Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
O furo do repórter Glenn Greenwald, que denunciou a espionagem feita pelo governo de Barack Obama sobre os cidadãos norte-americanos, me fez cair a ficha sobre qual é o futuro do jornalismo. Na verdade, a questão sobre se os veículos em papel sobreviverão ou não à imprensa online é uma questão menor. Se os jornais vão falir, o problema é dos donos deles. Para nós, jornalistas, o que de fato importa é o tipo de jornalismo que se faz, que se fará. E Greeenwald é a prova: só irão permanecer os jornalistas engajados, politizados e que têm uma opinião própria a respeito dos fatos.
Aquele jornalista “imparcial”, anódino, obediente à postura ideológica disfarçada de seu veículo, perdeu o bonde da história. Na era das redes sociais, o leitor não se interessa por gente que não se posiciona. Greenwald sempre se posicionou. Foi um crítico feroz do Patriot Act, que praticamente eliminou as liberdades individuais nos EUA após os atentados de 11 de setembro de 2001. Apoia e denunciou as condições em que se encontra preso Bradley Manning, o soldado que facilitou segredos ao Wikileaks. É homossexual assumido e militante dos direitos LGBTs. O jornal para onde escreve agora, The Guardian, sempre teve uma visão liberal e anti-establishment. Não há nada de “imparcial” nisso.
Isso é importante: ser contra o establishment – não basta ser um “fiscal” do governo. É pouco. Os novos tempos exigem de jornais e jornalistas que tenham um papel social, que atuem em favor dos cidadãos. Até porque nem sempre produzir notícias contra o governo é produzir notícias em favor da população. Vejam o exemplo do Brasil, onde a imprensa optou, nos últimos anos, por fazer oposição em vez de jornalismo. Até que ponto os jornais defendem os direitos dos brasileiros e não os seus próprios ou da pequena parcela da população que representam? Ser contra as cotas, por exemplo, é ser a favor do brasileiro?
Os jornalistas que abriram perfis nas redes sociais apenas por vaidade e que os usam para se omitir ou para compartilhar amenidades já eram. Isso não vale apenas para os progressistas ou de esquerda. Também o jornalista conservador, mais identificado com a direita, terá garantido seu lugar ao sol quando se assumir assim. É mais claro, mais honesto e mais de acordo com os tempos em que vivemos. O leitor espera daqueles que leem diariamente uma postura diante do mundo. Ele já sabe que a imparcialidade não existe, que é um conto da carochinha. Jornalistas também votam.
O próprio modelo de financiamento da atividade jornalística proposto por Greenwald, pelo Guardian e por meios alternativos, onde o leitor paga diretamente àquele que lhe fornece notícias, sem “atravessadores”, exige engajamento. Quem vai aceitar pagar por um conteúdo que não lhe diz respeito, que não lhe interessa, que não realiza seus anseios enquanto cidadão?
O jornalista do futuro, livre da camisa-de-força da pseudoimparcialidade imposta pelos patrões, poderá mostrar a que veio. Com as redes sociais, os jornalistas já não estão mais encastelados nas redações, são cidadãos acessíveis a críticas (e elogios). Isso aumenta sua influência pessoal e sua responsabilidade social. É bom. Quem não souber se adaptar a este jornalismo atuante, opinativo, engajado, mais cedo ou mais tarde terá que passar no Departamento Pessoal.
O furo do repórter Glenn Greenwald, que denunciou a espionagem feita pelo governo de Barack Obama sobre os cidadãos norte-americanos, me fez cair a ficha sobre qual é o futuro do jornalismo. Na verdade, a questão sobre se os veículos em papel sobreviverão ou não à imprensa online é uma questão menor. Se os jornais vão falir, o problema é dos donos deles. Para nós, jornalistas, o que de fato importa é o tipo de jornalismo que se faz, que se fará. E Greeenwald é a prova: só irão permanecer os jornalistas engajados, politizados e que têm uma opinião própria a respeito dos fatos.
Aquele jornalista “imparcial”, anódino, obediente à postura ideológica disfarçada de seu veículo, perdeu o bonde da história. Na era das redes sociais, o leitor não se interessa por gente que não se posiciona. Greenwald sempre se posicionou. Foi um crítico feroz do Patriot Act, que praticamente eliminou as liberdades individuais nos EUA após os atentados de 11 de setembro de 2001. Apoia e denunciou as condições em que se encontra preso Bradley Manning, o soldado que facilitou segredos ao Wikileaks. É homossexual assumido e militante dos direitos LGBTs. O jornal para onde escreve agora, The Guardian, sempre teve uma visão liberal e anti-establishment. Não há nada de “imparcial” nisso.
Isso é importante: ser contra o establishment – não basta ser um “fiscal” do governo. É pouco. Os novos tempos exigem de jornais e jornalistas que tenham um papel social, que atuem em favor dos cidadãos. Até porque nem sempre produzir notícias contra o governo é produzir notícias em favor da população. Vejam o exemplo do Brasil, onde a imprensa optou, nos últimos anos, por fazer oposição em vez de jornalismo. Até que ponto os jornais defendem os direitos dos brasileiros e não os seus próprios ou da pequena parcela da população que representam? Ser contra as cotas, por exemplo, é ser a favor do brasileiro?
Os jornalistas que abriram perfis nas redes sociais apenas por vaidade e que os usam para se omitir ou para compartilhar amenidades já eram. Isso não vale apenas para os progressistas ou de esquerda. Também o jornalista conservador, mais identificado com a direita, terá garantido seu lugar ao sol quando se assumir assim. É mais claro, mais honesto e mais de acordo com os tempos em que vivemos. O leitor espera daqueles que leem diariamente uma postura diante do mundo. Ele já sabe que a imparcialidade não existe, que é um conto da carochinha. Jornalistas também votam.
O próprio modelo de financiamento da atividade jornalística proposto por Greenwald, pelo Guardian e por meios alternativos, onde o leitor paga diretamente àquele que lhe fornece notícias, sem “atravessadores”, exige engajamento. Quem vai aceitar pagar por um conteúdo que não lhe diz respeito, que não lhe interessa, que não realiza seus anseios enquanto cidadão?
O jornalista do futuro, livre da camisa-de-força da pseudoimparcialidade imposta pelos patrões, poderá mostrar a que veio. Com as redes sociais, os jornalistas já não estão mais encastelados nas redações, são cidadãos acessíveis a críticas (e elogios). Isso aumenta sua influência pessoal e sua responsabilidade social. É bom. Quem não souber se adaptar a este jornalismo atuante, opinativo, engajado, mais cedo ou mais tarde terá que passar no Departamento Pessoal.
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