Wilson Dias/ABr |
Chegando ao final da semana em que o governo, o legislativo e o judiciário fizeram até horas extras para atender de uma vez só a todas as reivindicações do povo nas ruas - e até outras que nem estavam nos cartazes - os protestos continuam em todo o país e já estão marcadas as próximas manifestações.
Só nesta quarta-feira, dia de jogo do Brasil contra o Uruguai, tivemos 26 manifestações de protesto, dos 50 mil que saíram às ruas em Belo Horizonte e foram até o Mineirão, aos 150 que marcharam no Rio de Janeiro.
Para hoje, estão previstas outras manifestações em 18 cidades brasileiras (12 delas capitais) e o Rio já está preparando diversos protestos para domingo, dia da final do Brasil contra Espanha ou Itália.
A rápida reação das autoridades constituídas dos três poderes deu uma vitória atrás da outras aos manifestantes, da redução das tarifas das passagens de ônibus (a reivindicação inicial que deflagrou o movimento) e dos pedágios, à queda da PEC 37, passando por mais verbas para educação, mobilidade urbana e saúde, além de uma série de medidas de combate à corrupção, que terminou com o STF pedindo a imediata prisão de um deputado federal no exercício do mandato, fato inédito desde a redemocratização do país. A Câmara aprovou até o fim da votação secreta nos processos de cassação de parlamentares.
É claro que escolas, hospitais e transportes públicos não vão ficar no padrão Fifa de um dia para o outro, nem todos os corruptos sairão de circulação por decreto, nem os estádios já construídos serão demolidos e o dinheiro gasto devolvido aos cofres públicos, mas o fato é que foram tomadas providências concretas, reclamadas há muitos anos, para atender às principais demandas da população levadas às ruas durante todo o mês de junho.
Por isso me pergunto qual é agora a motivação que continua alimentando os protestos pacíficos e os atos de vandalismo sem dia para acabar? Se os objetivos imediatos já foram alcançados, o próximo passo para mudar o cenário político do país, dentro do regime democrático em que vivemos, só poderá ser dado nas eleições marcadas para outubro de 2014, ou nas urnas do plebiscito sobre a reforma política que a presidente Dilma Rousseff quer promover ainda este ano. Ou o objetivo final é ficar nas ruas até derrubar o governo, fechar o Congresso, dissolver os partidos e devolver o poder aos militares, como alguns manifestantes já estão pedindo?
Dilma pretende enviar sua proposta ao Congresso já na próxima terça-feira, mas a cada dia vejo mais difícil a aprovação da reforma política dentro do prazo legal, até dia 3 de outubro, tantos são os obstáculos colocados por parlamentares e juristas, para que possa valer já nas eleições do próximo ano. Algumas reações registradas nos jornais desta quinta-feira mostram como será difícil o caminho a ser percorrido:
"Aval para o plebiscito? Jamais! A última vez que a presidente Dilma falou em reforma política foi na sua posse, aqui no Congresso. E plebiscito é uma decisão do Congresso. Queremos falar e ser ouvidos " (Aloysio Nunes, líder do PSDB no Senado).
"A base deve incluir se quer a continuidade do presidencialismo ou parlamentarismo. Vamos ouvir o que a presidente tem a dizer" (Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara).
"Precisa quase de um livro para fazer um plebiscito" (Francisco Dornelles, do PP, que integra a base aliada).
"É impraticável um plebiscito sobre temas tão complexos"" (senador Aécio Neves, presidente do PSDB e pré-candidato ao lugar de Dilma).
"O plebiscito é menos confiável porque é menos provável que o teor da vontade popular seja totalmente acatado depois no Congresso" (jurista Ayres Brito, ex-presidente do STF).
"No plebiscito, se for uma pergunta muito específica, corre o risco de a pessoa não entender o que está sendo perguntado" (professor Gustavo Binembojm, da Faculdade de Direito da UERJ).
"A manipulação do plebiscito _ Este tipo de consulta popular é inadequado para temas complexos como uma reforma política. Só favorece o partido que tem máquina e eleitores fiéis, o PT" (editorial do jornal "O Globo").
Sem o apoio da sua base aliada (até a bancada do PT anda se queixando de Dilma em suas reuniões), atacada por líderes da oposição no parlamento e na mídia, e contestada por juristas de renome, a proposta de Dilma sobre reforma política, assim como outras medidas por ela anunciadas no pacto de cinco pontos, atravessam um calvário, sem que ninguém saia em sua defesa, a não ser um ou dois ministros do governo.
Por isso mesmo, é arriscado fazer qualquer previsão sobre o que pode acontecer nos próximos dias, semanas e nos 18 meses de mandato que Dilma ainda tem pela frente.
Só nesta quarta-feira, dia de jogo do Brasil contra o Uruguai, tivemos 26 manifestações de protesto, dos 50 mil que saíram às ruas em Belo Horizonte e foram até o Mineirão, aos 150 que marcharam no Rio de Janeiro.
Para hoje, estão previstas outras manifestações em 18 cidades brasileiras (12 delas capitais) e o Rio já está preparando diversos protestos para domingo, dia da final do Brasil contra Espanha ou Itália.
A rápida reação das autoridades constituídas dos três poderes deu uma vitória atrás da outras aos manifestantes, da redução das tarifas das passagens de ônibus (a reivindicação inicial que deflagrou o movimento) e dos pedágios, à queda da PEC 37, passando por mais verbas para educação, mobilidade urbana e saúde, além de uma série de medidas de combate à corrupção, que terminou com o STF pedindo a imediata prisão de um deputado federal no exercício do mandato, fato inédito desde a redemocratização do país. A Câmara aprovou até o fim da votação secreta nos processos de cassação de parlamentares.
É claro que escolas, hospitais e transportes públicos não vão ficar no padrão Fifa de um dia para o outro, nem todos os corruptos sairão de circulação por decreto, nem os estádios já construídos serão demolidos e o dinheiro gasto devolvido aos cofres públicos, mas o fato é que foram tomadas providências concretas, reclamadas há muitos anos, para atender às principais demandas da população levadas às ruas durante todo o mês de junho.
Por isso me pergunto qual é agora a motivação que continua alimentando os protestos pacíficos e os atos de vandalismo sem dia para acabar? Se os objetivos imediatos já foram alcançados, o próximo passo para mudar o cenário político do país, dentro do regime democrático em que vivemos, só poderá ser dado nas eleições marcadas para outubro de 2014, ou nas urnas do plebiscito sobre a reforma política que a presidente Dilma Rousseff quer promover ainda este ano. Ou o objetivo final é ficar nas ruas até derrubar o governo, fechar o Congresso, dissolver os partidos e devolver o poder aos militares, como alguns manifestantes já estão pedindo?
Dilma pretende enviar sua proposta ao Congresso já na próxima terça-feira, mas a cada dia vejo mais difícil a aprovação da reforma política dentro do prazo legal, até dia 3 de outubro, tantos são os obstáculos colocados por parlamentares e juristas, para que possa valer já nas eleições do próximo ano. Algumas reações registradas nos jornais desta quinta-feira mostram como será difícil o caminho a ser percorrido:
"Aval para o plebiscito? Jamais! A última vez que a presidente Dilma falou em reforma política foi na sua posse, aqui no Congresso. E plebiscito é uma decisão do Congresso. Queremos falar e ser ouvidos " (Aloysio Nunes, líder do PSDB no Senado).
"A base deve incluir se quer a continuidade do presidencialismo ou parlamentarismo. Vamos ouvir o que a presidente tem a dizer" (Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara).
"Precisa quase de um livro para fazer um plebiscito" (Francisco Dornelles, do PP, que integra a base aliada).
"É impraticável um plebiscito sobre temas tão complexos"" (senador Aécio Neves, presidente do PSDB e pré-candidato ao lugar de Dilma).
"O plebiscito é menos confiável porque é menos provável que o teor da vontade popular seja totalmente acatado depois no Congresso" (jurista Ayres Brito, ex-presidente do STF).
"No plebiscito, se for uma pergunta muito específica, corre o risco de a pessoa não entender o que está sendo perguntado" (professor Gustavo Binembojm, da Faculdade de Direito da UERJ).
"A manipulação do plebiscito _ Este tipo de consulta popular é inadequado para temas complexos como uma reforma política. Só favorece o partido que tem máquina e eleitores fiéis, o PT" (editorial do jornal "O Globo").
Sem o apoio da sua base aliada (até a bancada do PT anda se queixando de Dilma em suas reuniões), atacada por líderes da oposição no parlamento e na mídia, e contestada por juristas de renome, a proposta de Dilma sobre reforma política, assim como outras medidas por ela anunciadas no pacto de cinco pontos, atravessam um calvário, sem que ninguém saia em sua defesa, a não ser um ou dois ministros do governo.
Por isso mesmo, é arriscado fazer qualquer previsão sobre o que pode acontecer nos próximos dias, semanas e nos 18 meses de mandato que Dilma ainda tem pela frente.
Um plebiscito sobre a Reforma Política é um grande momento de politizar toda essa insatisfação que a juventude tem mostrado contra os políticos.
ResponderExcluirComo sou idoso, esto preparando o meu protesto. Quero Viagra grátis para todos.
ResponderExcluirKotscho: a oposição não quer o plebiscito, porque tem medo das ruas e do povo...Não estão preparados para a participação popular para a democracia direta.Uma vitória da Dilma no plebiscito significará fechar a tampa da urna das eleições de 2014..Da maneira que estão as coisas, eles ainda alimentam alguma esperança. Quanto às manifestações, não tenho dúvidas de que as mesmas se esvaziarão logo após o fim da Copa da Confederações. Os manifestante estão aproveitando da imprensa internacional, acabou a copa acabarão as manifestações...Um movimento sem liderança forte não tem fôlego para ir muito longe...
ResponderExcluirOdilon,concordo com você.Torço para
ResponderExcluirque esteja certo em seu prognóstico
e que Deus abençoe sempre o Brasil.