Por Marco Aurélio Mello, no blog DoLaDoDeLá:
O que está em jogo para 2014 não é quem sai na frente e quem sai atrás na corrida eleitoral à presidência. O recado, na forma de pesquisa de intenção de votos, divulgada pela Folha de S. Paulo hoje, é o seguinte: apresentar o cardápio aos "patrocinadores".
Dilma é viável? Claro, é favoritíssima! Só que ela já sabe que terá um problemão pela frente: dinheiro para campanha. Os financiadores tradicionais jogam com a arma que têm, a grana. O PT não terá mais os bancos privados, por razões óbvias, a queda dos juros promovida por CEF e BB. Em São Paulo, Palocci se foi e Zé Dirceu também, ambos fiadores e interlocutores confiáveis.
Com a baixa rentabilidade dos papéis brasileiros, os especuladores também foram embora e as multinacionais mostram seu receio diminuindo investimentos, ou seja, reduzindo obras, deixando de irrigar a economia real e, por consequência, gerando menos postos de trabalho na ponta.
Há também uma parte do empresariado intimidada com o debate em torno do apoio, explícito ao não, à ditatuda militar, um dos temas da Comissão da Verdade, instituída pela própria Dilma. Sobram portanto as montadoras, empreiteiras e os tradicionais "sócios" do Estado: despachantes das negociatas, lobistas e "servidores" fiéis, como Eike Batista, por exemplo, que não por acaso começou a apanhar da mídia mais recentemente.
Veja que curioso o ataque da mesma Folha de S. Paulo esta semana aos financiadores das viagens de Lula: as empreiteiras. Parece um recado: cuidado porque vocês estarão na mira em 2014! Também há um "animus apurandi" na imprensa, em relação às obras do PAC 2 e às demais verbas do Orçamento, cuja finalidade - como até o reino mineral conhece - nada mais é do que evitar que esse dinheiro continue a irrigar os rincões, consolidando o voto em Dilma.
É aqui que entram Paulo Bernardo e Helena Chagas. Dilma tem a ilusão de que segurando a Lei de Meios e abastecendo o PIG com verbas publicitárias ela estará blindada. Pobrezinha... Teve a boa vontade de receber um a um todos os patrões e numa entrevista deixou claro que tudo ficará como está nas comunicações. Quero estar enganado, mas acho que ela se ilude de novo. Aqui, a questão não é a grana, é o projeto político-ideológico aglutinado pelo Instituto Millenium.
Na outra ponta, Dilma propõe uma nova rodada de Privatizações e discretamente estuda formas de enxugar o Estado, para conseguir novos parceiros econômicos para seu projeto político. Engana-se mais uma vez. Reduzir o papel do Estado diminui seu poder de influência, ainda que aumente sua eficiência. Pode ser mais um tiro no pé da nossa gestora-mor, que insiste em abrir mão do apoio que tem entre aqueles que fazem o debate político sem viés comercial e eleitoreiro.
A pesquisa, portanto, quer mostrar quem está no páreo para captar: Marina, Aécio ou Campos. Por enquanto, ninguém. Serra - por incrível que pareça - segue como fiel da balança. Tem a costura "por dentro", tem os recursos de fontes não convencionais, como demonstra o livro A Privataria Tucana, do Amaury e arrasta consigo todos aqueles que têm por ele tolerância ou temor.
Se Serra, Kassab e Campos se aliarem, bombardeiam as pretenções da dobradinha Alckmin-Aécio, para governo de São Paulo e presidência da República; e terão que engolir a Marina, o que não parece tarefa difícil, uma vez que seu partidinho não tem o fundamental: tempo de TV. Claro que todo este cenário vai mudar muito, principalmente com o país voltando a crescer em 2013 e 2014. Isto é, se as coisas correrem como Dilma, Mantega e Gilberto Carvalho esperam.
Não dá para subestimar também a retaguarda do mentor Lula, nem do consultor informal Franklin Martins. Mas, por via das dúvidas, volta discretamente o debate em torno do financiamento público de campanha, só para garantir. É o famoso "bode na sala".
O que está em jogo para 2014 não é quem sai na frente e quem sai atrás na corrida eleitoral à presidência. O recado, na forma de pesquisa de intenção de votos, divulgada pela Folha de S. Paulo hoje, é o seguinte: apresentar o cardápio aos "patrocinadores".
Dilma é viável? Claro, é favoritíssima! Só que ela já sabe que terá um problemão pela frente: dinheiro para campanha. Os financiadores tradicionais jogam com a arma que têm, a grana. O PT não terá mais os bancos privados, por razões óbvias, a queda dos juros promovida por CEF e BB. Em São Paulo, Palocci se foi e Zé Dirceu também, ambos fiadores e interlocutores confiáveis.
Com a baixa rentabilidade dos papéis brasileiros, os especuladores também foram embora e as multinacionais mostram seu receio diminuindo investimentos, ou seja, reduzindo obras, deixando de irrigar a economia real e, por consequência, gerando menos postos de trabalho na ponta.
Há também uma parte do empresariado intimidada com o debate em torno do apoio, explícito ao não, à ditatuda militar, um dos temas da Comissão da Verdade, instituída pela própria Dilma. Sobram portanto as montadoras, empreiteiras e os tradicionais "sócios" do Estado: despachantes das negociatas, lobistas e "servidores" fiéis, como Eike Batista, por exemplo, que não por acaso começou a apanhar da mídia mais recentemente.
Veja que curioso o ataque da mesma Folha de S. Paulo esta semana aos financiadores das viagens de Lula: as empreiteiras. Parece um recado: cuidado porque vocês estarão na mira em 2014! Também há um "animus apurandi" na imprensa, em relação às obras do PAC 2 e às demais verbas do Orçamento, cuja finalidade - como até o reino mineral conhece - nada mais é do que evitar que esse dinheiro continue a irrigar os rincões, consolidando o voto em Dilma.
É aqui que entram Paulo Bernardo e Helena Chagas. Dilma tem a ilusão de que segurando a Lei de Meios e abastecendo o PIG com verbas publicitárias ela estará blindada. Pobrezinha... Teve a boa vontade de receber um a um todos os patrões e numa entrevista deixou claro que tudo ficará como está nas comunicações. Quero estar enganado, mas acho que ela se ilude de novo. Aqui, a questão não é a grana, é o projeto político-ideológico aglutinado pelo Instituto Millenium.
Na outra ponta, Dilma propõe uma nova rodada de Privatizações e discretamente estuda formas de enxugar o Estado, para conseguir novos parceiros econômicos para seu projeto político. Engana-se mais uma vez. Reduzir o papel do Estado diminui seu poder de influência, ainda que aumente sua eficiência. Pode ser mais um tiro no pé da nossa gestora-mor, que insiste em abrir mão do apoio que tem entre aqueles que fazem o debate político sem viés comercial e eleitoreiro.
A pesquisa, portanto, quer mostrar quem está no páreo para captar: Marina, Aécio ou Campos. Por enquanto, ninguém. Serra - por incrível que pareça - segue como fiel da balança. Tem a costura "por dentro", tem os recursos de fontes não convencionais, como demonstra o livro A Privataria Tucana, do Amaury e arrasta consigo todos aqueles que têm por ele tolerância ou temor.
Se Serra, Kassab e Campos se aliarem, bombardeiam as pretenções da dobradinha Alckmin-Aécio, para governo de São Paulo e presidência da República; e terão que engolir a Marina, o que não parece tarefa difícil, uma vez que seu partidinho não tem o fundamental: tempo de TV. Claro que todo este cenário vai mudar muito, principalmente com o país voltando a crescer em 2013 e 2014. Isto é, se as coisas correrem como Dilma, Mantega e Gilberto Carvalho esperam.
Não dá para subestimar também a retaguarda do mentor Lula, nem do consultor informal Franklin Martins. Mas, por via das dúvidas, volta discretamente o debate em torno do financiamento público de campanha, só para garantir. É o famoso "bode na sala".
O PT passou 10 anos trancado numa sala do doi-codi apanhando e não teve tempo e coragem para debater as questões cruciais brasileiras (reforma política, lei de mídia e etc). Trágico para o país isso.
ResponderExcluirAnálise excelente, e de nada vai adiantar fritar omelete na Globo ou tomar o espumante do Frias.
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