quarta-feira, 22 de maio de 2013

Venezuela nega crise e suposto golpe

Por Vanessa Silva, no sítio Vermelho:

Nesta terça-feira (21), o jornalista e apresentador do programa La Hojilla, Mario Silva, classificou como falsas as declarações atribuídas a ele, segundo as quais o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, estaria tramando um golpe contra o presidente Nicolás Maduro, e acusou a CIA e o Mossad de estarem por trás das acusações. Em seu twitter, o mandatário fez um chamado à unidade e ressaltou o compromisso com o legado de Chávez.

“Derrotemos o fascismo e seus métodos com a verdade, o trabalho revolucionário e a força da união, sigamos avançando sem vacilar”, escreveu o mandatário. Diante das reiteradas tentativas de golpe e desestabilização no país, como a recusa por parte da oposição de aceitar os resultados eleitorais de abril, o chamado à violência após as eleições e as reiteradas “denúncias” de divisão dentro do chavismo, o presidente reafirmou, também em seu microblog, sua lealdadde com os ideais bolivarianos e chavistas: "a Revolução de Bolívar e Chávez é nosso compromisso de vida, com força moral e humana. A seguir teu caminho de Pátria, Comandante Supremo…”.

No centro da polêmica, o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, também desmentiu a suposta tentativa de fragmentação e insistiu na "unidade monolítica das forças revolucionárias em torno do companheiro Nicolás Maduro, a quem damos todo o nosso apoio". E assegurou à imprensa que não há formas de a oposição conseguir dividir o chavismo.

A polêmica

As declarações, divulgadas nesta segunda-feira (20) pelo canal Globovisión e difundidas nacional e internacionalmente, falam sobre uma hipotética ruptura no interior do chavismo. Nelas, Mario Silva, em uma suposta conversa telefônica com Aramis Palácios, chefe da inteligência cubana, alerta que há rumores de que o ministro da Defesa, Diego Moleiro, prepara um plano para derrubar Maduro. Também afirma que o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello – um dos principais lideres do chavismo, ao lado de Maduro –, controla partes do aparato militar, opera um amplo esquema de corrupção e conspira contra o presidente.

Em um comunicado divulgado pela Venezuelana de Televisão (VTV), Mario Silva desmentiu a gravação que, segundo ele, foi forjada pela CIA e pelo Mossad (agência de inteligência israelense) com montagens de trechos do programa La Hojilla, transmitido há nove anos no país e do programa radiofônico Ninho do Cuco, no ar há um ano: “Sabíamos do risco que corríamos ao expor as ações da Mossad sobretudo ao desnudar diante de todos sua manipulação na web. O cerco se evidencia pelo voo feito sobre a MK45 [rádio local], voo que foi denunciado e neutralizado pelas autoridades. Dos áudios desses programas puderam retirar as palavras e expressões que usaram para montar este discurso que obedeceu ao plano sinistro que hoje observamos na Globovisión”.

O jornalista disse não temer as manobras da ultradireita. “Coloco-me à disposição para que as instituições da Justiça façam o que devem fazer e não temo os fascistas e muito menos a direita que veio substituir o que havia de mais perverso na Quarta República”. Mario Silva se afastou temporariamente de seu programa de TV para realizar um tratamento de saúde.

PCV se pronuncia

Diante do cenário de desestabilização no país, o Partido Comunista da Venezuela (PCV), divulgou uma nota na qual destaca a importância de ter claro qual é “a intenção da direita pró-imperialista com a difusão [do suposto áudio]”, cujo objetivo é “dividir, desmoralizar e desmobilizar as forças populares”.

Os comunistas venezuelanos denunciam ainda o plano da direita para “acumular condições que produzam uma crise política, para nos fazer cair em provocações e golpear o processo através de algumas individualidades que são referenciais para diversos setores do povo”, em alusão à popularidade de Mario Silva entre os diversos segmentos chavistas.

Para o partido, “é natural que, entre diferentes setores e frações das forças do processo, se manifestem as tensões próprias da luta de classes”. Por fim, o texto saúda a disponibilidade apresentada por Mario Silva às investigações e faz um chamado às instituições do Estado venezuelano para que sejam levadas até as últimas consequências as investigações sobre a autenticidade do áudio, bem como os supostos fatos narrados no mesmo.

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