Por Marco Aurélio Mello, no blog DoLaDoDeLá:
NaTelinha - Você não fez faculdade e nem terminou o segundo grau. Principalmente por conta disso, algum dia você imaginou chegar aonde chegou?
Ricardo Boechat - Então, eu não fiz jornalismo como um projeto pré-elaborado. Eu fiz jornalismo como poderia ter feito outras coisas. Tanto que eu tentei formação em atividades completamente diferentes, como ser vendedor de material de escritório, mas isso eu estou falando de uma fase da vida em que eu tinha 16 anos.
Por volta dos 17, meu objetivo era muito específico, muito focado, que era independência suficiente pra poder pagar minhas continhas, tomar meu chopp, ir ao cinema com minha namorada e tal. Essas coisas que os jovens que não tem mesada têm que conseguir por conta própria pra poder fazer o básico ou atender às demandas da adolescência, que apesar de serem relativamente baratas, são muitas. É isso, mas a minha ansiedade era mesmo trabalhar, quem sabe morar sozinho mesmo.
NT - E como o jornalismo entrou nessa história?
RB - Foi meio que por acidente. Eu já tinha parado de estudar, estava de saco cheio da escola, estava vendendo livros. Na verdade minha mãe e meu pai vendiam livros e eu pegava material de propaganda de algumas coleções mais baratas, mais simples, mais geral, e procurava pais de amigos de escola. Então eu ia à casa deles e tentava vender uma coleção ou outra e ganhava um trocadinho nessa atividade. Até que um dia o pai de uma amiga minha reclamou que eu estava dedicando o meu tempo a uma atividade que não correspondia às minhas vocações naturais, que ele enxergava, mas eu não. Eu gostava de escrever, escrevia com relativa facilidade, e tinha algumas características que o pai dessa minha amiga gostava muito. Ele me disse que eu precisava trabalhar em algo que eu precisasse escrever e tal. Ele era do departamento comercial do “Diário de Notícias” e se chamava Kleber Savoia. O Kleber disse para eu ir à redação do jornal falar com o chefe de reportagem. Eu já tinha feito um curso para tentar duas ou três vagas no “Jornal do Brasil”, mas não consegui. Não só porque o JB estava a léguas de distância da minha capacidade àquela altura, como também a própria idade não me permitiria ficar com alguma das vagas. Enfim, ele me arrumou essa apresentação e o chefe de reportagem do jornal disse "’fica aí então anotando essas coisas". Fui ficando.
NT - Você não imaginaria nunca chegar aonde chegou?
RB - Não, o máximo que me imaginei foi ganhar uma grana para pagar as minhas coisas.
NT - Hoje, você está na televisão, em horário nobre, também faz rádio e tem coluna em revista. Sente-se realizado profissionalmente?
RB - Sem dúvida. Às vezes quando eu paro pra pensar, eu acho que o destino me deu mais do que eu fiz por merecer. Eu sempre trabalhei demais, sempre fui obcecado por trabalho, mas tenho que reconhecer que a vida me deu bastante coisa. Não tive formação, nunca remei a favor da corrente, tomei uma porrada no auge de minha carreira, mas estou no mercado, ganho bem. Sou realizado sim.
NT - Você acabou de falar de uma “porrada” que tomou da vida. Então, você saiu da Globo de uma maneira turbulenta. Guarda mágoas das Organizações Globo?
RB - Hoje mais não... Cara, se eu te perguntasse se você tem raiva daquele “meio-fio” que você arrebentou o dedão do pé, você responderia o quê? Que ficou puto, na hora. Que você ficou doído, que você sofreu durante algum tempo até que cicatrizasse. Claro que aquilo me machucou absurdamente, me feriu, me ofendeu, me indignou, revoltou e conseguiu alguns anos de rancor. Claro que sim. Era meu ambiente, minha casa, meus amigos, minha vida. Tem certos momentos que eu paro pra dizer o seguinte: se eu não tivesse passado por aquilo, o que eu estaria fazendo hoje na Globo? Provavelmente eu estaria fazendo a coluna que eu sempre fiz em “O Globo” e teria uma função no “Bom Dia Brasil”, talvez como colunista ou talvez dando uma bicada num programa qualquer da Globo News. Certamente eu não estaria fazendo rádio, certamente eu não faria o que mais me realiza, mais me dar prazer, que é o rádio. Muito certamente, aliás, sou absolutamente convicto que eu não teria a liberdade que eu tenho na Band.
NT - Aceitaria voltar pra lá, caso fosse feita uma proposta?
RB - A troco de quê? A Globo não tem culhão pra me dar a liberdade que a Band me dá. Eles não respeitam a liberdade de ninguém, aliás, eles respeitam até certo nível de liberdade. Ou melhor, ninguém abusa tanto de liberdade assim, tipo ‘vamos ver até aonde vai mesmo?’. Por isso que eu dificilmente toleraria isso. Seria uma “encheção” de saco tremenda. Dificilmente eu faria o que faço, lá, e ganharia o que ganho aqui.
NT - Você já sofreu ameaças por conta do jornalismo?
RB - Veja só, o que é ameaça pra você? Porrada, tiro, faca, coça? Eu nunca levei. Processos já aconteceram sim, hoje (ontem) mesmo levei três. Processos tenho dezenas, talvez mais de uma centena ao longo da carreira. Mas isso eu não vejo como ameaça. Agora é importante dizer o seguinte. O “Jornal do Brasil” e o Grupo Bandeirantes sempre se responsabilizaram pela defesa e por todas as consequências resultantes do exercício da liberdade na profissão. Tenho que citar também o jornal "O Globo", pois a casa dos Marinho, nesse aspecto (e em outros, diga-se), sempre foi impecável, comigo e com outros jornalistas na mesma situação.
NT - O que você acha do atual jornalismo praticado pelas emissoras de rádio e televisão atualmente no Brasil?
RB - Acho melhor do que de outrora. Estamos enfrentando uma concorrência mais numerosa, mais ampla, mais pulverizada, as pessoas estão cada vez mais se tornando jornalistas...
NT - Tem mais fontes de informação...
RB - Eu acho que elas próprias mais testemunham do que veem notícia. Eu tenho repetido o seguinte: o que caracteriza o jornalista predominantemente na história? Ele era apropriador da notícia testemunhada por terceiros, ou seja, um apurador de relatos. O Repórter Esso tinha um bordão muito legal, que era “o seu Repórter Esso, testemunha ocular da história”. Na verdade o Repórter Esso nunca foi testemunha de coisa nenhuma, ele estava lá na redação. É curioso isso. Repórteres e jornalistas não são testemunhas oculares. Com exceção dos correspondentes de guerras, que evidentemente estão lá testemunhando coisas no primeiro plano. Mas, normalmente o que somos nós no nosso cotidiano? Nós vamos atrás das testemunhas, dos fatos. Daqueles que viveram o fato em primeira pessoa. O jornalista não está dentro do avião que caiu ou do tsunami que passou por ali. Ele vai de encontro às pessoas pra capturar informações, levá-las para as redações, e, com pesquisas, coloca tudo no ar.
NT - Então é falsa a marca de que o jornalista é testemunha ocular da história...
RB - Completamente falsa. Nós não somos testemunhas oculares de coisa nenhuma. O que está acontecendo é que as testemunhas que alimentavam os jornalistas estão elas próprias trabalhando com os novos meios de comunicação, com ajuda de celulares que têm internet, máquinas filmadoras etc. Então essa figura de jornalista que fica na redação esperando que a testemunha ocular da história entregue o ouro para que ele apareça na televisão engravatado e parecendo um gênio da informação, está condenada. E é ótimo que esteja.
NT - Por quê?
RB - Porque isso significa que 7 bilhões de pessoas serão jornalistas e trabalharão com a informação primária, difundirão a informação. Tem riscos? Muitos. Mas é melhor ter 7 bilhões de pessoas com informações do que 7 ou 70 tentando manipular 7 bilhões de pessoas. Então o jornalismo hoje em dia percebe essa concorrência, apesar de esse não ser o nome correto, por não ter esse propósito, mas ele percebe essa avassaladora presença da informação circulando nas mãos de todo mundo. Isso obriga o jornalista a criar os seus diferenciais, impor-se pela qualidade, pela coerência e seriedade.
Conheci Boechat nas madrugadas da redação do Jornal Bom Dia Brasil, no Rio de Janeiro. Não sei nem se ele se lembraria disso. Apesar de ser editor-coordenador em São Paulo, vez ou outra Renato Machado, o então editor-chefe, promovia encontros da equipe. Boechat tinha o hábito de ligar ainda de madrugada para o Renato e dizer: "tenho uma boa". Chegava à redação por volta das cinco e meia da manhã (nós chegávamos às 4h!), escrevia rapidamente seus comentários, corria para a maquiagem e, quando entrava em cena era sempre um bate-papo bem humorado com os apresentadores.
Na entrevista que concedeu esta semana ao NaTelinha, do UOL, o ex-colunista, agora à frente do Jornal da Band, conta um pouco da carreira e de como foi ceifado da Globo em 2001, de forma bastante dolorosa. Em jogo, a liberdade de pensamento e expressão, o que é proibido hoje ao jornalista que trabalha no maior conglomerado de comunicação do país e um dos maiores do mundo. E desafio algum colega em público a dizer que esta afirmação não seja verdade. Derrubar quem não pensa da mesma forma que o patrão é o modus operandi adotado. Outro exemplo conhecido é o de Franklin Martins, mas há muitos que a "googlesfera" e blogosfera bem conhecem. Faço das palavras do Boechat as minhas, mas como editor destaquei da entrevista apenas os trechos que considerei mais importantes:
*****
Na entrevista que concedeu esta semana ao NaTelinha, do UOL, o ex-colunista, agora à frente do Jornal da Band, conta um pouco da carreira e de como foi ceifado da Globo em 2001, de forma bastante dolorosa. Em jogo, a liberdade de pensamento e expressão, o que é proibido hoje ao jornalista que trabalha no maior conglomerado de comunicação do país e um dos maiores do mundo. E desafio algum colega em público a dizer que esta afirmação não seja verdade. Derrubar quem não pensa da mesma forma que o patrão é o modus operandi adotado. Outro exemplo conhecido é o de Franklin Martins, mas há muitos que a "googlesfera" e blogosfera bem conhecem. Faço das palavras do Boechat as minhas, mas como editor destaquei da entrevista apenas os trechos que considerei mais importantes:
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NaTelinha - Você não fez faculdade e nem terminou o segundo grau. Principalmente por conta disso, algum dia você imaginou chegar aonde chegou?
Ricardo Boechat - Então, eu não fiz jornalismo como um projeto pré-elaborado. Eu fiz jornalismo como poderia ter feito outras coisas. Tanto que eu tentei formação em atividades completamente diferentes, como ser vendedor de material de escritório, mas isso eu estou falando de uma fase da vida em que eu tinha 16 anos.
Por volta dos 17, meu objetivo era muito específico, muito focado, que era independência suficiente pra poder pagar minhas continhas, tomar meu chopp, ir ao cinema com minha namorada e tal. Essas coisas que os jovens que não tem mesada têm que conseguir por conta própria pra poder fazer o básico ou atender às demandas da adolescência, que apesar de serem relativamente baratas, são muitas. É isso, mas a minha ansiedade era mesmo trabalhar, quem sabe morar sozinho mesmo.
NT - E como o jornalismo entrou nessa história?
RB - Foi meio que por acidente. Eu já tinha parado de estudar, estava de saco cheio da escola, estava vendendo livros. Na verdade minha mãe e meu pai vendiam livros e eu pegava material de propaganda de algumas coleções mais baratas, mais simples, mais geral, e procurava pais de amigos de escola. Então eu ia à casa deles e tentava vender uma coleção ou outra e ganhava um trocadinho nessa atividade. Até que um dia o pai de uma amiga minha reclamou que eu estava dedicando o meu tempo a uma atividade que não correspondia às minhas vocações naturais, que ele enxergava, mas eu não. Eu gostava de escrever, escrevia com relativa facilidade, e tinha algumas características que o pai dessa minha amiga gostava muito. Ele me disse que eu precisava trabalhar em algo que eu precisasse escrever e tal. Ele era do departamento comercial do “Diário de Notícias” e se chamava Kleber Savoia. O Kleber disse para eu ir à redação do jornal falar com o chefe de reportagem. Eu já tinha feito um curso para tentar duas ou três vagas no “Jornal do Brasil”, mas não consegui. Não só porque o JB estava a léguas de distância da minha capacidade àquela altura, como também a própria idade não me permitiria ficar com alguma das vagas. Enfim, ele me arrumou essa apresentação e o chefe de reportagem do jornal disse "’fica aí então anotando essas coisas". Fui ficando.
NT - Você não imaginaria nunca chegar aonde chegou?
RB - Não, o máximo que me imaginei foi ganhar uma grana para pagar as minhas coisas.
NT - Hoje, você está na televisão, em horário nobre, também faz rádio e tem coluna em revista. Sente-se realizado profissionalmente?
RB - Sem dúvida. Às vezes quando eu paro pra pensar, eu acho que o destino me deu mais do que eu fiz por merecer. Eu sempre trabalhei demais, sempre fui obcecado por trabalho, mas tenho que reconhecer que a vida me deu bastante coisa. Não tive formação, nunca remei a favor da corrente, tomei uma porrada no auge de minha carreira, mas estou no mercado, ganho bem. Sou realizado sim.
NT - Você acabou de falar de uma “porrada” que tomou da vida. Então, você saiu da Globo de uma maneira turbulenta. Guarda mágoas das Organizações Globo?
RB - Hoje mais não... Cara, se eu te perguntasse se você tem raiva daquele “meio-fio” que você arrebentou o dedão do pé, você responderia o quê? Que ficou puto, na hora. Que você ficou doído, que você sofreu durante algum tempo até que cicatrizasse. Claro que aquilo me machucou absurdamente, me feriu, me ofendeu, me indignou, revoltou e conseguiu alguns anos de rancor. Claro que sim. Era meu ambiente, minha casa, meus amigos, minha vida. Tem certos momentos que eu paro pra dizer o seguinte: se eu não tivesse passado por aquilo, o que eu estaria fazendo hoje na Globo? Provavelmente eu estaria fazendo a coluna que eu sempre fiz em “O Globo” e teria uma função no “Bom Dia Brasil”, talvez como colunista ou talvez dando uma bicada num programa qualquer da Globo News. Certamente eu não estaria fazendo rádio, certamente eu não faria o que mais me realiza, mais me dar prazer, que é o rádio. Muito certamente, aliás, sou absolutamente convicto que eu não teria a liberdade que eu tenho na Band.
NT - Aceitaria voltar pra lá, caso fosse feita uma proposta?
RB - A troco de quê? A Globo não tem culhão pra me dar a liberdade que a Band me dá. Eles não respeitam a liberdade de ninguém, aliás, eles respeitam até certo nível de liberdade. Ou melhor, ninguém abusa tanto de liberdade assim, tipo ‘vamos ver até aonde vai mesmo?’. Por isso que eu dificilmente toleraria isso. Seria uma “encheção” de saco tremenda. Dificilmente eu faria o que faço, lá, e ganharia o que ganho aqui.
NT - Você já sofreu ameaças por conta do jornalismo?
RB - Veja só, o que é ameaça pra você? Porrada, tiro, faca, coça? Eu nunca levei. Processos já aconteceram sim, hoje (ontem) mesmo levei três. Processos tenho dezenas, talvez mais de uma centena ao longo da carreira. Mas isso eu não vejo como ameaça. Agora é importante dizer o seguinte. O “Jornal do Brasil” e o Grupo Bandeirantes sempre se responsabilizaram pela defesa e por todas as consequências resultantes do exercício da liberdade na profissão. Tenho que citar também o jornal "O Globo", pois a casa dos Marinho, nesse aspecto (e em outros, diga-se), sempre foi impecável, comigo e com outros jornalistas na mesma situação.
NT - O que você acha do atual jornalismo praticado pelas emissoras de rádio e televisão atualmente no Brasil?
RB - Acho melhor do que de outrora. Estamos enfrentando uma concorrência mais numerosa, mais ampla, mais pulverizada, as pessoas estão cada vez mais se tornando jornalistas...
NT - Tem mais fontes de informação...
RB - Eu acho que elas próprias mais testemunham do que veem notícia. Eu tenho repetido o seguinte: o que caracteriza o jornalista predominantemente na história? Ele era apropriador da notícia testemunhada por terceiros, ou seja, um apurador de relatos. O Repórter Esso tinha um bordão muito legal, que era “o seu Repórter Esso, testemunha ocular da história”. Na verdade o Repórter Esso nunca foi testemunha de coisa nenhuma, ele estava lá na redação. É curioso isso. Repórteres e jornalistas não são testemunhas oculares. Com exceção dos correspondentes de guerras, que evidentemente estão lá testemunhando coisas no primeiro plano. Mas, normalmente o que somos nós no nosso cotidiano? Nós vamos atrás das testemunhas, dos fatos. Daqueles que viveram o fato em primeira pessoa. O jornalista não está dentro do avião que caiu ou do tsunami que passou por ali. Ele vai de encontro às pessoas pra capturar informações, levá-las para as redações, e, com pesquisas, coloca tudo no ar.
NT - Então é falsa a marca de que o jornalista é testemunha ocular da história...
RB - Completamente falsa. Nós não somos testemunhas oculares de coisa nenhuma. O que está acontecendo é que as testemunhas que alimentavam os jornalistas estão elas próprias trabalhando com os novos meios de comunicação, com ajuda de celulares que têm internet, máquinas filmadoras etc. Então essa figura de jornalista que fica na redação esperando que a testemunha ocular da história entregue o ouro para que ele apareça na televisão engravatado e parecendo um gênio da informação, está condenada. E é ótimo que esteja.
NT - Por quê?
RB - Porque isso significa que 7 bilhões de pessoas serão jornalistas e trabalharão com a informação primária, difundirão a informação. Tem riscos? Muitos. Mas é melhor ter 7 bilhões de pessoas com informações do que 7 ou 70 tentando manipular 7 bilhões de pessoas. Então o jornalismo hoje em dia percebe essa concorrência, apesar de esse não ser o nome correto, por não ter esse propósito, mas ele percebe essa avassaladora presença da informação circulando nas mãos de todo mundo. Isso obriga o jornalista a criar os seus diferenciais, impor-se pela qualidade, pela coerência e seriedade.
Infelizmente, a Band é tão ideológica e reaça quanto a Globo. Boechat é uma das expressões disso, na minha humilde opinião. Ele não nega que, de certo modo, é cria da Globo. Seus comentários ácidos se voltam muito contra OS governos progressistas e suas políticas, reafirmando a linha geral da nossa imprensa que é a da denúncia seletiva e promoção de um campo político em detrimento de outro, sempre atacado.
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