Por Altamiro Borges
Numa pequena nota publicada na edição desta quinta-feira (25), “a direção da Folha nega que a empresa tenha colaborado com a repressão política e que Octavio Frias de Oliveira tenha mantido relações com o delegado Fleury”. A notinha evidencia que o maior jornal do país foge do assunto como o diabo da cruz. A famiglia Frias quer evitar que a Comissão da Verdade apure os reais vínculos do jornal e do seu fundador, o falecido Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), com os torturadores e assassinos da ditadura militar.
O motivo da nota foi o estarrecedor depoimento do ex-delegado da Polícia Civil, Cláudio Guerra, prestado na terça-feira aos integrantes da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo – através de um vídeo. Segundo o portal Terra, o ex-agente da repressão, autor do livro “Memórias de uma guerra suja”, afirmou com todas as letras que a Folha emprestou seus carros e ajudou a financiar os órgãos da ditadura. Mais ainda: disse que o dono do jornal visitava com frequência as dependências do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo, um dos principais centros de tortura da época.
“Frias visitava o Dops constantemente... Isso está registrado”. Guerra também garantiu que Octavio Frias era “amigo pessoal” do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos principais carrascos da ditadura, responsável por torturas e mortes. Durante o depoimento, o ex-agente do SNI (Serviço Nacional de Informações) deu detalhes sobre as operações terroristas da ditadura. Ele disse que foi autor da explosão de uma bomba no Estadão. “Depois de 1980 ficou decidido que seria desencadeada em todo o país uma série de atentados para jogar a culpa na esquerda e não permitir a abertura política”, explicou.
Vale conferir trechos da reportagem do portal Terra:
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Guerra falou também do Coronel Brilhante Ustra e do delegado Sérgio Paranhos Fleury, a quem acusou de tortura e assassinatos. Segundo ele, Fleury “cresceu e não obedecia mais ninguém”. “Fleury pegava dinheiro que era para a irmandade (grupo de apoiadores da ditadura, segundo ele)”, acusou.
O ex-delegado disse também que Fleury torturava pessoalmente os presos políticos e metralhou os líderes comunistas no episódio que ficou conhecido como Chacina da Lapa, em 1976. “Eu estava na cobertura, fiz os primeiros disparos para intimidar. Entrou o Fleury com sua equipe. Não teve resistência, o Fleury metralhou. As armas que disseram que estavam lá foram ‘plantadas’, afirmo com toda a segurança”, contou.
Guerra disse que recebia da irmandade “por determinadas operações bônus em dinheiro”. O ex-delegado afirmou que os recursos vinham de bancos, como o Banco Mercantil do Estado de São Paulo, e empresas, como a Ultragas e o jornal Folha de S. Paulo. ‘Frias (Otávio, então dono do jornal) visitava o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), era amigo pessoal de Fleury”, afirmou. Segundo ele, a irmandade teria garantido que antigos membros até hoje tivessem uma boa situação financeira.
Segundo Guerra, os mortos pelo regime passaram a ser cremados, e não mais enterrados, a partir de 1973, para evitar “problemas”. “Enterrar estava dando problema e a partir de 1973 ou 1974 começaram a cremar. Buscava os corpos da Casa de Morte, em Petrópolis, e levava para a Usina de Campos”, relatou.
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O depoimento de Cláudio Guerra confirma várias acusações que já foram feitas ao jornal Folha de S.Paulo e ao seu fundador, Octavio Frias de Oliveira. O livro “Cães de guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1988”, da historiadora Beatriz Kushinir (Boitempo Editorial), apresenta inúmeros relatos e documentos que comprovam as ligações do jornal com a ditadura militar.
Numa pequena nota publicada na edição desta quinta-feira (25), “a direção da Folha nega que a empresa tenha colaborado com a repressão política e que Octavio Frias de Oliveira tenha mantido relações com o delegado Fleury”. A notinha evidencia que o maior jornal do país foge do assunto como o diabo da cruz. A famiglia Frias quer evitar que a Comissão da Verdade apure os reais vínculos do jornal e do seu fundador, o falecido Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), com os torturadores e assassinos da ditadura militar.
O motivo da nota foi o estarrecedor depoimento do ex-delegado da Polícia Civil, Cláudio Guerra, prestado na terça-feira aos integrantes da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo – através de um vídeo. Segundo o portal Terra, o ex-agente da repressão, autor do livro “Memórias de uma guerra suja”, afirmou com todas as letras que a Folha emprestou seus carros e ajudou a financiar os órgãos da ditadura. Mais ainda: disse que o dono do jornal visitava com frequência as dependências do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo, um dos principais centros de tortura da época.
“Frias visitava o Dops constantemente... Isso está registrado”. Guerra também garantiu que Octavio Frias era “amigo pessoal” do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos principais carrascos da ditadura, responsável por torturas e mortes. Durante o depoimento, o ex-agente do SNI (Serviço Nacional de Informações) deu detalhes sobre as operações terroristas da ditadura. Ele disse que foi autor da explosão de uma bomba no Estadão. “Depois de 1980 ficou decidido que seria desencadeada em todo o país uma série de atentados para jogar a culpa na esquerda e não permitir a abertura política”, explicou.
Vale conferir trechos da reportagem do portal Terra:
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Guerra falou também do Coronel Brilhante Ustra e do delegado Sérgio Paranhos Fleury, a quem acusou de tortura e assassinatos. Segundo ele, Fleury “cresceu e não obedecia mais ninguém”. “Fleury pegava dinheiro que era para a irmandade (grupo de apoiadores da ditadura, segundo ele)”, acusou.
O ex-delegado disse também que Fleury torturava pessoalmente os presos políticos e metralhou os líderes comunistas no episódio que ficou conhecido como Chacina da Lapa, em 1976. “Eu estava na cobertura, fiz os primeiros disparos para intimidar. Entrou o Fleury com sua equipe. Não teve resistência, o Fleury metralhou. As armas que disseram que estavam lá foram ‘plantadas’, afirmo com toda a segurança”, contou.
Guerra disse que recebia da irmandade “por determinadas operações bônus em dinheiro”. O ex-delegado afirmou que os recursos vinham de bancos, como o Banco Mercantil do Estado de São Paulo, e empresas, como a Ultragas e o jornal Folha de S. Paulo. ‘Frias (Otávio, então dono do jornal) visitava o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), era amigo pessoal de Fleury”, afirmou. Segundo ele, a irmandade teria garantido que antigos membros até hoje tivessem uma boa situação financeira.
Segundo Guerra, os mortos pelo regime passaram a ser cremados, e não mais enterrados, a partir de 1973, para evitar “problemas”. “Enterrar estava dando problema e a partir de 1973 ou 1974 começaram a cremar. Buscava os corpos da Casa de Morte, em Petrópolis, e levava para a Usina de Campos”, relatou.
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O depoimento de Cláudio Guerra confirma várias acusações que já foram feitas ao jornal Folha de S.Paulo e ao seu fundador, Octavio Frias de Oliveira. O livro “Cães de guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1988”, da historiadora Beatriz Kushinir (Boitempo Editorial), apresenta inúmeros relatos e documentos que comprovam as ligações do jornal com a ditadura militar.
A Folha sempre evitou tratar do assunto e nega qualquer vínculo. Diante disso, nada melhor do que a Comissão da Verdade – em todas as suas instâncias – convocar todos os envolvidos para elucidar os fatos. O jornal não diz pregar a transparência. Então, que os fatos venham à luz do dia. Isto talvez ajude a explicar a linha editorial direitista do veículo nos dias atuais.
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