Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:
O gráfico foi postado por Fernando Rodrigues, em seu blog.
Notem que, nele, “demais emissoras” respondem por 4,40% dos gastos do governo federal em publicidade em 2012.
E que a TV fechada responde por 10,03% do total.
Ou seja, 14,43% de todas as verbas no “outros”.
Apesar da promessa de transparência da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, é importante perguntar: quais são as “demais emissoras”? Afiliadas da TV Globo, como a RBS ou a TV Verdes Mares, de Fortaleza? Se sim, não deveriam contar nas verbas da Globo?
Quanto à TV fechada, estamos falando da SporTV, da GloboNews, da GNT, do Futura, todos canais ligados às Organizações Globo?
Assim como o público migrou da TV aberta para a TV fechada nos últimos anos, é possível que as verbas federais tenham feito o mesmo, o que significa que os 43,7% da TV Globo — uma enormidade! — na verdade representem um número maior, se considerarmos todos os canais ligados às Organizações Globo.
Isso, sem falar no jornal O Globo, na rede de emissoras de rádio como a CBN, no G1, nos patrocínios da Fórmula 1 e de outros eventos esportivos.
O fato é que nos últimos dez anos a TV Globo — estamos falando na do Rio de Janeiro ou isso inclui as emissoras de propriedade dos Marinho nas praças de São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Recife? — recebeu R$ 5,86 bilhões do governo federal, ou seja, 54,7% do total. Repetimos, uma enormidade!
Não sabemos, ainda, quanto as Organizações Globo como um todo receberam…
Hoje, o deputado Paulo Pimenta fez uma visita ao ministério (via assessoria, por e-mail):
Foto Samuel Neto (aparentemente a conversa foi travada enquanto se assistia à GloboNews)
Deputado Pimenta propõe à Ministra Helena Chagas grupo para discutir mídia publicitária do Governo Federal
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) sugeriu à Ministra Helena Chagas, da Secom da Presidência da República, a instalação de um grupo de trabalho para discutir os critérios de investimentos de mídia publicitária do Governo Federal com a criação de uma política específica voltada à mídia alternativa e regional. Pimenta defendeu, em reunião durante a tarde desta segunda-feira (22), uma distribuição mais equânime e que acompanhe, especialmente, o crescimento da internet no País.
A ministra Helena Chagas apresentou a Pimenta o relatório dos investimentos de mídia e reforçou que o Governo vem, ao longo dos últimos anos, promovendo a descentralização dos recursos. De acordo com a ministra, o gasto publicitário é orientado pelo “critério de mídia técnica” que faz uma relação entre audiência e investimentos.
Pimenta afirmou que, em seu ponto de vista, o método utilizado é subjetivo e permite várias interpretações. O deputado disse que o Governo precisa debater a construção de uma comunicação mais democrática no País, com multiplicidade de canais informativos, e fomentar a afirmação da chamada mídia alternativa.
“Em outras áreas, o Governo criou ações específicas para assegurar a participação de todos os segmentos no mercado. Acredito que poderíamos ter essa mesma posição em relação aos investimentos de mídia publicitária, e garantir uma cobertura jornalística mais ampla”.
Ao final, o deputado reafirmou o convite à ministra para uma reunião com a bancada do PT na Câmara, e apresentação dos relatórios da Secom/PR.
*****
Abaixo, o primeiro relatório público do ministro Roberto Messias, apresentado no Observatório da Imprensa, que publicou todos os quadros (não reproduzidos aqui):
PUBLICIDADE OFICIAL
Transparência e a desconcentração na publicidade do governo federal
Por Roberto Bocorny Messias em 16/04/2013 na edição 742
Uma série de informações sobre as programações publicitárias do governo federal (administrações direta e indireta, incluídas as empresas estatais) têm sido publicadas nos últimos meses em alguns veículos de comunicação, inclusive na internet. Algumas delas, passam a falsa ideia de que ocorreram mudanças de rumo na estratégia da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República a partir de 2011. Segundo tais interpretações, os recursos estariam concentrados nas grandes emissoras de televisão e nos seus grupos por terem eles passado a receber mais nos últimos anos; que a participação em pequenos e médios veículos, como alguns sites, teriam sido restringidas; que a regionalização teria sido abandonada. Afirmações como essas, sem qualquer fundamento, podem ser confrontadas pela análise dos dados das programações de mídia realizadas, disponíveis no site www.secom.gov.br.
Cabe aqui mostrar os dados com clareza. A princípio, é necessário explicitar, quantas vezes forem necessárias, os critérios técnicos de mídia da Secom.
Se a publicidade de governo tem como objetivo primordial fazer chegar sua mensagem ao maior número possível de brasileiros e de brasileiras, a audiência de cada veículo tem que ser o balizador de negociação e de distribuição de investimentos. A programação de recursos deve ser proporcional ao tamanho e ao perfil da audiência de cada veículo.
Em 2012, por exemplo, cerca de 62% das verbas foram programadas para o meio televisão, dentro da média dos últimos seis anos. Desse total, 43% foram investidos na emissora líder, após ter caído a 41% em 2011, nível mais baixo já registrado. Este índice chegou a ser de mais de 60% em 2003. A participação nos demais canais abertos, emissoras regionais e de TV fechada subiu de 39% para 57% nos últimos nove anos [Informação gerada a partir de dados fornecidos pelo Instituto para Acompanhamento da Publicidade – IAP e de acordo com a previsão de utilização de espaços publicitários nos períodos. IAP – Instituto para Acompanhamento da Publicidade: associação civil sem fins lucrativos, mantida pelas agências de propaganda licitadas que prestam serviços a órgãos e entidades do Executivo Federal. As informações são oriundas dos pedidos de inserção encaminhados pelas agências de publicidade e não correspondem aos gastos efetivamente executados].
Isso é reflexo da mudança do perfil de audiência do país, mas também foi fruto da visão do executivo federal de promover a maior participação em diferentes canais e meios. Sempre considerando as audiências.
Na realidade, os investimentos do governo em televisão ficam abaixo da média dos percentuais praticados pelo setor privado no Brasil. Para melhor exemplificar o diferencial da atuação, basta citar que nas campanhas publicitárias de empresas privadas o peso do meio televisão nos últimos dois anos foi superior a 70%, acima dos 62% do Governo Federal. A indústria financeira chega a aplicar mais de 73% dos investimentos publicitários em televisão.
Dados do meio jornal são significativos para demonstrar a estratégia de desconcentração de recursos do executivo federal: em 2000, por exemplo, 91% dos investimentos estavam nos jornais de capitais e 9% no interior, percentuais que passaram para 80% nas capitais e 20% no interior no ano de 2011. Foi a melhor participação dos últimos 13 anos nos títulos de pequenas e médias cidades do país. Em 2012, a participação em jornais sofreu leve retração, motivada pelo período eleitoral, que restringe participações institucionais de governo. Porém se manteve acima da média dos últimos oito anos. Mesmo assim, foram programados cerca de 1.500 jornais, mais de 80% em títulos do interior. Para o meio rádio, no mesmo exercício, foram programadas cerca de 3.000 emissoras em ações do Governo Federal, cerca de 80% em emissoras do interior.
É propósito do governo ampliar a participação em novos canais e meios como a internet, seja em sites de abrangência nacional ou regional. A quantidade de veículos programados na rede mundial de computadores ainda está abaixo de meios como jornal e rádio. No entanto, o executivo federal constata a força do meio digital, tanto que a participação de valores no meio teve um crescimento de 580%, com programações em diferentes segmentos e com sites representativos de vários setores.
Em 2011, a participação dos sites menores (excluídos os cinco maiores portais em audiência no Brasil) chegou a um dos seus maiores índices históricos: 61% do total investido no meio. Em 2012, esse índice caiu para 52%, em virtude também das restrições do período eleitoral.
Critérios
A atuação descrita anteriormente resulta de estratégia que completou dez anos em 2012 e constituiu processo continuado de qualificação da gestão de mídia do governo federal. Em 2003, o Comitê de Negociação de Mídia estabeleceu critérios para unificar ganhos e rentabilidades de todos os órgãos e entidades federais junto aos veículos de comunicação que contavam com as maiores participações de audiência no país e que recebiam os maiores investimentos. Até então, cada órgão executava sua negociação individualmente, o que gerava grandes diferenças e sensíveis perdas de visibilidade para as ações.
Foi o ponto de partida para nova era de gestão na contratação de mídia, em que o governo federal passou a ser visto como um grande anunciante do país, com prática unificada e referenciada em critérios técnicos de negociação e distribuição de recursos. Foi também o pontapé inicial do processo que possibilitou a realização de duas das principais diretrizes de atuação do governo: a desconcentração e a regionalização de suas ações de comunicação.
A iniciativa gestada no início do governo Lula tornou-se linha de atuação efetiva a partir de 2009, com a consolidação de um cadastro de veículos, de abrangência nacional, com critérios técnicos bem definidos de inclusão e negociação. Em 2013, o cadastro alcançou veículos de municípios acima de 5 mil habitantes, o que ampliou a base para cerca de 9 mil veículos cadastrados. E o processo continua.
Para fazer parte do cadastro, os veículos precisam manter atualizados seus dados formais, além de comprovar sua regularidade de veiculação. No caso de jornais não auditados, por exemplo, são exigidos envios periódicos de exemplares, em datas aleatórias escolhidas pela Secom, bem como documento, certificado em cartório, atestando sua tiragem.
A cada ano, a Secom amplia seus instrumentos de controle para garantir a qualidade do cadastro. Em 2013, passará a aceitar certificações de circulação de tiragem de institutos e órgãos independentes, reconhecidos pelo mercado, além de verificar a regularidade das distribuições junto a diversas entidades nos municípios. No caso de rádio, somente são aceitos no cadastro veículos regularmente licenciados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Desconcentração
Em 2012, a programação de veículos em ações publicitárias do governo federal atingiu marca expressiva: ao longo do ano, cerca de 5 mil veicularam peças de campanhas dos diferentes órgãos. Não há registro no mercado publicitário de programações de anunciantes tão abrangentes. Este número é resultado das diversas ações realizadas pela Secom com o objetivo principal de aproximar do cidadão, em todos os cantos do país, as mensagens de utilidade pública, institucionais e de prestação de contas. A desconcentração de ações em veículos e praças, com destaque para valorização das mídias regionais, a partir de critérios técnicos de planejamento, é uma das diretrizes de atuação da Secom.
Programações abrangentes, evitando concentração em poucos veículos, são o caminho estratégico adotado para tornar essas ações mais efetivas. Por isso, a Secom recomenda a todos os órgãos e entidades federais o uso do maior número possível de veículos em suas campanhas, garantido impacto significativo das mensagens junto à população, apoiada na grande força dos veículos regionais, principalmente nos meios jornal e rádio, e também nos somatórios das audiências dos diferentes tipos e tamanhos de veículos
Os desafios não são poucos nem pequenos. Novos meios assumem participações significativas na preferência da população, como os canais digitais nas ruas e veículos de transporte público, além da grande entrada de novas faixas da população para a internet. A multiplicidade de canais de informação, cada dia mais acessíveis, se apresenta como cenário a ser acompanhado e estudado pelos profissionais de comunicação do país e por todos que desejam levar sua mensagem com eficiência aos públicos de interesse.
Ao governo, cabe estar atento a essas tendências, procurando sempre a maior qualidade na sua comunicação, aproximando sua mensagem do cidadão, contribuindo, cada vez mais, para a profissionalização e desenvolvimento dos veículos em todo o país. Tudo isso dentro de critérios claros e técnicos. E com a maior transparência.
Roberto Bocorny Messias é Secretário-Executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
PS do Viomundo: Na próxima semana a repórter Conceição Lemes terá a oportunidade de desfazer dúvidas em entrevista com a ministra Helena Chagas. Deixe sua sugestão de pergunta nos comentários.
PS2 do Viomundo: Para que vocês morram de inveja, leiam o que diz o charter da Ofcom, o órgão independente que regulamenta o rádio e a TV naquela ditadura chavista chamada Reino Unido:
Nossos principais deveres legais são garantir:
O gráfico foi postado por Fernando Rodrigues, em seu blog.
Notem que, nele, “demais emissoras” respondem por 4,40% dos gastos do governo federal em publicidade em 2012.
E que a TV fechada responde por 10,03% do total.
Ou seja, 14,43% de todas as verbas no “outros”.
Apesar da promessa de transparência da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, é importante perguntar: quais são as “demais emissoras”? Afiliadas da TV Globo, como a RBS ou a TV Verdes Mares, de Fortaleza? Se sim, não deveriam contar nas verbas da Globo?
Quanto à TV fechada, estamos falando da SporTV, da GloboNews, da GNT, do Futura, todos canais ligados às Organizações Globo?
Assim como o público migrou da TV aberta para a TV fechada nos últimos anos, é possível que as verbas federais tenham feito o mesmo, o que significa que os 43,7% da TV Globo — uma enormidade! — na verdade representem um número maior, se considerarmos todos os canais ligados às Organizações Globo.
Isso, sem falar no jornal O Globo, na rede de emissoras de rádio como a CBN, no G1, nos patrocínios da Fórmula 1 e de outros eventos esportivos.
O fato é que nos últimos dez anos a TV Globo — estamos falando na do Rio de Janeiro ou isso inclui as emissoras de propriedade dos Marinho nas praças de São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Recife? — recebeu R$ 5,86 bilhões do governo federal, ou seja, 54,7% do total. Repetimos, uma enormidade!
Não sabemos, ainda, quanto as Organizações Globo como um todo receberam…
Hoje, o deputado Paulo Pimenta fez uma visita ao ministério (via assessoria, por e-mail):
Foto Samuel Neto (aparentemente a conversa foi travada enquanto se assistia à GloboNews)
Deputado Pimenta propõe à Ministra Helena Chagas grupo para discutir mídia publicitária do Governo Federal
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) sugeriu à Ministra Helena Chagas, da Secom da Presidência da República, a instalação de um grupo de trabalho para discutir os critérios de investimentos de mídia publicitária do Governo Federal com a criação de uma política específica voltada à mídia alternativa e regional. Pimenta defendeu, em reunião durante a tarde desta segunda-feira (22), uma distribuição mais equânime e que acompanhe, especialmente, o crescimento da internet no País.
A ministra Helena Chagas apresentou a Pimenta o relatório dos investimentos de mídia e reforçou que o Governo vem, ao longo dos últimos anos, promovendo a descentralização dos recursos. De acordo com a ministra, o gasto publicitário é orientado pelo “critério de mídia técnica” que faz uma relação entre audiência e investimentos.
Pimenta afirmou que, em seu ponto de vista, o método utilizado é subjetivo e permite várias interpretações. O deputado disse que o Governo precisa debater a construção de uma comunicação mais democrática no País, com multiplicidade de canais informativos, e fomentar a afirmação da chamada mídia alternativa.
“Em outras áreas, o Governo criou ações específicas para assegurar a participação de todos os segmentos no mercado. Acredito que poderíamos ter essa mesma posição em relação aos investimentos de mídia publicitária, e garantir uma cobertura jornalística mais ampla”.
Ao final, o deputado reafirmou o convite à ministra para uma reunião com a bancada do PT na Câmara, e apresentação dos relatórios da Secom/PR.
*****
Abaixo, o primeiro relatório público do ministro Roberto Messias, apresentado no Observatório da Imprensa, que publicou todos os quadros (não reproduzidos aqui):
PUBLICIDADE OFICIAL
Transparência e a desconcentração na publicidade do governo federal
Por Roberto Bocorny Messias em 16/04/2013 na edição 742
Uma série de informações sobre as programações publicitárias do governo federal (administrações direta e indireta, incluídas as empresas estatais) têm sido publicadas nos últimos meses em alguns veículos de comunicação, inclusive na internet. Algumas delas, passam a falsa ideia de que ocorreram mudanças de rumo na estratégia da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República a partir de 2011. Segundo tais interpretações, os recursos estariam concentrados nas grandes emissoras de televisão e nos seus grupos por terem eles passado a receber mais nos últimos anos; que a participação em pequenos e médios veículos, como alguns sites, teriam sido restringidas; que a regionalização teria sido abandonada. Afirmações como essas, sem qualquer fundamento, podem ser confrontadas pela análise dos dados das programações de mídia realizadas, disponíveis no site www.secom.gov.br.
Cabe aqui mostrar os dados com clareza. A princípio, é necessário explicitar, quantas vezes forem necessárias, os critérios técnicos de mídia da Secom.
Se a publicidade de governo tem como objetivo primordial fazer chegar sua mensagem ao maior número possível de brasileiros e de brasileiras, a audiência de cada veículo tem que ser o balizador de negociação e de distribuição de investimentos. A programação de recursos deve ser proporcional ao tamanho e ao perfil da audiência de cada veículo.
Em 2012, por exemplo, cerca de 62% das verbas foram programadas para o meio televisão, dentro da média dos últimos seis anos. Desse total, 43% foram investidos na emissora líder, após ter caído a 41% em 2011, nível mais baixo já registrado. Este índice chegou a ser de mais de 60% em 2003. A participação nos demais canais abertos, emissoras regionais e de TV fechada subiu de 39% para 57% nos últimos nove anos [Informação gerada a partir de dados fornecidos pelo Instituto para Acompanhamento da Publicidade – IAP e de acordo com a previsão de utilização de espaços publicitários nos períodos. IAP – Instituto para Acompanhamento da Publicidade: associação civil sem fins lucrativos, mantida pelas agências de propaganda licitadas que prestam serviços a órgãos e entidades do Executivo Federal. As informações são oriundas dos pedidos de inserção encaminhados pelas agências de publicidade e não correspondem aos gastos efetivamente executados].
Isso é reflexo da mudança do perfil de audiência do país, mas também foi fruto da visão do executivo federal de promover a maior participação em diferentes canais e meios. Sempre considerando as audiências.
Na realidade, os investimentos do governo em televisão ficam abaixo da média dos percentuais praticados pelo setor privado no Brasil. Para melhor exemplificar o diferencial da atuação, basta citar que nas campanhas publicitárias de empresas privadas o peso do meio televisão nos últimos dois anos foi superior a 70%, acima dos 62% do Governo Federal. A indústria financeira chega a aplicar mais de 73% dos investimentos publicitários em televisão.
Dados do meio jornal são significativos para demonstrar a estratégia de desconcentração de recursos do executivo federal: em 2000, por exemplo, 91% dos investimentos estavam nos jornais de capitais e 9% no interior, percentuais que passaram para 80% nas capitais e 20% no interior no ano de 2011. Foi a melhor participação dos últimos 13 anos nos títulos de pequenas e médias cidades do país. Em 2012, a participação em jornais sofreu leve retração, motivada pelo período eleitoral, que restringe participações institucionais de governo. Porém se manteve acima da média dos últimos oito anos. Mesmo assim, foram programados cerca de 1.500 jornais, mais de 80% em títulos do interior. Para o meio rádio, no mesmo exercício, foram programadas cerca de 3.000 emissoras em ações do Governo Federal, cerca de 80% em emissoras do interior.
É propósito do governo ampliar a participação em novos canais e meios como a internet, seja em sites de abrangência nacional ou regional. A quantidade de veículos programados na rede mundial de computadores ainda está abaixo de meios como jornal e rádio. No entanto, o executivo federal constata a força do meio digital, tanto que a participação de valores no meio teve um crescimento de 580%, com programações em diferentes segmentos e com sites representativos de vários setores.
Em 2011, a participação dos sites menores (excluídos os cinco maiores portais em audiência no Brasil) chegou a um dos seus maiores índices históricos: 61% do total investido no meio. Em 2012, esse índice caiu para 52%, em virtude também das restrições do período eleitoral.
Critérios
A atuação descrita anteriormente resulta de estratégia que completou dez anos em 2012 e constituiu processo continuado de qualificação da gestão de mídia do governo federal. Em 2003, o Comitê de Negociação de Mídia estabeleceu critérios para unificar ganhos e rentabilidades de todos os órgãos e entidades federais junto aos veículos de comunicação que contavam com as maiores participações de audiência no país e que recebiam os maiores investimentos. Até então, cada órgão executava sua negociação individualmente, o que gerava grandes diferenças e sensíveis perdas de visibilidade para as ações.
Foi o ponto de partida para nova era de gestão na contratação de mídia, em que o governo federal passou a ser visto como um grande anunciante do país, com prática unificada e referenciada em critérios técnicos de negociação e distribuição de recursos. Foi também o pontapé inicial do processo que possibilitou a realização de duas das principais diretrizes de atuação do governo: a desconcentração e a regionalização de suas ações de comunicação.
A iniciativa gestada no início do governo Lula tornou-se linha de atuação efetiva a partir de 2009, com a consolidação de um cadastro de veículos, de abrangência nacional, com critérios técnicos bem definidos de inclusão e negociação. Em 2013, o cadastro alcançou veículos de municípios acima de 5 mil habitantes, o que ampliou a base para cerca de 9 mil veículos cadastrados. E o processo continua.
Para fazer parte do cadastro, os veículos precisam manter atualizados seus dados formais, além de comprovar sua regularidade de veiculação. No caso de jornais não auditados, por exemplo, são exigidos envios periódicos de exemplares, em datas aleatórias escolhidas pela Secom, bem como documento, certificado em cartório, atestando sua tiragem.
A cada ano, a Secom amplia seus instrumentos de controle para garantir a qualidade do cadastro. Em 2013, passará a aceitar certificações de circulação de tiragem de institutos e órgãos independentes, reconhecidos pelo mercado, além de verificar a regularidade das distribuições junto a diversas entidades nos municípios. No caso de rádio, somente são aceitos no cadastro veículos regularmente licenciados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Desconcentração
Em 2012, a programação de veículos em ações publicitárias do governo federal atingiu marca expressiva: ao longo do ano, cerca de 5 mil veicularam peças de campanhas dos diferentes órgãos. Não há registro no mercado publicitário de programações de anunciantes tão abrangentes. Este número é resultado das diversas ações realizadas pela Secom com o objetivo principal de aproximar do cidadão, em todos os cantos do país, as mensagens de utilidade pública, institucionais e de prestação de contas. A desconcentração de ações em veículos e praças, com destaque para valorização das mídias regionais, a partir de critérios técnicos de planejamento, é uma das diretrizes de atuação da Secom.
Programações abrangentes, evitando concentração em poucos veículos, são o caminho estratégico adotado para tornar essas ações mais efetivas. Por isso, a Secom recomenda a todos os órgãos e entidades federais o uso do maior número possível de veículos em suas campanhas, garantido impacto significativo das mensagens junto à população, apoiada na grande força dos veículos regionais, principalmente nos meios jornal e rádio, e também nos somatórios das audiências dos diferentes tipos e tamanhos de veículos
Os desafios não são poucos nem pequenos. Novos meios assumem participações significativas na preferência da população, como os canais digitais nas ruas e veículos de transporte público, além da grande entrada de novas faixas da população para a internet. A multiplicidade de canais de informação, cada dia mais acessíveis, se apresenta como cenário a ser acompanhado e estudado pelos profissionais de comunicação do país e por todos que desejam levar sua mensagem com eficiência aos públicos de interesse.
Ao governo, cabe estar atento a essas tendências, procurando sempre a maior qualidade na sua comunicação, aproximando sua mensagem do cidadão, contribuindo, cada vez mais, para a profissionalização e desenvolvimento dos veículos em todo o país. Tudo isso dentro de critérios claros e técnicos. E com a maior transparência.
Roberto Bocorny Messias é Secretário-Executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
PS do Viomundo: Na próxima semana a repórter Conceição Lemes terá a oportunidade de desfazer dúvidas em entrevista com a ministra Helena Chagas. Deixe sua sugestão de pergunta nos comentários.
PS2 do Viomundo: Para que vocês morram de inveja, leiam o que diz o charter da Ofcom, o órgão independente que regulamenta o rádio e a TV naquela ditadura chavista chamada Reino Unido:
Nossos principais deveres legais são garantir:
- que um amplo espectro de programas de rádio e TV de alta qualidade sejam fornecidos, com apelo para uma gama de gostos e interesses;
- que serviços de TV e rádio sejam fornecidos por uma gama de organizações diferentes;
- que as pessoas que assistem TV ou ouvem rádio sejam protegidas contra material danoso ou ofensivo;
- que as pessoas sejam protegidas de um tratamento injusto nos programas de TV e rádio e que não tenham sua privacidade invadida.
Quem esse governo pensa que engana?
ResponderExcluirPrimeiramente, o governo não precisa, nem de longe, investir em publicidade como o faz a iniciativa privada. Governo não faz, ou não deveria fazer, propaganda de suas qualidades nem de seus produtos.
Mais ainda: televisão usa bem público concedido, o espectro magnético. Basta que o governo, ao conceder, reserve para si um percentual de horários para veicular o que de seu interesse. De grátis.
Esse argumento de relacionar verbas a desempenho é só uma falácia justificadora de um eterno status quo, quando o governo deveria fomentar a concorrência (semos ou não semos capitalistas?) através do fortalecimento das menores empresas.
Por fim, onde,sobre que populações são perquiridos os índices de audiência? Quantos organismos verificadores disso existem? Quem atesta sua idoneidade?
Sra. ministra, por favor, ou acorde ou tire a máscara.
Sr. Bocorny, sabemos diferençar realidade de wishfull thinking.
Ajudei e eleger Lula e Dilma e estou profundamente decepcionado com sua continuada bajulação ao PIG, em todos os sentidos (econômicos-financeiros e até sociais).
Tínhamos que começar um grande abaixo assinado para que o governo pare de gastar com propagandas. Campanhas nacionais deveriam ser compulsoriamente divulgadas, afinal de contas é uma concessão publica. Petrobras financiar F1, fala serio. Esse dinheiro tem que ser revestido para Educação e não alimentar uma maquina de alienação de massas.
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