bancos, a elevação dos juros é inevitável. “Medidas para abater a alta de preços foram aplicadas em fevereiro, mas o efeito foi pequeno... Decisões pontuais não criam uma política anti-inflacionária crível”, decreta.

Banqueiros e os tais “analistas de mercado” ouvidos pela Folha também batem nesta mesma tecla. “Há quem julgue que o descontrole inflacionário é grave ao ponto de demandar que a Selic suba de 7,25% para 10% ou mais. Mas uma análise da conjuntura econômica e da política econômica em seu conjunto sugere um aumento mais comedido, da ordem de 1,5 ponto percentual: o BC tiraria o pé do acelerador, mas não chegaria a pisar no freio”, garante Fernando Sampaio, sócio-diretor da LCA Consultores.

Já Mário Mesquita, sócio do banco Brasil Plural e ex-diretor do Banco Central, escreveu no jornal Valor que não dá mais para o BC postergar a alta da Selic. “As desonerações, ainda que bem-vindas, oferecem alívio apenas temporário das pressões inflacionárias, cuja origem está em um mercado de trabalho ainda demasiado apertado... O mais prudente é voltar às ações convencionais de política e começar, logo, a mover a taxa básica em direção ao patamar neutro (que não estimula, nem desestimula, a atividade)”.

Como se observa, o lobby rentista é violento. No passado recente, o sindicalismo promoveu protestos quase mensais pela queda dos juros, com o objetivo de estimular a produção e gerar emprego e renda. Talvez seja o caso de agendar novamente manifestações nas sedes do Banco Central, desta vez com o objetivo de evitar a retomada da alta da Selic. Do contrário, a ditadura do capital financeiro pode fazer o governo Dilma fraquejar na sua disposição de enfrentar os agiotas. O jogo é de pressão e quem não chora não mama!

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