Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
De uns dias para cá, o tomate – bem como quem o planta – tornou-se o inimigo público número um. E os valentes da pátria levantaram-se para enfrentar o vilão escarlate.
Definitivamente, pois, há que conhecer a nova ameaça.
De origem latino-americana, primo das berinjelas, das pimentas e dos pimentões, rubro como convém à demonização, o tomate conquistou a humanidade há séculos e hoje é plantado e consumido nos quatro cantos da Terra.
Quem poderia imaginar que um dia se tornaria o arauto da desgraça nacional…
Aumentou uma vez e meia de preço, no Brasil. Estamos ou não estamos perdidos?
O tomate é um perigo. Não se sabe, até hoje, se é fruta ou legume. Logo aparecerá algum radical de ultradireita acusando-o de ser gay.
Esse perigo vermelho é o grande desafio à humanidade. Derrotado, implantar-se-á a paz mundial.
Se o que escrevi até o parágrafo anterior lhe parece ridículo, saiba que em ridicularia não chega nem perto do noticiário
Elevar o tomate à categoria de indicador econômico é deixar da cor dele qualquer um que tenha sido abençoado pela natureza com mais de dois neurônios.
Mas, pensando bem, se os neoliberais criaram um índice “Big Mac”, por que o tomate não poderia se tornar mais um parâmetro do estado das economias?
Ver o espetáculo circense que se tornou a alta sazonal de preço de um vegetal deve ter sido a verdadeira causa-mortis de Margareth Tatcher. Morreu de vergonha do ponto a que chegou a doutrina que vendeu ao mundo um dia.
Contudo, se a fruta-legume de coloração sanguínea for o grande inimigo da pátria, estamos bem.
Como por certo gastamos muito mais energia elétrica do que tomate, nosso problema é pequenininho. A redução de preço de uma compensou de monte a alta do outro.
A carne também andou caindo. Ontem comprei um quilo de filé mignon por R$ 23,69. Chegou a custar quase R$ 50, mas preços sazonais sobem e caem.
Aqui ou na Suíça.
Mas preço baixo não levanta cruzadas de donos de restaurante ou donas-de-casa ou põe âncoras de telejornal de olhos vermelhos para falar de si.
Tenho medo de explicar e ser xingado. Alguém pode achar que estou fazendo pouco de sua inteligência, mas não resisto a explicar que o nível de preço em que estão o tomate ou a carne decorre de um fenômeno chamado sazonalidade.
Sazonalidade = produtos sujeitos a imprevistos maiores na produção que caem muito ou sobem muito de preço de acordo com a época do ano.
Sim, claro, a inflação não está tão baixa. Mas tipificar a alta extraordinária – no sentido de fora dos padrões de altas de preço – do tomate como característica generalizada da economia não passa da mais legítima vigarice.
Margareth Tatcher deve ter morrido de vergonha de como os seguidores de seus ideais se transformaram em verdadeiros picaretas.
Pode-se não gostar de suas ideias, mas ela ao menos acreditava no que dizia. Ao contrário dos caluniadores do tomate.
Aposto que, se tivesse proferido últimas palavras, Margareth teria dito aos barulhentos mascates do neoliberalismo de hoje em dia: “Parem de pisar no tomate, rapazes!”
De uns dias para cá, o tomate – bem como quem o planta – tornou-se o inimigo público número um. E os valentes da pátria levantaram-se para enfrentar o vilão escarlate.
Definitivamente, pois, há que conhecer a nova ameaça.
De origem latino-americana, primo das berinjelas, das pimentas e dos pimentões, rubro como convém à demonização, o tomate conquistou a humanidade há séculos e hoje é plantado e consumido nos quatro cantos da Terra.
Quem poderia imaginar que um dia se tornaria o arauto da desgraça nacional…
Aumentou uma vez e meia de preço, no Brasil. Estamos ou não estamos perdidos?
O tomate é um perigo. Não se sabe, até hoje, se é fruta ou legume. Logo aparecerá algum radical de ultradireita acusando-o de ser gay.
Esse perigo vermelho é o grande desafio à humanidade. Derrotado, implantar-se-á a paz mundial.
Se o que escrevi até o parágrafo anterior lhe parece ridículo, saiba que em ridicularia não chega nem perto do noticiário
Elevar o tomate à categoria de indicador econômico é deixar da cor dele qualquer um que tenha sido abençoado pela natureza com mais de dois neurônios.
Mas, pensando bem, se os neoliberais criaram um índice “Big Mac”, por que o tomate não poderia se tornar mais um parâmetro do estado das economias?
Ver o espetáculo circense que se tornou a alta sazonal de preço de um vegetal deve ter sido a verdadeira causa-mortis de Margareth Tatcher. Morreu de vergonha do ponto a que chegou a doutrina que vendeu ao mundo um dia.
Contudo, se a fruta-legume de coloração sanguínea for o grande inimigo da pátria, estamos bem.
Como por certo gastamos muito mais energia elétrica do que tomate, nosso problema é pequenininho. A redução de preço de uma compensou de monte a alta do outro.
A carne também andou caindo. Ontem comprei um quilo de filé mignon por R$ 23,69. Chegou a custar quase R$ 50, mas preços sazonais sobem e caem.
Aqui ou na Suíça.
Mas preço baixo não levanta cruzadas de donos de restaurante ou donas-de-casa ou põe âncoras de telejornal de olhos vermelhos para falar de si.
Tenho medo de explicar e ser xingado. Alguém pode achar que estou fazendo pouco de sua inteligência, mas não resisto a explicar que o nível de preço em que estão o tomate ou a carne decorre de um fenômeno chamado sazonalidade.
Sazonalidade = produtos sujeitos a imprevistos maiores na produção que caem muito ou sobem muito de preço de acordo com a época do ano.
Sim, claro, a inflação não está tão baixa. Mas tipificar a alta extraordinária – no sentido de fora dos padrões de altas de preço – do tomate como característica generalizada da economia não passa da mais legítima vigarice.
Margareth Tatcher deve ter morrido de vergonha de como os seguidores de seus ideais se transformaram em verdadeiros picaretas.
Pode-se não gostar de suas ideias, mas ela ao menos acreditava no que dizia. Ao contrário dos caluniadores do tomate.
Aposto que, se tivesse proferido últimas palavras, Margareth teria dito aos barulhentos mascates do neoliberalismo de hoje em dia: “Parem de pisar no tomate, rapazes!”
Já tivemos no passado o quiabo comunista, agora é o tomate comunista. Aquele era verde, este é vermelho, bem mais apropriado.
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