terça-feira, 25 de junho de 2013

Serra solta rojão no "Roda Morta"

http://www.ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Ele saiu da tumba. E apareceu onde era mais previsível, em um dos dois únicos programas de visibilidade da TV brasileira que tratam de política, no “Roda Viva” (TV Cultura) – que, pela natureza previsível do que ocorre naquele programa após ser aparelhado pelo PSDB de São Paulo, passou a ser conhecido como “Roda Morta”. O outro programa é o Canal Livre (Band).

Vale reproduzir a introdução do programa Roda Viva da última segunda-feira, que escolheu José Serra para comentar o momento político:

“O Brasil vive a maior onda de manifestações em duas décadas. Milhões de pessoas saíram às ruas para protestar. Como fica o país a partir de agora? O que a história pode nos ensinar? (…) Para falar sobre tudo isso, o Roda Viva de hoje entrevista José Serra (…)”

Que escolha, hein! Por que foi feita? Vamos em frente tentar descobrir.

Para entrevistar Serra, o mediador Mario Sergio Conti anunciou as presenças de Daniela Lima – novinha, bonitinha, bem como o pretenso “galã” tucano gosta –, da Folha de São Paulo, Felipe Patury, da revista Época, Leão Serva, autor de livros de autoajuda, Marco Antonio Villa, historiador tucano, e Marco Aurélio Nogueira, diretor da Unesp.

A escolha de Serra para comentar o momento político tem uma significação imensa, que seu semblante e discurso, durante o programa, traduzem para nós.

Antes de prosseguir, relato uma experiência pessoal: tenho conversado sobre as manifestações com muitas pessoas de todas as classes sociais e, de fato, a maioria absoluta as apoia. E quando manifesto minha posição de desconfiança sobre tudo isso, dizem-me que só sou contra porque elas são “contra Dilma”.

O sentimento generalizado é o de que o governo federal e a sua titular perdem com as manifestações porque, apesar de terem começado tratando de temas relativos a Estados e municípios, como a tal “mobilidade urbana” e o “preço das tarifas”, descambaram para temas genéricos como “menos corrupção, mais saúde e educação” etc.

Além de esses temas deixarem a reclusão das esferas estaduais e municipais, o fato de os protestos ocorrerem em nível nacional sugere que o problema é do país.

Por fim, a irrupção dos protestos, sobretudo dos violentos, desmonta a teoria que o governo e até a oposição e sua mídia abraçavam, de que haveria um sentimento de bem-estar social no Brasil. E não só para nós, mas para o mundo.

A sensação de que, ao contrário do que se dizia, há mal-estar social e de que está ocorrendo uma reviravolta na política é, portanto, um pesadelo para o governo Dilma e para o projeto dela de se reeleger. Mas não acredito que seja sua morte política. Ainda…

Eis, aí, a razão da escolha de entrevistar José Serra. Para a direita tucano-midiática, ele é o preferido. Não tem pra ninguém. Aécio era uma tentativa do PSDB de se mostrar renovado, mas com o governo “morto” – como a direita acredita que ocorrerá após tudo que as manifestações desencadearam e irão desencadear -, o nome da direita será Serra.

A imagem no alto deste texto é de charge de Paulo Caruso feita durante o programa. Ilustra bem o sentimento sobre o momento político. E mais: sugere que foi Serra quem virou o “bonde” petista, o que faz pensar por que está sendo atribuído a ele o feito de “zerar o jogo” para a sucessão presidencial. Estaria por trás das manifestações? Seria isso?

Não posso dizer que concordo com Serra que o jogo foi “zerado” para Dilma e seu adversário tucano por conta das manifestações, mas não posso negar que ele e a sua claque no Roda Viva de segunda-feira última estavam soltando rojões. De fato, a direita tucano-midiática parece estar convencida de que agora, vai.

Todavia, você, simpatizante ou militante do PSDB que concorda com a tucanada em que as manifestações vão eleger um deles – de preferência, Serra –, devo lembrar que, pelo menos até a semana passada, as manifestações eram de classe média, não apenas pelo que transpareceram a quem foi a alguma delas, mas pelas pesquisas do perfil dos manifestantes.

Ora, será que essa massa que foi às ruas representa mesmo o conjunto da sociedade ou é o esgar de uma classe social que perdeu o privilégios nas políticas públicas, como bem nota Serra na entrevista quando lembra que a grande criação de empregos no Brasil tem sido para os mais pobres?

Em minha opinião, Serra está cantando vitória antes do tempo.

Um comentário:

  1. Quando Serra e PSDB eram a favor da vinda de medicos cubanos
    junho 26th, 2013 by mariafro
    Quando José Serra e o PSDB também queriam dar o “golpe comunista” e importar “guerrilheiros cubanos” disfarçados de médicos.

    FOLHA

    São Paulo Sábado 15 de Janeiro de 2000

    Governo regula trabalho de médicos estrangeiros no país

    Por: Daniel Nahass, free-lance para a Folha

    Pela primeira vez o governo federal vai regulamentar a atuação de médicos estrangeiros no Brasil. O Ministério da Saúde elaborou um decreto que está na Casa Civil da Presidência da República e deve ser assinado nos próximos dias.
    O decreto autoriza a atuação de médicos estrangeiros onde não haja médicos brasileiros.
    Levantamento do CEM (Conselho Federal de Medicina) constatou que 59,4% dos médicos brasileiros trabalham nas capitais e apenas 39,5% atuam no interior.
    O Ministério da Saúde informou que não existem médicos em 850 dos 5.507 municípios brasileiros (veja texto abaixo e quadro ao lado).
    Poderão trabalhar no Brasil médicos de países que mantêm relação comercial com o Brasil. Segundo a Folha apurou, o objetivo do decreto é regulamentar a atividade dos médicos cubanos que estão atuando irregularmente na região Norte, principalmente no Estado do Tocantins.
    O acerto com o governo cubano teria sido feito pessoalmente pelo ministro José Serra (Saúde) quando ele esteve em Cuba em 1999.
    Dados do CFM demonstram que os médicos brasileiros se concentram nas capitais do país, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Nas regiões Norte e Nordeste há carência de médicos, principalmente no interior.
    O decreto estabelece algumas regras para contratação de estrangeiros. A prefeitura tem de provar que tentou durante um mês conseguir um profissional brasileiro para a vaga.
    Será criada uma comissão do governo federal e da sociedade civil para avaliar se o currículo do médico estrangeiro é compatível com os padrões brasileiros. A comissão visitará universidades estrangeiras para avaliá-las.
    O médico estrangeiro só poderá trabalhar até três anos no Brasil.
    Esse profissional também ficará proibido de se candidatar a cargos eletivos e não poderá fazer parte dos conselhos de medicina.
    O presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, afirmou que a entidade é contra a regulamentação do trabalho de médicos estrangeiros no Brasil.
    Segundo ele, o que falta no país é uma política que incentive os médicos brasileiros a irem trabalhar no interior. “Nunca houve uma política de interiorização no Brasil”, disse.

    em http://mariafro.com/2013/06/26/quando-serra-e-psdb-eram-a-favor-da-vinda-de-medicos-cubanos/

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