quinta-feira, 20 de junho de 2013

Transporte: Verdade e propaganda

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Confesso que só posso ficar preocupado quando ouço nossos prefeitos e governadores dizerem que o transporte vive com orçamento apertado, sem margem para cortes no preço da passagem.

E que, por esse motivo, serão obrigados, de coração partido, a cortar gastos em saúde, educação e outras áreas prioritárias.

Não quero falar de prefeitos particulares, nem de um governador específico. Mas enxergo um exercício de propaganda nesse movimento. Um esforço para dizer que, no fundo, o reajuste era uma medida boa ou pelo menos aceitável socialmente – pois impedia cortes no dinheiro das escolas e postos de saúde.

Difícil acreditar. Conforme foi amplamente anunciado durante as manifestações, as empresas de ônibus, no país, têm uma margem de lucro acima da média internacional. Divulgou-se durante os protestos que nossas empresas respondem por 10% dos custos do transporte, contra 33% em outros países. Não sei se os dados corretos são estes. Podem ser um pouco mais, quem sabe um pouco menos. Seja como for, o brasileiro gasta 5% de seu orçamento mensal com transporte, contra 2% em outros países. Os gastos com transporte público têm aumentado nos últimos anos, apesar de todo subsídio criado com medidas recentes, como o Bilhete Único. Isso porque o crescimento econômico oferece empregos e oportunidades, que tiram a pessoa de casa e aumentam a procura por transporte coletivo.

A questão real é outra. Sem fazer associações levianas nem suposições erradas, é fácil reconhecer que as empresas de ônibus são uma das grandes fontes de receita de nossas campanhas eleitorais.

É por isso que seus ganhos privados são intocáveis. As empresas recuperam, no dia a dia, aquele investimento feito no financiamento de candidatos. Além de transportar passageiros, elas precisam sustentar grandiosos esquemas de marketing, equipes de propaganda, publicitários, jornalistas, cabos eleitorais e assim por diante.

Está certo? Errado?

A questão não se resolve com falsos moralismos. Do ponto de vista político, esta situação - lamentável - sublinha a necessidade de uma reforma eleitoral para assegurar que campanhas sejam financiadas, exclusivamente, por recursos públicos.

Há outro ponto, também. Os protestos mostraram o caráter prioritário do transporte coletivo na vida social de um país que há muito tempo tornou-se uma nação urbana.

Também mostraram que a população considera que já dá uma imensa contribuição para a cidade e agora quer uma nova repartição de custos e benefícios, em que não seja a única parte a fazer sacrifícios.

Se as empresas de ônibus chegaram a seu limite – oferecendo serviços de péssima qualidade, que continuam entre os mais caros do mundo depois da revogação do último reajuste –, caberá discutir o modelo de transporte adotado pelas grandes cidades brasileiras nos últimos anos.

Cabe planejar e debater grandes mudanças no sistema de transporte, sem hipocrisia nem falsos argumentos.

Concorda?

2 comentários:

  1. Eu continuo não acreditando que naquela massa toda só existem pessoas que só querem baixar o preço da passagem do ônibus...Eu e mais milhões que estamos no Facebook transmitindo ao vivo, a cada instante, de um para o outro....TEM MUITA COISA ACONTECENDO, Pessoal!...De vez em quando venho ao blogs e sites e parece que está tudo muito bem, às mil maravilhas e que a manhã é outro no dia neste surto de repentino de cidadania ESCANDINAVA / INGLESA que acontece no Brasil...A briga é outra!!! Os pitbull da direitona com ex-coronéis milicos estão latindo e se comunicando também com os seus lá das passeatas... É PREOCUPANTE, MESMO!!! Tem MUITO MAIS r$ MILHÕES infiltradodos naqueles R$ 20 CENTAVOS...Deixa eu voltar pra lá...

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  2. Ricardo diz:
    o Povo Brasileiro está nas ruas exatamente porque o prefeito do PT, ex-ministro da Dilma, apóia, na mídia golpista, o terrorismo da PM do Alckimin contra jovens que diariamente são marginalizados por um governo neoliberal camuflado.
    A crise é de confiança.
    Afinal, de que lado esse camarada está?
    o ministro da justiça da Dilma também apareceu, na mídia golpista, oferecendo a Força Nacional contra os jovens barbarizados pela PM terrorista do PSDB, afinal de que lado está o governo Dilma?
    a Crise é de credibilidade.
    Depois aparecem, juntos, na mídia golpista, o prefeito do PT e o odiado governador do PSDB, de olhos marejados, de coração partido, brandamente, após a vitória da seleção brasileira, candidamente anunciando o recuo no aumento dos preços das passagens dos transportes coletivos, ambos fazendo ameaças veladas etc, etc... cinismo puro...demagogia...
    junte-se a isso as privatizações,
    a aliança com os ruralistas, a criação absurda de um ministério para o aliado do Alckimin, a entrega do petróleo aos estrangeiros, o aluguel da nossa soberania a FIFA, o aumento dos juros e a volta da inflação, junte-se também a isso o silêncio criminoso dos aliados de centro esquerda, da falta de uma frente vigorosa e combativa de extrema esquerda, do surgimento de uma misteriosa e oportunista rede que não explica a que veio, e o latido conservador diuturno de uma mídia miserável fascista e golpista,mais preferida pela presidenta, do que apoiar ao projeto de democratização das comunicações no Brasil, isso só poderia gerar uma crise de confiança e credibilidade do Povo Brasileiro a ponto da população sair as ruas e dizer, ela mesma,sem militância, sem partidos, sem mídia,sem pesquisas de opinião, corajosamente enfrentando o terrorismo da PM fascista em todos os estados da federação,esfregando sua autenticidade e legitimidade, na cara da Dilma e seus aliados, que não está aprovando esse neoliberalismo camuflado, esse abandono do projeto progressista para o qual ela e seus aliados foram eleitos e, que, somente a retomada da agenda progressista e o rompimento com a mídia golpista é que vai começar a acabar com essa crise de confiabilidade e credibilidade no governo federal e seus aliados estaduais e municipais. acredito que a popularidade da Dilma, talvez hoje , não chega nem a 20 centavos, digo, 20 pontos percentuais...

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