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As políticas de “austeridade” neoliberal desintegram a
Europa, com recordes de desemprego, suicídios e outros dramas sociais, mas a
mídia rentista não desiste da sua cruzada pela retomada da alta dos juros no
Brasil. Nos últimos dias, os jornalões e emissoras de tevê intensificaram o
lobby para pressionar o Banco Central a elevar a taxa básica de juros, a Selic.
Os chamados “analistas de mercado” – nome fictício dos porta-vozes dos agiotas
financeiros – foram escalados para bombardear a sociedade num coro uníssono e
repetitivo.
Nos jornalões, o clima terrorista é o mesmo. O editorial econômico
do Estadão de quinta-feira (14) festejou a ata da última reunião do Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central, que “dá sinais de que prepara o
aumento da Selic”. Para o jornal da famiglia Mesquita, que está falido e hoje
é refém dos bancos, a elevação dos juros é inevitável. “Medidas para abater
a alta de preços foram aplicadas em fevereiro, mas o efeito foi pequeno... Decisões
pontuais não criam uma política anti-inflacionária crível”, decreta.
Banqueiros e os tais “analistas de mercado” ouvidos pela
Folha também batem nesta mesma tecla. “Há quem julgue que o descontrole
inflacionário é grave ao ponto de demandar que a Selic suba de 7,25% para 10%
ou mais. Mas uma análise da conjuntura econômica e da política econômica em seu
conjunto sugere um aumento mais comedido, da ordem de 1,5 ponto percentual: o
BC tiraria o pé do acelerador, mas não chegaria a pisar no freio”, garante
Fernando Sampaio, sócio-diretor da LCA Consultores.
Já Mário Mesquita, sócio do banco Brasil Plural e ex-diretor
do Banco Central, escreveu no jornal Valor que não dá mais para o BC postergar
a alta da Selic. “As desonerações, ainda que bem-vindas, oferecem alívio apenas
temporário das pressões inflacionárias, cuja origem está em um mercado de
trabalho ainda demasiado apertado... O mais prudente é voltar às ações convencionais
de política e começar, logo, a mover a taxa básica em direção ao patamar neutro
(que não estimula, nem desestimula, a atividade)”.
Como se observa, o lobby rentista é violento. No passado
recente, o sindicalismo promoveu protestos quase mensais pela queda dos juros,
com o objetivo de estimular a produção e gerar emprego e renda. Talvez seja o
caso de agendar novamente manifestações nas sedes do Banco Central, desta vez
com o objetivo de evitar a retomada da alta da Selic. Do contrário, a ditadura
do capital financeiro pode fazer o governo Dilma fraquejar na sua disposição de
enfrentar os agiotas. O jogo é de pressão e quem não chora não mama!
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